CAPÍTULO 2

3 1 0
                                    

Vincenzo

Quase perdi meu voo, foi por pouco. Todo esse trânsito brasileiro é uma loucura, mas consegui nos últimos minutos entrar e encontrar meu lugar na classe executiva.

Não vejo a hora de voltar para casa e poder colocar em prática as novas coisas que pude aprender aqui no Rio de Janeiro e estou animado para contar para minha família como foi passar um tempo com meus parentes maternos.

Estava precisando me acalmar depois de uma correria e, enfim, o avião começou a decolar. Ao meu lado está uma mulher, aparentemente de uma idade próxima a minha, e ela está totalmente concentrada em algo.

Não sou um homem muito falante, mas por alguma razão senti vontade de falar com a tal moça ao perceber que ela estava assistindo uma das minhas séries favoritas. As palavras saíram com naturalidade e ela também respondeu, de forma agradável.

Sem querer, quando ela apertou minha mão em um cumprimento, acabei me dando ao luxo de observá-la com mais atenção e nunca havia visto uma mulher com os cabelos castanhos escuros mais lindos e olhos combinando, com tamanha intensidade que transmitiam.

Uma das comissárias nos oferece algumas guloseimas e vejo que ela se adianta para pegar um prato do que chamam de estrogonofe e um doce como sobremesa. Eu prefiro ficar somente com um doce e uma água e, de repente, senti uma vontade de cozinhar para essa moça e mostrar como é feita uma boa comida à moda italiana.

Eduarda, esse é o seu nome, tem jeito de ser uma pessoa bem curiosa e interessante. Ela me pergunta, retomando de onde paramos a conversa:

– E o que você veio fazer aqui no Brasil? – Vejo que ela se divide entre comer e me observar enquanto respondo.

– Uma parte da família da minha mãe mora aqui e aproveitei para estudar e aprender um pouco mais.

– E você veio sozinho?

– Sim, estou até acostumado em viajar sozinho, é mais tranquilo e não preciso me preocupar tanto em voltar logo para casa.

Vejo que ela assente e fica em silêncio. Acho que é minha vez de falar algo.

– E você está indo para a Itália mesmo? – Percebo que acabei chamando sua atenção.

– Sim, minha primeira viagem sozinha.

– Um ótimo lugar para passear, mas sou suspeito para falar.

– Na verdade, estou indo a trabalho, mas sem dúvidas quero aproveitar para dar uma volta e registrar tudo. – Vejo que os olhos dela ganham um brilho forte ao falar sobre o seu destino e o que pretende fazer no meu país de origem.

– É mesmo? E você trabalha com o que? – realmente me interessei pela conversa.

– Bom, acabei de terminar um curso de fotografia e recebi uma oferta de estágio no lugar de uma amiga. Foi uma tremenda sorte.

– Às vezes é o destino te mostrando aonde deve ir. – Falei e sorri. – Gosto muito de fotografias, mas não levo muito jeito. Você fotografa algo em específico?

– Geralmente, sou mais fã de registrar algumas paisagens, capturar locais mostrando a beleza que está ao nosso redor, sabe?! Estarei em Milão para poder tirar fotos de campanha da primavera mais linda que me prometeram.

Ao escutá-la começo a me lembrar de como essa estação é realmente maravilhosa, minha favorita por sinal, e começo a ter ideias de onde ir passear e quais decorações posso pedir para meu restaurante.

– A Itália é excepcionalmente linda nesta época, espero mesmo que goste e que o trabalho seja bom. – Mais uma vez sorrio e volto para terminar minha refeição.

Eduarda acaba de comer logo em seguida também e agora é hora de descansar um pouco para amenizar todo esse tempo aqui dentro do avião.

– Bom, vou tentar dormir um pouco. Boa noite!

– E eu irei voltar para a série e fingir que não sei cada passo do Bob Lee. – Ela vira o rosto para mim com uma expressão animada e ao mesmo tempo serena. – Boa noite!

Me aconchego melhor na poltrona reclinável e fecho meus olhos para tentar dormir um pouco. Foi uma conversa agradável e me senti muito à vontade ao lado dessa moça, além dela ser de fato muito bela.

Infelizmente, é apenas uma conversa passageira.

Primavera na ItáliaOnde histórias criam vida. Descubra agora