Relógio de Areia

•☽Capítulo 1 - Ampulheta☾•

Somewhere by the emerald sea
Where the moon and water meet
Somewhere close to harmony
When the world is sound asleep

 Something's gonna bring the change
Journeys we are meant to take
Something at the edge of space
Calling us to fly away

-Fly Away
- TheFatRat

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✦Arco 1: Novo Ciclo✦

Uma brisa gélida bate nas minhas costas, indicando o frio de uma noite de inicio de primavera, tateio, procurando o cobertor pra me esquentar, bato a mão em algo mais gelado que a ventania e abro os olhos assustada, me sentando em seguida. Não estou no meu quarto.

Olho para o vazio. Não tem nada nem ninguém além de mim nesse lugar, quilômetros e quilômetros de pura escuridão e silêncio. Sinto um calafrio, é tudo tão quieto que chega a ser desconfortável; dou um grito pro nada, sem esperar resposta, minha voz ecoa por alguns segundos, até desaparecer no escuro.

Olho para baixo, dando de cara com o meu próprio reflexo no chão, levo um breve susto rindo da minha reação em seguida, ajeito brevemente os fios de cabelo que estavam no rosto, então, levo lentamente a mão ao chão e toco o reflexo, ele se distorce por alguns momentos, afasto a mão, observando lentamente minha imagem voltar ao normal.

Água.

Apenas água. Pela falta de luz, é praticamente impossível definir sua profundidade, mas considerando que eu até agora não afundei, não deve passar de uma poça.

Levanto do chão, batendo as mãos no shorts do pijama que, por incrível que pareça, não estão molhados. Assim que me encontro de pé, um barulho alto começa a ecoar, olho ao redor, procurando sua origem, mas o som parece vir de todos os lados ao mesmo tempo, me lembra bastante o tic-tac de um relógio.

De repente, algo começa a emergir da água, bem na minha frente, uma plataforma circular de pedra, desgastada e coberta em musgo e pequenas plantas que procuram pela luz do sol em meio as rachaduras dos tijolos destruídos. Caminho até ela com cautela, o som de relógio fica mais alto a cada passo que me aproximo, na face há um desenho de quatro fases da lua, formando uma espécie de rosa dos ventos. A primeira lua, que representaria o norte, é a Lua nova, uma silhueta circular, pintada com uma tinta prateada desgastada. À esquerda dela, representando o leste, uma lua cheia, colorida em um vermelho vibrante, parece ser a mais conservada das quatro. À direita, outro desenho de lua cheia, representando oeste, só que em prata, como a Lua Nova, a pintura está bem desbotada. Por fim, oposto à Lua Nova, onde seria a posição do Sul, um desenho de lua crescente, encravado na pedra e também colorido em prata. No centro da plataforma há um último desenho, parece ser o maior e o mais desgastado de todos, ao contrário das luas é feito em tinta dourada desbotada e é um enorme sol, percebo que quatro dos raios maiores estão apontando cada um para uma lua.

Subo na plataforma, a fim de observar o desenho mais de perto, assim que piso bem no centro do desenho de sol o chão se ilumina, formando um circulo maior de brilho dourado ao redor de todo o desenho. Logo, o desenho de Lua Nova se ascende brilhando em prata, sinto uma ventania forte na minha direção e um clarão me cega por alguns segundos, fazendo com que eu leve a mão ao rosto.