Oceano

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Duas músicas,um só amor.

Notas:
Apenas letras que não tem nada de novo mas você e eu sabemos o significado nas entrelinhas.

A linha do horizonte despencava trazendo um brilho humilde das águas,após o longo dia mostrando aos turistas mais do estilo de vida dos moradores da ilha,contando-lhes a respeito das tradições sagradas com os barcos e os direcionando a uma primeira pescada Pran finalmente chegou em casa depois da tarde de historias das crianças e se jogou e seu sofá exausto,bochechas vermelhas do sol,pela quente e salgada,temperatura corporal elevada,camisa clara agora amarelada e molhada,os pés encharcados de areia e para se estabilizar ele puxa uma respiração funda.

"Eu realmente preciso de um banho demorado"

Se fosse em outro momento Pran estaria completamente incomodado agora com toda a sujeira e desordem,sua mania de limpeza gritando dentro de si em uma briga conflituosa que ele raramente venceu mas neste momento ele se sente tão esgotado,tão sem forças,tão sem esperança que talvez só desta vez ele deixe o banho pra mais tarde e aproveite o sono que ele tem certeza que o fará se sentir melhor.Ele sabe que perde de novo a batalha e nada muda e ele teme que essa seja mais um novo vicio que vai agregar a sua vida.

"Meia hora apenas"

Quando Pran acorda do seu cochilo não programado ainda estava calor lá fora,o vento da maresia se apresentava balaçando as folhas das plantas em batidas suaves,ele ainda sentia os grãos de areias em seu corpo,sentia a respiração fraca,suave,a mente despertando as poucos enquanto os olhos focavam no mobile de estrelas no centro do teto da sala mexendo de forma irregular.Ainda vazio,ainda só.Pran se empurra do sofá em direção ao quarto em uma tentativa de evitar ficar dentro das coisas do passado,as lembranças em que ele estava preso,que ele quase nunca levava.Geralmente elas vinham mais durante a madrugada quando o escuro do seu quarto ou do convés do seu barco o cercavam de alguma maneira desenterrando sentimentos conflitantes daquela tumba fria que ele mesmo cavou fundo há um bom tempo,memórias agridoces que eram como uma cortina transparente,quase não se vê mas ainda está ali estendida e atrás do tecido está a visão do Pran de 11 anos muito confuso e ansioso sendo entregue ao tio Tong pelos os seus cuidadores,a visão de uma garantia a Pran que ele iria ficar bem enquanto ele via a mulher e homem indo embora para nunca mais voltar naquele carro preto,estava a visão de um Pran muito curioso para explorar o novo lar agora não mais tão estranho que acabou dentro de um dos barcos ancorados no porto derrubando acidentalmente seu relógio no mar,a visão de si mesmo chorando lágrimas de sal porque o relógio era a sua única lembrança e presente dos seus verdadeiros pais,a visão dele,um garoto chamado Phat que possuía a cauda de um peixe no lugar das pernas(algo que Pran não sabia ser possível)e que trouxe até ele seu bem mais precioso de volta do fundo da água.Pran era só uma criança naquela época.Ele nunca se esqueceu de Phat um dia sequer.Foi um daqueles dias.Pegando seu violão no canto da parede e sua bolsa com o caderno de músicas dentro seus dedos circulam as chaves e trancam a casa caminhando para seguir em direção ao porto.Era tarde.Ele não poderia se importar menos.

Pran sabia que haviam dias de tempestade,ele sabia que a ausência delas não era algo bom também,ninguém pode ser feliz o tempo todo e ainda assim ele costumar fugir delas o máximo possível até ser inevitável e quando a noção disso lhe atingia seu ritual era sempre o mesmo—espere a noite cair,violão e escritos em mãos,pegue o barco,persiga o lado leste da rosa dos ventos até chegar à praia,ancore o barco,suas observações também,respire fundo,ache uma posição confortável,dedilhe os acordes,deixe aquela voz bagunçar sua mente,deixe ela agitar seu coração como um mar bravo embora você prefira o mar silencioso e enquanto ele está em seus pensamentos cante para a lua sua canção,diga ao oceano que leve suas palavras até ele,diga aos ventos que soprem na direção correta porque você se sente perdido e não sabe mais para onde ir.

MERMAID AU (ANCORE-SE AO MEU AMOR)Onde histórias criam vida. Descubra agora