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30/07/2023 - Ramiro

Chegar em uma nova cidade, nunca era monótono para Ramiro. Ele sempre gostava da euforia e curiosidade que sua chegada trazia; e em Nova Primavera não seria diferente.

Depois de ter sido notificado pelo chefe e ser encarregado, junto a Jonathas, a irem para o nova cidade, entrou em seu carro com um sorriso presunçoso nos lábios.

A dupla era especialista em assassinos em série, como poucas no Brasil. Trabalhavam ligados diretamente à polícia federal, atuando em todo o território nacional.

Se havia um assassinato em série, ele estava .

E agora, nessa nova viagem a trabalho, chegava à pacata cidade, vizinha a cidade em que nascera.

— Eu não entendo porque já fomos designados. — disse Jonathan, no banco de carona da caminhonete, entendiado. — Foi o primeiro corpo que acharam, não é como se fossem achar outros.

— São os indícios, Jon. — disse impaciente. — Não é costumeiro encontramos marcas em assassinatos isolados, você deveria saber disso.

— É, talvez você tenha razão. Eu só queria entender o porquê começarmos daqui, e não da região em que ele foi encontrado.

— Porque a vítima é daqui. E foi onde o chefão sugeriu que começassemos.

O assunto morreu, Jonathan não quis aprofundar, primeiramente por preguiça e, em segundo, porque Ramiro era de uma patente mais alta que a sua, então ele lhe devia respeito.

Ramiro, por sua vez, ostentava um sorriso sutil, quase imperceptível. Finalmente o cacheado ao seu lado havia ficado quieto, e ele não teria que inventar mais desculpas.

Não deixaria que ele soubesse que quem entregou o caso para o patrão, havia sido ele. Que quem sugeriu que começassem por Nova Primavera, foi ele.

"Confia no meu faro" ele disse ao delegado especializado.

Faro...

Mas algo que, de fato, era inegável é que Ramiro Neves havia desvendado todos os crimes aos quais fora responsável pela investigação desde que entrou na corporação.

Formado em psicologia com ênfase em análise forense, parecia de fato entrar na cabeça daqueles criminosos, ligando rapidamente qual era o Modus Operandi* dos assassinos, muitas vezes conseguindo prever qual seria a próxima vítima.

Era, de fato, um talento.

Sabia perfeitamente como essas pessoas pensavam, como se portavam para sociedade e até mesmo em que classificação* cairiam.

Podia dizer, até mesmo, onde erraram para serem pegos. Sabia descrever como deveriam fazer para não ser.

Sabia, também, como poderiam agir para incriminar outra pessoa.

Ao chegarem à cidade, passaram brevemente pela delegacia, somente para se apresentarem ao delegado local, Marino, e apresentarem a autorização de investigação.

— O senhor conhecia a vítima? — Foi Ramiro quem perguntou, ao delegado, que agora lhes serviam café.

— Sim, sim. Hugo era um amigo de longa data, ficamos todos muito consternados com a morte dele. — disse, abaixando sua cabeça, em falsa tristeza.

— Me conte mais sobre ele e como se conheceram, por gentileza.

— Está me investigando, Ramiro? — disse o delegado rindo, tendo como resposta o semblante do preto fechado em sua direção, o fazendo pigarrear. — Hugo é um dos nossos maiores latifundiários da região.

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