Capítulo 2 - Beatrice

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— Droga! Droga! Droga! — xinguei baixinho esfregando a toalha de papel sobre a mancha da minha blusa branca novinha. — Agora sim, eu vou me ferrar e perder a porcaria do emprego!

O perfume do grandão de terno escuro ainda estava em minhas narinas, a marca avermelhada do puxão que dera em meu pulso, também.

Filho da puta arrogante! Nem um pedido de desculpas e ainda ficou me encarando como se fosse eu a culpada! — Bufei. Custava ser educado? Gentil? Cortês? Sim, porque me levantar pelo braço não era exatamente um ato de cavalheirismo!

Fechei os olhos por um instante e tudo que conseguia ver era o rosto do filho da puta.

Bonito para cacete! Cheiroso também... E forte! Porra, eu estava longe de ser o tipo modelo de passarela e ele havia me sustentado sem que nenhum fio de cabelo desalinhasse.

— Para de ser idiota, Beatrice! — xinguei em voz alta, encarando a garota no espelho.

Fiz o melhor que pude, mas o tecido nem de longe parecia o branco sublime que fora antes de eu chegar ao hospital.

Prendi os cabelos em um coque arrumado e agradeci por ter um jaleco limpo para vestir e não precisar sair toda suja por aí.

Podia sentir meu estômago roncar, já que tinha perdido o capuccino. Meu dia não tinha sido nem um pouco fácil e eu ainda precisava encarar um senhorio irritado e um vizinho em obras; ele estava no horário permitido para fazer barulho e eu é que trabalhava de noite.

Enchi os pulmões de ar e soltei desanimada. Tinha perdido toda a minha bebida e não teria tempo de comer nada, ou chegaria atrasada para o final do meu turno.

Abri a porta e apressei o passo. Andava na corda bamba com o trabalho por causa da mania idiota de sempre tentar ajudar os outros, não queria mais dar chance ao azar. Se perdesse aquele emprego, Will ia dar um jeito de me queimar em qualquer hospital que eu quisesse trabalhar.

— Ufa! — Soltei a respiração assim que cheguei de volta ao meu setor.

— Will acabou de passar por aqui e não te viu... — Karen, meu karma em forma de pessoa, balbuciou enquanto tirava uma sujeira de debaixo da unha.

— Eu só saí para ver se pegava sinal! — reclamei. — Meu telefone não funciona direito aqui dentro e estou esperando uma ligação importante.

— Se estivesse preocupada com o emprego... — debochou.

Senti o sangue subir.

— Aí eu puxaria o saco do chefe igualzinha a você! — Ergui uma sobrancelha. — Mas sabe de uma coisa, Karen? EU-NÃO-LIGO!

Tudo mentira!

Minha conta estava zerada, o aluguel atrasado, a faculdade trancada! Até na água da samambaia eu vinha economizando. Era eu ou ela, questão de sobrevivência.

Sustentei os olhos verdes da loira bonita e sempre impecavelmente arrumada até que ela desistiu de me desafiar. Era isso, vencer pela empáfia que eu nem tinha.

Para ser sincera, tudo que eu queria era que minha vida voltasse para o eixo, quando meu pai estava vivo e eu tinha ajuda e companhia e não vivia por aí como um zumbi estressado.

Papai era um empreiteiro. Desses que se preocupam mais em entregar o sonho de alguém do que em realmente ganhar dinheiro. Ele tentava sempre ajudar, inclusive dava aulas em um cursinho livre, organizado por uma grande construtora, para formar jovens em situação frágil e ajudá-los a ter um futuro melhor. Só que, em algum momento, ele foi acusado de envolvimento com um esquema de desvio de dinheiro e, quando seu corpo foi encontrado boiando na Baía de Manhattan, nem sequer investigado direito o crime foi.

A Obsessão Secreta do BilionárioOnde histórias criam vida. Descubra agora