Capítulo 4 - Beatrice

44 8 1
                                    

*DISPONÍVEL COMPLETO NA AMAZON! Link nos comentários

Acordei mais cedo do que gostaria, ou melhor, mal dormi.

Mesmo cansada, depois da minha jornada longa de doze horas de plantão, minha cabeça ainda estava ligada no desgraçado que esbarrara em mim.

Filho da puta! Como pode andar por aí com aquela cara lavada e não sentir nem um pouco de remorso por tudo que faz?

Levantei morrendo de preguiça, mas queria seguir em frente. Já tinha recebido tantos nãos que deveria entender, embora não quisesse. Papai era um cidadão de bem, o problema é que ninguém queria saber disso.

Era meu dia de folga, então aproveitei para me preparar com calma para a reunião que teria no banco.

— Você fez teatro no colégio, Beatrice, vai conseguir! — repeti, enquanto ajeitava minha cama.

Tudo que eu podia fazer era manter o pensamento positivo, rezar e implorar muito na frente do gerente, ou acabaria despejada.

Meu salário de enfermeira não era tão pouco, mas eu havia comprometido mais do que podia no empréstimo estudantil, não queria desistir do meu sonho e gastar toda a poupança de emergência pagando advogados inúteis que não conseguiam brigar contra os Carmones.

Carcamano idiota! É por causa do sobrenome que ele anda por aí como se fosse o dono do mundo!

Tomei uma ducha rápida e separei minhas roupas mais elegantes e menos puídas para causar uma boa impressão. Não era nenhuma descamisada, nem pretendia conseguir dinheiro fazendo uso da pena alheia. A parte do implorar era só força de expressão mesmo.

Calça jeans escura, de lavagem neutra, uma blusa que parecia de seda, embora custasse bem menos do que isso, e sapatilhas baixas de couro. Penteei e deixei os cabelos soltos; vivia de coque, os pobrezinhos dos fios mereciam um pouco de paz. Completei com um casaco grosso.

Quando terminei de me vestir, parei em frente ao espelho e mirei meu rosto. Estava cansada, olheiras marcadas e o peso do mundo nas costas.

Sentei-me na banqueta da penteadeira improvisada em meu quarto. A carta de Tia Marnie ainda estava ao lado dos últimos romances que eu comprara na banca, esperando por um pouco da minha atenção. Desde a morte do meu pai, ela havia me chamado para voltar para a fazenda e morar lá, mas não era o que eu queria.

Não que não gostasse dela ou da família, mas minha vida não estava lá. Eu sabia que todo aquele turbilhão ia passar e ainda tinha muita coisa pela frente. Não queria desistir dos meus sonhos.

— É isso, garota! — falei em voz alta com a jovem mulher no espelho. — Eu te emprestaria dinheiro! — Ergui a sobrancelha, já em pé, virando de lado para conferir o visual. Depois comecei a rir.

Quem dera fosse fácil assim!

A verdade é que eu não tinha fiador, nem salário suficiente. Apenas a minha cara e coragem mesmo.

Minha idade era outro problema. Os bancos americanos pareciam não gostar muito de garotas do interior com menos de vinte e cinco e sozinhas no mundo.

Passei pela cozinha e mandei uma tigela de cereal para dentro, mesmo que já passasse da hora do almoço.

Assim que abri a porta, vi o Sr. Keller dobrando o corredor dos apartamentos e me enfiei no vão das escadas o mais rápido que pude. Não queria falar com ele, não antes de ter o maldito dinheiro e não precisar sorrir como uma tonta a cada gracinha nojenta que ele fazia.

O dia estava frio, então soprei um pouco de ar quente nas luvas de lã, antes de enfiá-las nos bolsos do casaco. O trajeto até a estação de metrô não era tão longo, mas o vento forte que chicoteava meus cabelos quase me fez desistir e usar o dinheiro que eu tinha para pegar um táxi.

A Obsessão Secreta do BilionárioOnde histórias criam vida. Descubra agora