Introdução

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Desde mil oitocentos e cinquenta, o país sofre com a perda de dez pessoas em um único dia de forma misteriosa. Algumas voltam, traumatizadas demais para dizer onde estiveram, tentam explicar mas devido a toda loucura acabam sendo internadas em hospitais psiquiátricos. São escolhidos de forma aleatória, seja no norte, sul, leste ou oeste do país.

Amy já havia perdido sua melhor amiga na infância, ela sumiu aos sete anos de idade e nunca mais voltou. Todos os anos, no dia treze de agosto, dez pessoas desaparecem. Todos sabem disso, e por isso continuam a viver suas vidas normalmente quando algo assim acontece.

No início, evitavam sair no maldito dia, os policiais faziam buscas por toda área do país, e até mesmo já contaram com ajuda do exército e de outros países mas de nada adiantava, eles sempre desapareciam. Por fim, desistiram, quando os desaparecimentos acontecem eles sequer abrem um arquivo para os casos, e também todos saem de casa normalmente pois sabem que não há nada para se fazer.

Sabrina precisava ir à escola, como sua mãe teve uma emergência na empresa da qual trabalhava, pediu ajuda para que a irmã mais velha, Amy, a levasse pelo caminho do metrô para a escola. Ela não discordou, até preferia estar perto da irmã durante o caminho, pois em um dia como esse, queria garantir que sua irmã não fosse mais uma vítima.

Foram por todo caminho de mãos dadas, ninguém sabia como os desaparecimentos acontecem, então se ao menos estivessem coladas uma a outra, as chances de Sabrina sumir seriam quase nulas, a não ser que acontecesse fora de seu campo de vista, mas só de cogitar a ideia já se repreendeu mentalmente.

Ambas foram até a estação do metrô, estavam à espera dele enquanto se mantinham de mãos dadas. Cada mísero minuto que se passava naquele dia parecia uma tortura, sabia que no final seria como em todos os anos.

Entraram finalmente após a chegada, e se sentaram em bancos vazios que estavam lado a lado. Amy se certificou de que sua irmã estava bem e então soltou um bocejo. Em seguida, Sabrina fez o mesmo, pois eram contagiosos.

— Agora você vai me fazer ficar com sono – Sabrina riu após dizer.

Ela não precisava que sua irmã a levasse para escola, ia de carro com sua mãe todos os dias, como a emergência surgiu justamente no dia treze, faziam o possível para cuidarem uma da outra.

— Talvez eu tire um cochilo, acordei muito cedo hoje.

— Será que vai ser perigoso caso eu durma também? – perguntou coçando os olhos. — Se perdermos o ponto, ao menos você não vai voltar sozinha para casa.

— Odeio que tenham parado de deixar esse dia livre, ninguém merece ficar angustiado e com medo de sumir a cada minuto.

— Eu concordo – soltou outro bocejo. — Eu vou cochilar. Doces sonhos, Amy.

— Doces sonhos, Sabrina

Pareceu até encanto quando as duas pegaram no sono, o caminho pelo metrô era mais demorado então não se importavam de cochilar um pouco. “Doces sonhos” foi a última coisa que elas ouviram, e se aquilo era um sonho. Com certeza não era doce.

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