Biblioteca.

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Megumi suspirou e entrou na biblioteca, que estava aparentemente vazia, com exceção da bibliotecária velha e quase cega que sempre fica atrás do balcão da recepção.

Fushiguro respirou fundo, tentando fazer a cara mais simpática que ele conseguia.

Afinal, ele não iria querer ser antipático com velha quase gagá, né?

- Com licença, eu queria devolver esse livro... - O moreno começou a falar, tirando um livro da bolsa e colocando no balcão, na frente da bibliotecária.

- Ah, Megumi Fushiguro! Há quanto tempo! - A senhorinha exclamou, ajeitando os óculos no rosto.

- Como assim? Eu vim aqui semana passada.

- Para pessoas velhas como eu, uma semana é muito tempo. - A mais velha sorriu. - Mas, bem, qual é o livro que você vai devolver mesmo?

Megumi suspirou e apontou para o livro que ele havia acabado de colocar no balcão.

- Esse aqui.

A senhorinha (que Fushiguro não sabia o nome, só sabia que ela era velha), sorriu, ajeitou o óculos e aproximou exageradamente o livro da própria cara, como se estivesse tentando ler o título.

Ela tem o quê? Cem graus de miopia?

- Ah, "Feitiço de Reversão, como funciona?", é um livro legal? Você conseguiu fazer algum feitiço assim? - Ela perguntou enquanto devolvia o livro para a prateleira e, logo depois, mexia em algo no computador.

- Não. É meio inútil um Feitiço de Reversão se eu não sei controlar essa parte da minha energia amaldiçoada. - O mais novo deu de ombros.

- Ah... Ok... Entendi. - A bibliotecária respondeu, assentindo, mesmo que Fushiguro tivesse dito que um dos livros que ela escreveu era inútil. - Pode ficar à vontade, viu?

Megumi só assentiu de volta e foi procurar algum livro útil, no fundo da biblioteca.

...

Fushiguro havia encontrado outro livro que ensinava como usar o Feitiço de Reversão, e, sendo a anta que é, Megumi decidiu tentar mais um desses métodos questionáveis.

O livro dizia que, se você se acalmasse totalmente e pensasse em um círculo girando, tudo daria certo em um passo de mágica.

E, obviamente, Fushiguro tentou, se sentando no chão, como se fosse fazer uma meditação, fechou os olhos e começou a pensar no tal círculo girando.

Ele estava se sentindo ridículo assim.

Se sentiu ainda mais ridículo quando escutou a porta da biblioteca abrir e fechar, e logo em seguida a velhinha bibliotecária cumprimentou alguém.

Mas que maravilha! Alguém estava entrando na biblioteca e veria ele nessa situação deplorável, parecendo que está quase implorando por aprender esse feitiço.

Ou ele só estava parecendo um idiota fazendo meditação nos fundos da biblioteca.

- Tá fazendo o quê? - Alguém perguntou, se sentando ao lado do moreno.

- Algo que não te interessa. - Megumi respondeu, simplista e ainda com os olhos fechados, não querendo conversa fiada.

Só depois de alguns segundos que Fushiguro percebeu aquela quantidade assustadoramente absurda e familiar de energia amaldiçoada.

E aquela voz... Puta merda, como ele não percebeu antes?!

Ainda dava tempo de pular pela janela?

Megumi quase imediatamente abriu um os olhos e recuou um pouco, acidentalmente batendo a cabeça em uma das estantes da biblioteca.

- Ai! Merda... - Fushiguro resmungou, alisando a parte da própria cabeça que bateu contra a estante.

- Hum... Tá tudo bem...? - Yuta perguntou, sem saber o que fazer.

- Ah, aham... Tá sim. - O mais novo respondeu, mesmo que ainda estivesse com a cabeça doendo.

Ah, porra.

- Desculpa por ter te assustado, viu? Eu só ia perguntar onde ficavam aqueles livros que ensinam libras, sabe? - O mais velho disse, recuando um pouco.

Bem, ele havia perguntado aquilo para a pessoa certa.

Afinal, Megumi passava horas naquela biblioteca. Às vezes até confundiam ele com um estagiário, ou um pequeno aprendiz.

O ponto é: Fushiguro conhecia aquela biblioteca até no escuro, então é claro que ele sabia onde ficavam livros que ensinam sobre libras.

- Sei. - Ele assentiu, recuperando a compostura e se levantando. - Vem, fica por aqui.

Mesmo com a cabeça doendo pra caralho, Megumi obviamente iria aproveitar que ganhou um tempinho com Yuta, mesmo que seja só para mostrar ao mais velho onde ficam os livros sobre linguagem de sinais.

- Ah, obrigado. - Bem, a dor valeu a pena quando Fushiguro viu Okkotsu sorrir, mesmo que minimamente, e se levantar para seguir ele.

Talvez o feiticeiro de classe especial só sorria se fosse perto de amigos ou conhecidos próximos.

Megumi não podia julgar, já que ele fazia quase a mesma coisa.

- E... Pra quê você quer aprender libras? - O moreno mais novo tentou puxar assunto enquanto guiava o mais velho até a estante. - É para poder conversar com alguém que você conhece que é surdo, ou...?

Yuta olhou brevemente para ele, e sorriu um pouco.

- Ah, não, não. - Ele balançou a cabeça. - É que eu sugeri para o Inumaki que ele usasse língua de sinais para se comunicar, ao invés de falar só ingredientes de onigiri.

- Ah, sei. - Fushiguro assentiu com a cabeça, perdendo o pequeno interesse que tinha pelo assunto. - Aqui. - Ele disse quando chegaram perto de uma das prateleiras.

- Obrigado. - Okkotsu sorriu, agradeceu com a cabeça e começou a olhar os livros, e não demorou muito para ele pegar um dos livros que ensinava sobre linguagem de sinais.

E, diferente do que Megumi faria normalmente, que seria só ir embora e voltar a fazer o que estava fazendo, dessa vez, ele continuou lá, só observando o feiticeiro de classe especial à sua frente.

Yuta pegou um dos livros, e, antes de dar as costas e ir embora, ele se virou para encarar Fushiguro, e perguntou:

- Quer uma ajudinha com o Feitiço de Reversão? - Okkotsu sorriu e indagou, inclinando levemente a cabeça para o lado. - Desculpa se eu fui meio intrometido, mas eu vi que você estava lendo um livro sobre como aprender essa técnica... Então, sabe? Se precisar de ajuda, eu posso te ensinar algumas coisas.

Forte de Verdade - Okkofushi {AU}Onde histórias criam vida. Descubra agora