✿︎ Chapter Two.

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ˢᵃˡᵛᵃᵗᵒʳᵉ
-ᵈᵘⁿᵇᵃʳ⁰⁹

Eli Backster.

✿︎

"He hit me and it felt like a kiss"

North Miami.
06h00am.

Eu queria pelo menos algum dia da minha vida me levantar, respirar fundo e começar o dia com um lindo sorriso no rosto. Mas parece que nunca é possível, sempre parece ser difícil. Meu corpo estava dolorido e minha cabeça parecia que a qualquer momento ia explodir, tenho poucas lembranças da noite passada e com certeza não são nada agradáveis.

" Sejam um bom garoto e não responda o papai. "

" Olha só como você me recebe bem! "

Mordi meu lábio fechando os olhos com força quando essas frases encoaram na minha mente me trazendo também um embrulho no estômago. Levantei em seguida pronto para tomar o banho mais longo da minha manhã e me preparar para o dia que tenho pela frente, cheguei no banheiro e quando notei minha aparência senti uma grande vontade e chorar. Haviam marcas de mordidas e dedos so redor do meu pescoço, meu peitoral tinha hematomas doloridos, meus lábios estavam rachados e não posso esquecer de mencionar a dor no meu couro cabeludo após tantos puxões.

Assim que liguei o chuveiro e fiquei por lá até sentir que meu corpo estava "limpo", esfreguei o sabonete pelos meus braços, coxas, pescoço e parte íntimas. Repeti esse processo várias vezes sentindo minha pele já doendo por conta da força usada para me livrar da sujeira, respirei fundo jogando água no meu rosto e não segurei um resmungo quando as gotas entraram em contato com minha boca machucada. Logo após o banho tomado eu retornei para meu quarto, vesti meu uniforme para ensaio e dei um jeito para esconder qualquer marca que estivesse visível.

— Eli? Anda garoto, seu pai já está saindo, mas antes quer que você esteja na mesa para o café! – Três batidas na porta. Minha mãe me chamou em um tom bravo e eu respirei fundo me olhando pelo espelho da minha penteadeira.

— Dá pro gasto. – Me referi aos hematomas escondidos, peguei tudo de necessário e saí do meu quarto em direção a sala onde meu pai estava.

Ele estava com seu típico uniforme para ir a delegacia, roupas pretas acompanhadas de sua bota, seu colete a prova de balas e seu distintivo. Me sentei na minha cadeira sem dizer nenhuma palavra e permaneci com as mãos acima das minhas coxas enquanto cutucava as pelinhas dos meus dedos, mantive minha cabeça baixa e o olhar fixo nos meus dedos. Odeio esse ambiente. Odeio esse silêncio. Odeio seu olhar em mim. Odeio quando ele finge ser alguém que não é. E pior, eu odeio não ter poder para denunciá-lo.

— Bom dia, querido. – Sua voz me causava ânsia e pela visão periférica eu notei um sorriso cínico no seu rosto. Continuei calado sentindo meu polegar doendo de tanto retirar a pele com as unhas. — Eu disse, Bom dia! -– Repetiu engrossando sua voz para de alfa fazendo minha mãe parar no mesmo instante e eu estremecer na cadeira.

— Responda ao seu pai, seu ômega ingrato! – Regina saiu autoritária em sua fala e eu senti um nó na garganta.

—  Bom dia. – Respondi baixo sem coragem de olhar para eles.

— Coma. – Stefan mandou apontando para a refeição posta a mesa. Engoli aquele bolo dolorido na garganta e peguei uma maçã, dei uma mordida com algumas mastigadas e engoli contra a vontade. Sem fome. Eu odeio estar diante dessa mesa.

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⏰ Última atualização: Aug 09 ⏰

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