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- Ana pov.-

Tudo que aconteceu na festa foi, sem duvidas, muito o que digerir. Fui pouco depois de Naná me encontrar com Chiara e, novamente, na tentativa de fugir dos meus sentimentos (e também problemas), bebi whiskey até conseguir dormir. Não tinha capacidade de processar todos os ocorridos daquela noite e, menos ainda, de conseguir dormir sem beber mais nada.

Acordo com minha namorada me chamando junto de um copo de suco verde, o que eu costumo tomar quando bebo demais. Eu havia cochilado no sofá do meu apartamento, com a garrafa de bebida ainda do meu lado. Sim, não tenho muita classe perto de álcool, já é visível; Essa fuga sempre se fez uma boa opção quando precisei e, até hoje, ainda é. Sinto seu olhar me medindo, sem saber o que me falar. Resmungo um bom dia e pego o suco, na tentativa de não precisar falar nada sobre a noite anterior. Vou até o quarto e arranco minhas roupas amassadas, me preparando para tomar um banho rápido.

- Vi você na festa ontem, por alguns stories. - Ramona diz, me fitando do batente da porta.

- Sim, resolvi ir de ultima hora, não estava com sono algum e não queria ficar em casa. - respondo, fazendo pouco caso do assunto e lavando meu rosto.

- Tinham bastante conhecidos, né? - comentou, me observando com certo aborrecimento.

- Tinham sim, acabou? - cortei o assunto, me dirigindo até a porta do banheiro da suite. - Licença que vou tomar um banho.

Me tranquei dentro do cômodo, me recostando contra a porta. Não queria, de jeito nenhum, pensar na italiana, muito menos em como cheguei tão perto... Mas é claro que, agora, sozinha com meus próprios pensamentos, não conseguia pensar em outra coisa senão nisso. Eu sabia o quanto havia errado, principalmente ontem em ter tentado faze-la ceder. Por mais que meu corpo suplicasse por ela, eu precisaria resolver muita coisa antes de sequer cogitar conversarmos.

Entro no chuveiro, tendo uma lufada de alivio ao sentir a água quente bater em minhas costas. Chiara Alessandra Civello. Passei meses tentando esquecer essa mulher e, agora, estava cogitando fortemente ir atrás dela. Tinha todos os nossos problemas passados estampados em minha mente, mas também plena consciência de que ela era a minha pessoa; A pessoa para quem eu sempre voltaria apesar de tudo. E, agora, eu tinha a oportunidade de tentar consertar outra de minhas burradas. Era repentino e impulsivo? Sim. Eu podia levar um grande fora? Também, mas eu tinha toda a certeza do mundo de que ela continuava me amando. E isso era mais do que o suficiente para jogar tudo para o alto e tentar.

Após longos minutos refletindo embaixo d'água, visto uma roupa e seco meus cabelos, sentindo um grande alívio por encontrar o quarto vazio. Maquio meus olhos, tapo minhas olheiras e saio do quarto, pronta para chamar meu motorista.

- Precisamos conversar. - falo, me sentando na mesa ao lado de Ramona. Seu olhar é temeroso, provavelmente ela já sabia muito bem quem eu havia encontrado na noite anterior; Por sorte, ela não teria coragem alguma de questionar sobre. - Percebi que tô em um momento de impasse na minha vida e, sinceramente, acho melhor nós darmos um tempo. Não tem nada haver contigo, eu garanto. - falo, segurando sua mão por um momento.

Sua expressão é um pouco chateada, por mais que não pareça surpresa. Ela assente em silêncio, apertando minha mão em resposta e saindo do apartamento. Não tenho forças para dar mais explicações nem tentar assegurar nada; Sabia bem que precisava ser firme, não só com ela como com minha italiana.

Em poucos minutos eu já estava dentro do carro. Durante o trajeto, pensei muito em voltar atrás, sabendo o quanto seria difícil para mim admitir certos erros, mas sabia que, no fundo, era o certo a se fazer; e eu precisava fazer o certo, pelo menos nessa situação. Coloco Isola para tocar, lembrando da primeira vez em que vi Chiara a cantando; Me encantei com aquele mulherão cantando em italiano e tocando violão, desejando mais que tudo ser as cordas que vagueavam entre seus dedos. Seus cabelos ondulados caíam sob seus ombros descobertos e seus olhos esmeralda brilhavam de emoção ao cantar a linda melodia. Como eu havia deixado isso escapar? Eu era uma completa imbecil e havia demorado um século perceber.
Era até cômico se não fosse trágico o quanto eu havia levado pouco tempo para perceber o que passara meses em minha frente.

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⏰ Última atualização: Jul 30 ⏰

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