CAP ÚNICO

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POV : SN


Estou dentro de um Uber tentando atravessar as ruas lotadas de Paris para poder chegar ao hotel. Encosto a cabeça na janela do carro e me recordo dos momentos anteriores onde a seleção feminina de vôlei americana se classificou para a final, e eliminou a chance da nossa seleção disputar o ouro. Me sinto frustada, mesmo não sendo muito fã de vôlei (ou esportes em geral), acabei acompanhando todos os jogos das meninas e estava bem confiante de que o ouro ia ser nosso. Sou uma advogada de renome no Brasil, modéstia a parte uma das melhores, e após um mês bem estressante entre audiências e atendimento aos clientes eu decidi tirar férias em Paris e aproveitar para acompanhar os jogos das Olimpíadas. Apesar de todos os defeitos, como esgotos imundos e ratos, Paris é uma cidade encantadora e cheia de magia, porém acredito que tenha sido uma completa vergonha todos os perrengues e falta de preparamento que observamos nessas Olimpíadas, muitos atletas optaram por não ficar na vila olímpica e pagarem hotéis por conta das condições precárias que foram submetidos. Isso resultou em muitos encontros pelos corredores do hotel,  como Rebeca Andrade, Marta e uma coreana que participou das provas de tiro (inclusive tive um leve crush).

Quando finalmente chegamos noto já ser noite, agradeço ao motorista e adentro ao hotel. Passo pela recepção e chamo o elevador enquanto checo minhas redes sociais e vejo se não tem algo muito urgente do escritório. O elevador chega , eu aperto o número do meu andar e me escoro na parede cansada das emoções do dia enquanto as portas se fecham, quando de repente as mesmas se abrem e uma figura conhecida por mim adentra no mesmo. Ela estava usando uma calça e jaqueta da seleção, seus cabelos estavam presos em um coque e  usava seus óculos de grau, o que na minha opinião a deixou ainda mais linda do que já era, porém sua expressão era de tristeza e irritação. Ela se encosta na parede do elevador e fixa sua atenção nos andares passando.

SN: eu não consigo nem imaginar o que deve ta sentindo agora - ela me encara surpresa, não sei se pelo fato de eu ser brasileira ou por ta falando com a mesma - eu não entendo muito de vôlei mas estava acompanhando os jogos de vocês, apesar do resultado de hoje não ter sido o esperado, a trajetória de vocês nessas olimpíadas foi incrível e linda de acompanhar, pode ter certeza que no meu coração e no de todos os brasileiros vocês são mais do que ouro, vão ter que arranjar medalhas de platina pra vocês - vejo um pequeno sorriso brotar no seu rosto e uma lágrima escorrer, que eu logo trato de limpar - hó meu bem, não fica assim, pode ter certeza que vai sair mais caro para eles do que você imagina, já viu os memes que estão fazendo da Biles? 

Rosamaria : obrigado, de verdade, eu posso lhe dá um abraço? - pede um pouco sem jeito

SN: pode sim meu bem - a abraço e  ela esconde o pescoço no meu ombro - vocês foram incríveis, eu pulava a cada ponto, mas fica difícil também com eles fazendo pacto com o tinhoso - ela solta uma risada gostosa, que passa a ser meu som preferido

Rosamaria: como assim? - pergunta ainda rindo enquanto me solta, mas ainda fica próxima o que me faz ter pequenos surtos internos

SN: fizeram pacto sim, todos eles, não viu o colar de bode da Biles? Se ela fez o que impede dos outros fazerem também? - ela rir ainda mais e as portas do elevador se abrem em seu andar, fico triste ao pensar em ter que me despedir dela, já que com certeza eu não vou ter outra oportunidade de conversar com a mesma - então, boa sorte no jogo de sábado, e não fica mal não, como eu disse, a medalha pode ser de bronze mas nos nossos corações é platina

Rosamaria: desculpe a minha falta de educação, nem o seu nome eu perguntei

SN: SN SS, mas se preferir pode me chamar de amor da sua vida - ela rir novamente e eu fico boba olhando, real galera eu to apaixonada pela risada dessa mulher

Um amor Olímpico - Rosamaria MontibellenOnde histórias criam vida. Descubra agora