Capítulo 2 - A pessoa que não queria encontrar

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>>> Uriel Archeron <<<

   Enquanto eu me afogava no vinho, alguns colegas da minha mãe me encontraram e me arrastaram até o "cassino". Comecei a jogar roleta, blackjack, baccara e pôquer com eles.
   Durante a partida de pôquer, peguei Prince me encarando de longe com os braços cruzados e cara de quem comeu e não gostou.
   Ver ele estraga totalmente a minha concentração. Mas pior do que ver aquele empresário idiota, é ver o senhor Sanches vindo em direção a mesa com aquele sorriso cínico.
   Não sei por qual motivo, mas Prince entrou na frente do senhor Sanches e o levou para longe. Tenho que admitir, ele sabe como lidar com estes velhos sedentos por dinheiro e poder político.
   Depois de duas dolorosas vitórias, voltei para o salão principal para procurar por Rebeca. Eu já havia misturado vinho com licor, licor com coquetel...não estava bêbado o suficiente para me envergonhar, mas também não estava sóbrio o bastante para me aguentar em pé.
   Sentei em um cadeira de uma mesa vazia e deitei a cabeça.
   Sem saber quanto tempo já havia passado. Senti alguém dar um tapa em meu braço. Pela força exercida, já tenho ideia de quem me agrediu.
   Abro os olhos e levanto a cabeça.
   - Finalmente te encontrei, Uriel! Você tem noção do quanto eu fiquei rodando por aqui? Me senti uma barata tonta, indo de um lado para o outro tentando te achar!
   - Já entendi, Rebeca.
   Respondo com a maior voz de sono e olho para ela, mesmo com a visão um pouco embaçada, consigo ver Naomi Morgan junto dela, por alguma razão. Mesmo ela sendo loira, sempre achei esta garota parecida com o Prince, mesmo eles tendo descendências diferentes.
   Acho que Rebeca tem muito o que contar depois.
   - Vamos embora, por favor. Você já está bêbado e eu com a energia social abaixo de zero.
   - Certo. Pega meu celular aqui e liga para o meu motorista - enquanto terminava de falar, desmaio com a mão no bolso.
  
    >>> Seis Horas Depois <<<

   Acordo com o sol batendo em meu rosto e antes que minha alma voltasse para o corpo, comecei a sentir uma tremenda enxaqueca. Por causa disso, demorei quase vinte minutos tentando me situar de onde estava, que era apenas a meu quarto.
   "Como vim para casa ontem? Argh. Lembro de nada" penso, porém, pensar só piora minha dor de cabeça.
   Levantei com dificuldade, coloquei um roupão -estava apenas de cueca-, saí do quarto e desci as escadas.
   - Você acordou.
   - Bom dia, mãe...
   Puxo uma cadeira da mesa da cozinha e me sento, deito a cabeça.
   - Eu já falei que você não devia exagerar quando beber.
   - Eu sei, eu sei....mas eu vi muito a cara daqueles vermes repugnantes, fiquei estressado.
   - É melhor aprender a lidar com ver a cara do Prince, lembra que eu e o pai dele fechamos um contrato e, portanto, vocês vão ter que trabalhar juntos.
   Fico com uma cara de dor, aquelas palavras machucam até a alma.
   Minha mãe coloca meu café da manhã em minha frente. Me ajeito, mas apoio a cabeça na mão e fico misturando o café.
   - Você poderia pelo menos tentar não brigar com ele?
   - Sem chance. Não dá para manter uma conversa civilizada com aquele idiota.
   - Sério, meu filho, não sei como vocês não se dão bem. O Prince é tão meigo, educado, uma ótima pessoa, eu jurava que vocês iam ser grandes amigos, mas parecem mais com gato e cachorro.
   Meigo? Educado? Ótimo? A gente realmente conheceu a mesma pessoa?
   Prince Paratofin, 34 anos, 1,72 de altura, o pai é tailandês, é empresário das maiores estrelas do entretenimento, tem parceria com o pai e é bastante respeitado nesse meio. Porém, ele não parece valorizar o trabalho de artistas plásticos e designers de moda. Sem falar que ele vive com cara de cu e tem péssima personalidade.
   Nossos pais se conhecem desde a faculdade, mas Prince e eu fomos nos conhecer apenas na minha graduação da faculdade três anos atrás.
   Foi a primeira vez que bati em alguém.
   Fecho os olhos, respiro fundo e encaro minha mãe.
   - Eu realmente preciso trabalhar com ele? Por que preciso fazer isto se não tenho nada a ver com esse contrato?
   - Você pode ter seu ateliê, mas ainda faz parte da minha empresa, então sim, você precisa.
   Jogo a cabeça pra trás, queria gritar de raiva.
   - Se não fizer por você, então, faça por mim.
   Resmungo enquanto coloco uma fatia de pão frito na boca.
   - Não arrume briga.
   Minha mãe beija minha testa antes de pegar sua bolsa e as chaves de casa e do carro para sair.
   Passo a mão no rosto tentando pensar no que fazer.

✿۪۪۪۫۫۫⃕͜♡♧┈╼

   Saio do carro um pouco antes da empresa de Prince. Em frente tinha vários seguranças e muitos fãs, provavelmente, algum artista famoso estava saindo de sua vã.
   Passei pela portaria e não me impediram de entrar.
   Estava usando um terno vermelho com detalhes em dourado nas pontas das mangas, feito por mim.
   Na recepção, a secretária me olha.
   -O senhor tem uma reunião marcada com o alguém?
   -Sim, com Prince Paratofin.
   -Você é o senhor Uriel Archeron?
   -Isso mesmo.
   -Só esperar no 13° andar.
   Sigo para o elevador, andava exalando confiança quando na verdade estava frustrado porque não queria ver a cara de Prince tão cedo.
   "Aff! Só tem três dias que a festa aconteceu, não quero ver a cara daquele nojento" penso.
   Minutos depois, o secretário de Prince me manda entrar e entro com a cabeça erguida.
   -Olá, senhor Paratofin.
   -Oi, Uriel.
   Ele me responde seco, sem um pingo de emoção, aquilo me enche de raiva.
   -Vamos direto ao assunto, não quero perder meu tempo com você - digo.
   -Certo, já que quer assim. Você só precisa criar roupas para meus ídolos, atores, cantores, o que eles quiserem para seus eventos.
   -E o que eu ganho com isso?
   -O que você ganha? é meio óbvio.
   -Se fosse óbvio, eu não estaria perguntando.
   Prince suspira.
   -Você vai ganhar mais visibilidade e fama ao fazer as roupas de pessoas famosas.
   -E se eu me recusar?
   -Então terei que avisar sua mãe que o contrato foi cancelado e ela vai ficar uma fera com você.
    Ele gira em sua cadeira, pouco preocupado.
   Suspiro me dando por vencido, já irritado.
   -Tá bem, eu concordo com isso.

>>>>>Continua
  
                   

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