Capítulo 4

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Você acordou bruscamente na manhã seguinte, quase pulando da cama e rapidamente fechando os olhos com força quando a claridade fez arder seus olhos. Você os abriu lentamente, se acostumando com a luz do sol antes de olhar ao redor.

Era o dormitório, estava um pouco vazio comparado a anteriormente, havia alguns recrutas em suas respectivas camas, cuidando dos ferimentos e trocando curativos, isso te fez lembrar do dia anterior. Você logo retirou o cobertor de seu corpo e levantou a camisa que usava, seu torço estava envolvido por bandagens e havia curativos nos seus braços.

Você logo se levantou, pegou uma muda de roupas e foi até o banheiro para se trocar, para sua sorte, estava vazio. Você rapidamente se trocou e caminhou pela base, indo para a parte externa onde havia o campo de corrida.

Enquanto caminhava, você podia escutar a conversa dos recrutas, sobre os esquadrões que conseguiram ingressar. O que te fez pensar, que não recebeu nenhuma proposta. Enquanto se alongava, podia ver as equipes reunidas, os Sargentos de cada força tarefa instruindo os recrutas.

Tô com um mal pressentimento...

"Ares." A voz conhecida do Sargento te fez se virar para encara-lo com curiosidade. "Aparentemente, você ainda não foi aceita em nenhuma força tarefa e, por algum motivo, não podemos te mandar pra casa. Então, por enquanto, apenas se ocupe limpando os galpões velhos no fundo da base." Ele disse, logo em seguida saindo sem te dar tempo para questionar.

Mesmo se quisesse, não conseguia pensar em nada para dizer naquele momento. Estava indignada, tanto esforço para acabar servindo de faxineira. Você não tinha palavras para expressar sua frustração, mas infelizmente, tudo que te restava era obedecer.

Com muita indignação, você se direcionou ao galpão velho. Ao abrir o grande portão de metal, você se deparou com um estado deplorável. O armazém estava empoeirado, repleto de caixas e coisas velhas.

No meio daquelas coisas velhas, havia uma motocicleta de modelo antigo. Você deu um passo para trás apenas para ligar as luzes e seu rosto se iluminou de surpresa, era uma Indian Scout, modelo de 2015. Você se aproximou, tocando-a, estava impressionada por ainda estar tão conservada naquele armazém imundo.

Secretamente, você era uma amante de carros, motocicleta e até armas em geral, fez faculdade de engenharia mecânica, sistemas automotivos e depois, com a aprovação de seu pai, fez formação para Armeira. Aí estava, a única coisa que você queria fazendo parte do exército, fazer parte da equipe como armeira ou mecânica.

Você suspirou pesadamente, sabendo que com seu gênero, não seria nada fácil. Você logo voltou ao trabalho, levou a motocicleta para fora e começou a empilhar as caixas, também as colocando do lado de fora.

Depois de quase duas horas colocando toda aquela tralha para fora, você começou a limpeza, varreu toda a poeira e lavou o chão com bastante água e sabão. Você parou por alguns instantes, suspirando pesadamente por causa do cansaço.

Enquanto dava uma pequena pausa, você olhou para fora e viu os recrutas treinando a distância, se sentindo insuficiente e injustiçada por nada poder treinar como todos. Você resmungou e desviou o olhar, voltando a esfregar o chão, com força para descontar a frustração.

Já era noite quando você finalmente terminou a maldita faxina naquele armazém velho, estava com as mãos trêmulas depois de tanto varrer e carregar aquelas caixas pesadas de volta para as prateleiras. Por último, você trouxe a motocicleta de volta para dentro, enquanto a limpava, pôde perceber que ela estava bem danificada, você daria tudo para poder tentar conserta-la.

Enquanto admirava a motocicleta, você escutou passos se aproximando e virou bruscamente. Eram quatro dos recrutas, incluindo dois que você tinha absoluta certeza que não queria ficar sozinha com eles de jeito nenhum.

The Ghost's recruitOnde histórias criam vida. Descubra agora