PRÓLOGO

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Eduarda

Despertei. Estava sonhando acordada com as paisagens maravilhosas que quero fotografar e, quem sabe, iniciar minha carreira. Hoje recebi uma proposta de viajar para a Itália no lugar da minha amiga de faculdade, Rachel, que preferiu investir em uma empresa própria aqui no Brasil. Decidi encarar essa empreitada sozinha e ir em busca da minha história. Não é todo dia que temos grandes oportunidades.

Vou aproveitar para focar exclusivamente na minha vida, realizar as coisas por mim mesma e, quem sabe, encontrar alguém cheio de amor e respeito, que apoie o emprego que quero ter. Desde pequena sempre fui uma pessoa positiva, apesar das dificuldades, e penso que no final tudo dará certo. Se ainda está no processo e não encontrou seu caminho, é porque ainda existe algo a se trilhar.

Acabei encontrando meu refúgio quando comecei a capturar momentos e ninguém poderia tirar isso de mim. A fotografia sempre foi minha paixão, inspirada no trabalho do meu pai. Ele é quem apoia todos os sonhos da minha vida e me ensinou a correr atrás do que realmente importa e nos faz feliz. Gostaria muito de ter a presença da minha mãe, sinto uma imensa falta dela e de seu carinho. Mas, infelizmente, esse mês se completam 12 anos de seu falecimento.

Agora que tenho 22 anos quero fazer algo diferente, podendo correr atrás das coisas e retribuir em dobro o que meu pai fez por mim, além de poder homenagear a minha mãe e a sua vontade de conhecer a Itália e se aventurar pelas ruas de Milão, sei que ela ficaria muito orgulhosa.

Quando mamãe faleceu, minha ligação com meu pai se fortaleceu ainda mais, afinal ele precisou de muita força para criar uma filha sozinho. Grande parte dessa pré-adolescência foi no estúdio fotográfico da empresa de modelos em que meu pai trabalha. Lembro de começar a ficar encantada sobre como era possível registrar um momento e, até mesmo um sentimento, com apenas um clique.

Por vontade própria comecei a usar os equipamentos da empresa, nos horários livres, para minhas primeiras tentativas de fotos. Comecei a passar todo o tempo livre investindo em algumas técnicas que fui aprendendo ao observar o pessoal todo frenético no trabalho. A paixão deles pelo que faziam me motivaram ainda mais.

No meu aniversário de 15 anos acabei ganhando minha própria máquina fotográfica e, só então, me dei conta de como esse mundo passou a ser minha válvula de escape e motivo de orgulho para meu pai. Sei que ele enxerga a alma livre da minha mãe em mim e isso o emociona inteiramente.

Chegou a hora de efetivar minha decisão e conversar com o senhor Paulo.

– Preciso falar com o senhor, pai. – Falo alto daqui do meu quarto para chamar a atenção de meu pai que acaba de chegar em casa.

– Eduarda falando de modo sério? Você está bem, filha? – respondeu já entrando e sentando na poltrona ao lado da minha cama.

– Rachel me ligou ontem à noite e mal consegui dormir pensando na possibilidade. Pai, é incrível demais para descrever! – estou eufórica para saber a opinião dele. Começo a andar de um lado para o outro sem parar.

– Deve ser algo maravilhoso para te deixar tão animada, mas não tenho como descobrir se não me contar. – Diz de modo brincalhão, como sempre costuma ser.

– Ela recebeu uma proposta de estágio para estar fotografando alguns lugares de Milão, até o final da primavera. Tem tudo a ver com a questão de a primavera lá ser uma das estações mais lindas do ano e a empresa vai custear a maior parte da viagem, proporcionando passeios. – Falo tudo de uma vez e tudo enrolado.

– E o que isso diz respeito a você, Duda?

– Ela decidiu abrir o estúdio próprio e me indicou para a vaga dela. O que acha da ideia? É uma enorme oportunidade! – estou aflita agora com o que ele pode pensar.

Meu pai abaixa a cabeça por uns instantes e, logo em seguida, começa a balançar para cima e para baixo, de forma positiva. Isso é sinal de que posso me encher de esperança? Espero que sim!

– Sabe, filha, sempre peço a Deus que coloque coisas boas no seu caminho, desde pequena. Tenho acompanhado seu crescimento, embora não em estatura, – ele me olha de forma travessa, adora me chamar de Dudinha por conta disso – mas o modo como você não desiste dos seus sonhos e batalha todos os dias para poder ser o seu melhor. Essa oportunidade caiu do céu e sei que pode te abrir muitas portas nesse ramo, não posso descrever minha felicidade e tamanho orgulho de ver minha pequena embarcando na sua própria história. – Vejo como os olhos dele se enchem de lágrimas e me apresso para abraçá-lo.

Seu Paulo, estava muito ansiosa para saber sua reação e, com certeza, não esperava que fosse ser tão emotiva! – Agora eu quem preciso me segurar para não chorar. – Me recordo de ouvir o senhor dizendo que preciso ir em busca do que acredito ser o melhor para mim e não perder nenhum tempo pensando demais, para não acabar parando em lugar nenhum. Sou eternamente grata pelo apoio que recebi e estou recebendo nesse momento. Obrigada por acreditar em mim, papai, sinto que esse começo vai ser importante e irei descobrir muitas coisas boas. O que acha de me ajudar com o processo da viagem?

15 dias depois

Estou esperando o momento de embarque para meu voo para a Itália. Meu pai e Rachel me trouxeram ao aeroporto e não param de me abraçar como se nunca mais fossem me ver, mas sei que estão felizes por essa nova etapa que irei começar.

Me despeço, mais uma vez, e começo a me dirigir para o portão 5.

– Prometo ligar todos os dias e vou sentir muitas saudades! – sei que são apenas três meses, mas nunca fiquei mais do que quinze dias longe de casa sozinha e em um lugar que nunca estive. Confesso que estou com o coração na mão.

Última chamada para o voo 128 com destino a Milão, dirijam-se ao portão de embarque número 5.

Chegou o momento tão esperado por mim e estou pronta para me aventurar fazendo o que mais amo: fotografar!

Itália, aí vou eu!

Primavera na ItáliaOnde histórias criam vida. Descubra agora