Capítulo 02 - Filosofando

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Ela adentrou no carro, ainda chocada com o sonho. Relembrando cada detalhe. Respirou fundo. Depois engatou a macha ré e saiu da garagem, foi em direção a faculdade de jornalismo. Hoje seria seu primeiro dia. Ela odiava aquilo tudo, odiava primeiros dias de aula, odiava ter que socializar. Mas seu caderno do "God of war" ia ajuda-la ter um dia tranquilo. Passou seus ensino médio todinho enfurnada em livros e cadernos, pois havia passado por vários traumas, só em conviver com pessoas. Sofria bullying calada, e se expressava por meio de poesias. Isso a mantinha com a cabeça legal e esquecia das pessoas ao redor.

Num piscar de olhos, voltou a sua realidade. Estava na pista, e pegou uma avenida, como de costume. Do nada as casas começaram a sumir, e de repente se viu em uma estrada reta, de terra, no meio do nada. Freou bruscamente. Olhou para trás.

-Mas que merda é essas?

Voltou sua visão para frete, o rádio do carro se ligou, e a mesma melodia fúnebre que tocava em seu sonho, passou a tocar. Tentou desligar o rádio, mas não funcionava o botão de "off". Um arrepio se intensificou, e ela estava prestes a gritar quando o medo tomou conta de suas ações, seu grito foi calado por um silêncio assustador. O lobo dos seus sonhos estava em frente a seu carro, sua pelagem continuava vermelho sangue, com o focinho branco. O lobo, se aproximou do carro, ficando lado a lado, próximo ao retrovisor esquerdo. O olhar se voltou para ela. Que assustada, ligou o motor do carro, e acelerou.

-Tenha cuidado! – Uma voz de mulher saia do lobo em um gutural suave, e ao mesmo tempo assustador

Ela dirigiu reto, tentando sair dali, daquele deserto, sem saber o que encontraria, num piscar de olhos, a paisagem voltou ao normal. Respirou fundo, e dirigiu até a faculdade. Estacionou, e foi em direção a sua sala "jornalismo 1ma"...Sala 1MA. Correndo pelos corredores por estar atrasada, adentrou a sala certa.

-Bom dia, licença! – Disse em tom envergonhado

-Bom dia, senhorita....? – Perguntou o professor.

-Meghan, senhor. Mas pode me chamar de que Megh.

-Escolha um lugar senhorita Meghan, estamos estudando sobre Filosofia.

Ela sentou na primeira cadeira que viu, e abriu seu caderno do "Kratos", onde na capa tinha seu horário: "Idéias Filosóficas Comteporâneas". Uma matéria que ela gostava muito.

-Alguém pode me conceituar o que Filosofia Contemporânea?

Ninguém levantou a mão, todo mundo olhava para lado, e depois para o professor.

-Vamos lá pessoal, sei que é o primeiro dia, e muitos estão acanhados. Se ninguém se pronunciar serei obrigado a escolher um.

Toda turma permaneceu em silêncio. Então o professor continuou sua aula.

-Darei um desconto a vocês. A filosofia contemporânea pode ser vista como resultado da crise do pensamento moderno no século XIX. O questionamento ao projeto moderno se faz nos termos de um ataque à centralidade atribuída à noção de subjetividade nas tentativas de fundamentação do conhecimento empreendidas pelas teorias racionalistas e empiristas. – Ele fez uma pausa. – Alguém quer acrescentar algo ou quer perguntar algo?

Olhando para a janela, Megh se deparou com a loba de novo. E gritou, levantando-se da cadeira em que estava. Todos a olharam como se fosse uma louca.

-Senhorita Meghan, achei brilhante o grito que deu para acordar seus colegas, e vejo que se levantou para acrescentar algo ou perguntar. Então diga-nos.

Meghan ficou corada, olhava para o professor e para a loba a sua janela esquerda. Respirou fundo e falou.

-A linguagem surge então como alternativa de explicação de nossa relação com a realidade enquanto relação de significação. A questão sobre a natureza da linguagem, sobre como a linguagem fala do real, torna-se um problema central na filosofia e em outras áreas do saber na passagem do século XIX para o século XX.

-Por que torna-se um problema? – Disse o professor entusiasmado.

-Porque é difícil distinguir o que é real de uma mente fantasiosa. – Respondeu um aluno lá do fundo.

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