As Coroas De Vidro

Capítulo II

   Ao sentir a presença de alguém entrando em seus aposentos, logo se pôs a pensar quem estaria ali. Apenas ele possuía a chave do apartamento e seus empregados bateriam a porta caso fossem chamados. Ao se esconder, sentiu ao longe o cheiro de um perfume importado que logo reconheceu, e lhe soou familiar.

   Após alguns minutos de espera, o convidado inesperado parou em meio a sala do apartamento e se pôs a fazer uma espécie de ligação. Não conseguiu compreender o que dizia, mas aproveitando que o mesmo estava de costas, saiu de seu esconderijo e gritou apontando a arma para o mesmo:

-  QUEM RAIOS É VOCÊ E O QUE FAZ EM MEU APARTAMENTO?

O convidado não mostrou medo e apenas disse sem desligar a ligação em seu celular:

  - Para que tamanha gritaria?

Disse o mesmo se virando.

  - Apenas recebi ordens e vim lhe passar alguns recados. Sua porta estava trancada mas com as marcas de dedo ficou fácil descobrir a sua senha de acesso.

O homem reconheceu o visitante naquele instante e abaixou a arma pois já conhecia o mesmo ha tempos. Era apenas um mero pombo-correio da máfia, que operava em quase toda a Europa e para evitar rastreios, usavam de subordinados específicos para isso.

  O pombo-correio desligou a ligação e começou a dizer o que havia sido mandado.

- Londres está apavorada com sua tamanha brutalidade e a segurança foi reforçada em níveis altos. Não volte para lá até estar devidamente assegurado de poder agir sem demais dificuldades. Por enquanto não temos demais problemas, mas fique ciente de qualquer perigo ou risco para não termos que fazer outra chassina necessária. Não procure confusões e evite se envolver com outras máfias pois nossos homens estão escondidos e se mantendo anônimos até a poeira baixar, então estaremos indisponíveis temporariamente.

  O pombo-correio sai do apartamento e o homem senta em seu sofá ainda seminu e acende um cigarro antes de tomar banho e sair para resolver alguns assuntos. Outrora, trocou a senha da tranca eletrônica e a limpou antes de ir para as ruas.

  Ao pegar no volante, dirigiu para um prédio executivo no centro da cidade. Seu trabalho era cobrar um determinado serviço que não havia sido pago pelo cliente e subiu até o escritório do mesmo, onde se sentou frente a frente com o cliente e lhe disse friamente com as pernas dobradas.

  - Está ciente de que seu prazo está se encerrando em exatamente 22 horas?

  O homem o olhou debochado e respondeu reclinando sua poltrona para trás.

  - Sim, e o que mais pode me acontecer caso não haja o pagamento do serviço?

O mafioso desdobrou as pernas, apoiou seus antebraços na mesa e juntando as mãos com olhar de raiva e seriedade disse:

  - Somos uma máfia grandiosa em toda a Europa, e não meros assassinos de aluguel. Os papéis foram assinados e sua assinatura está escrita lá e em nenhum momento nós brincamos em serviço. Você pediu, nós fizemos. Qual a dificuldade em cumprir o contrato?