Naquela sexta-feira, Jisung foi chamado à sala do Bang ao final do expediente e isso o fez passar a tarde inteira com frio na barriga. Ser intimado a comparecer na sala do seu chefe após o horário de trabalho nunca indicava coisa boa. O ômega batia o pé contra o piso do elevador repetidas vezes, totalmente amedrontado pelo motivo daquele encontro.
Ao bater na porta, o homem lhe recebeu com um grande sorriso, típico da personalidade brilhante que Chan possuía. Ele e Jisung eram bons amigos e colegas de trabalho – para a infelicidade do mais velho.
– Entra, Jisung. – Ele se afastou e deu passagem.
O rapaz loiro entrou na sala toda decorada em tons de preto e cinza e acomodou-se em uma das poltronas que ficavam de frente à mesa principal. Chan tomou seu posto na grande cadeira do lado oposto e pôs as mãos na superfície fria, observando o rosto de seu empregado com entusiasmo.
– Aconteceu algo, Channie? – O mais novo perguntou em um tom inseguro, apesar de estar forçando um sorriso.
– Aconteceu sim, Ji. – A covinha em sua bochecha se aprofundou ainda mais quando ele, sem enrolações, deu seu anúncio cheio de empolgação. – Eu vou embora!
Han arregalou os olhos e ergueu as sobrancelhas, confuso diante daquela afirmação. Embora? Como assim embora? E por que ele foi chamado para ser particularmente avisado sobre isso? Antes mesmo que pudesse dar continuidade aos pensamentos, o alfa concluiu seu raciocínio.
– Eu tô abrindo mão do meu cargo. Tô cansado, sabe? – Relaxou a postura, tombando as costas contra a cadeira. – Todo dia eu tô enfiado aqui nessa sala resolvendo um monte de coisa chata, lidando com assuntos que eu odeio, isso não é pra mim. – Os dedos de suas mãos se cruzaram antes de prosseguir. – Eu quero vazar, quero viajar, eu sou dono de uma empresa de sucesso e tenho condições pra isso.
Por mais difícil que fosse, Jisung dava o seu melhor para não esboçar nenhuma reação enquanto processava tudo o que ouvia. Jamais imaginou que Chan estivesse descontente com a vida que levava como CEO, já que todos os dias ele chegava e saía do trabalho com um grande sorriso estampado no rosto bonito.
– Seria ótimo se eu tivesse um ômega pra curtir tudo isso comigo... – O mais velho jogou a frase no ar, espiando atento a reação do outro. Não era segredo que Chan era completamente rendido por Jisung. Há meses investia nele, deixando claro que suas intenções iam muito além de uma noite. Ele queria aquele ômega para o resto de sua vida.
Jisung pegou a tentativa logo de cara, e sorriu um tanto sem graça. Talvez o maior martírio de sua vida fosse ter um alfa daquele porte – não só físico – pronto para ser seu num estalar de dedos, mas ter seu coração preso a outra pessoa. Desde os quinze anos, Jisung era totalmente apaixonado pelo mesmo alfa e, infelizmente, não conseguia desistir dele. Deveria, já que o homem nunca assumiu um sentimento sobre ele apesar de passarem tantos momentos juntos, mas os seus próprios eram burros demais.
Ele pendeu o corpo para frente e tocou as duas mãos do maior com as suas.
– Você vai encontrar esse ômega, Channie. – Usou o polegar para acariciar a pele do local. – Mas ele não sou eu.
Chan sorriu entristecido e baixou o olhar para o contato que fazia a região formigar. Respirou fundo, lutando contra todas as vozes da sua cabeça para se manter firme.
– A vaga é sua, Jisung. – Soltou antes de voltar a subir a direção dos olhos. – Parabéns! Você é o novo CEO da SKZ.
O queixo do pobre rapaz caiu na mesma hora. Com certeza era um sonho, só podia ser. Ele ia acordar a qualquer momento.
– Quê? – Tinha no rosto uma expressão puramente incrédula. – Eu? Como assim?
– A minha empresa precisa estar nas mãos de alguém competente e de confiança. E eu confiaria minha vida à sua competência. – Chan disse com firmeza, ainda que dentro de sua mente estivesse travando uma dura batalha.
Jisung desviou seu olhar para pontos aleatórios da sala, denunciando a situação caótica em que se encontrava. Se aquilo era uma brincadeira de Bang Chan, gostaria que ele brincasse para sempre.
– Chan, eu sou um ômega. Eu não posso assumir esse cargo. – Foi isso que ele ouviu a vida inteira, não só dos irmãos como também de todos os homens com quem já se relacionou. Foi para isso que foi criado.
O alfa se pôs de pé no mesmo instante e caminhou até onde o outro estava. Sem hesitar se ajoelhou perante a ele e apoiou as mãos em seus joelhos.
– Não sei quem foi o filho da puta que te disse essa merda, mas eu nunca mais quero te ouvir falar isso. – Seu olhar fuzilava as barreiras de Jisung. – Não importa a sua classificação, você é a pessoa mais capaz que eu já conheci. Não tem mais ninguém aqui dentro que eu pensaria para esse cargo além de você, Han Jisung.
Àquela altura, os pensamentos e as vozes estavam tão altos que ultrapassaram o filtro que Chan sempre tinha quando se tratava de Jisung.
– Fica comigo, Hannie. – As palavras saíam sem ele nem sentir. – Eu não quero ir embora sem ter você, nem que seja só uma vez. Por favor, fica comigo.
Foram tantas informações de uma só vez, que Jisung sequer percebeu que prendia a respiração há quase um minuto inteiro. Ao término da fala do alfa, ele suspirou tão pesado que seu corpo caiu para frente e foi prontamente segurado pelos braços rápidos do Bang. Ele ainda precisou de um longo tempo ali, inalando o aroma que tanto conhecia enquanto repetia todas as palavras que ouviu em um loop. Aquela era a decisão mais fácil e ao mesmo tempo mais difícil de sua vida.
Decidido, retomou a postura e segurou o rosto de Chan entre as mãos.
– Passe o ano novo comigo. – Jisung pediu em um tom de afirmação. – Me leve para onde quiser, e eu vou ser seu durante toda a noite.
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Streetlight (Chansung)
FanficBang Chan, um alfa decidido que não escondia seus sentimentos e intenções pôde, finalmente, realizar sua maior vontade com o ômega que amava - Han Jisung. Ele levaria aquela noite de réveillon como memória para o resto da vida, talvez a sua melhor m...