Acordaram juntas com um barulho de brinquedo enferrujado que se balançava para lá e para cá, parecia até uma gangorra mas ao abrir seus olhos perceberam que estavam em um carrinho de parque de diversões, como aqueles da minhoca que dá voltas e que separadamente sentam em fila.
Amy em desespero para reconhecer onde estava mal pode respirar tranquila quando notou que sua irmã não estava ao seu lado, encarou ao redor e percebeu que ela estava no banco de trás da minhoca velha. Conseguiu abrir a trava com facilidade, e correu até sua irmã para abrir para ela.
Sabrina estava tonta, apenas via sua irmã fora de si tentando tirá-la de lá. Seus olhos rolaram ao redor do brinquedo e pode perceber que estavam de frente para uma casa enorme. Ela tinha dois andares e sua estrutura era de madeira, não parecia aquelas casas assombradas de filme de terror, na real parecia uma casa limpa e bem cuidada mas com um cheiro terrível de carne podre que adentrava suas narinas.
A propriedade parecia cercada por um muro enorme que não poderia ser facilmente pulado, e nem sequer ter um portão de saída. Amy temia, pois por mais que soubesse que aquilo era estranho, não queria acreditar que havia se tornado mais uma estatística. Agradeceu por fim de que Sabrina não estava sozinha, isso era o que mais importava para ela.
Após ambas saírem da minhoca, o brinquedo começou a andar sozinho nos trilhos velhos que estavam no chão. Junto do brinquedo, o cheiro foi se esvaindo aos poucos, como se o que houvesse de mal acabara de ir embora.
— Ei! – ouviram uma voz masculina e se viraram abruptamente.
— Quem é você? – Amy se pôs à frente de sua irmã.
— Sei que parece confuso, mas estou aqui para ajudar vocês. Todos nós estamos presos. – apontou para atrás de si, e então elas notaram a movimentação de várias pessoas.
— Que lugar é esse?
— Eu sou o Jorge, e estamos onde todos do lado de fora tem curiosidade de saber.
— Isso significa que eu e minha irmã somos duas dos dez?
— Sim. E não se engane quanto a casa, nos primeiros dias ela é bonita e confortável, mas com o passar do tempo fica tão velha e tão podre quanto o carrinho de minhoca.
— Como assim nos primeiros dias? Você está me deixando mais confusa.
— Vamos entrar, está ficando escuro e ao anoitecer esse lugar fica pior.
— Como assim anoitecendo? Era meio dia agora a pouco.
— O dia não passa da mesma forma nesse lugar.
Apontou para a entrada da casa, e os demais que estavam lá fora também entraram. Amy e Sabrina continuavam juntas, de mãos dadas, para se protegerem caso algo acontecesse. Estavam tremendo de medo, não se sentiam seguras nem mesmo com aquelas pessoas tentando ajudá-las.
Após entrarem e se sentarem finalmente começaram a perceber que os rostos na sala eram conhecidos, não todos, mas alguns elas viram no jornal. Alguns pareciam que não haviam mudado nada além de terem cicatrizes em algumas áreas do corpo que não foram mostradas nas fotos.
— Jorge, quero que me explique tudo. – Amy disse autoritária, não confiava em nenhum deles ainda.
— Como vocês já sabem, todo ano dez pessoas somem. Para quem está do lado de fora, ao chegar a essa casa parece um lugar lindo. Parece que estamos em uma fazenda e nos primeiros dias se mantém assim, mas quando já se está acostumado sabe-se que se por um acaso sentir cheiro de carniça é melhor começar a rezar – se ajeitou no sofá enquanto cerca de mais sete pessoas entravam na sala. — O tempo aqui passa extremamente diferente, os dias são mais rápidos mas os anos simplesmente não passam. Eu estou aqui já faz cinquenta e dois anos, e só sei dessa afirmação pois quando as novas pessoas chegam eu às pergunto as datas. Mas agora parece que são cinquenta e três.
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Doces sonhos
Horror# EM ANDAMENTO. 💭 13 de Agosto de 1850. Essa foi a data na qual ocorreram os primeiros desaparecimentos, misteriosamente, levando dez vítimas. Desde então, o país sofre com desaparecimentos todos os anos no dia treze de agosto, a mesma quantidade d...