"Você pode enganar a todos por algum tempo, e a alguns por todo o tempo, mas não pode enganar a todos por todo o tempo."
– Abraham Lincoln
Um laboratório, a priori, deveria ser um ambiente estéril, limpo e arrumado, assim se tornando exemplo de paraíso aos maníacos por organização. Todas as provetas, béqueres, tubos de ensaio ou quaisquer outras vidrarias presentes ali precisavam, se vazias, estar meticulosamente higienizadas, todos os materiais e equipamentos devidamente guardados e conservados, para que não ocorressem erros bobos, mas significativos que pudessem vir ao prejuízo, ou pior, causar algum acidente.
No entanto, para Ruby isso não era lá grande coisa no momento. As poucas lâmpadas acesas no local traziam um ar sombrio que acentuava o caos que aquela oficina científica representava. Uma pequena montanha de recipientes de vidro e plástico, muito sujos, estava amontoada dentro de algumas das dezenas de cubas que haviam ali, outras se encontravam na superfície de uma mesa repleta de papéis rabiscados de anotações com conteúdos ilegíveis e desenhos duvidosos.
Dentro desses pequenos recipientes haviam as mais diversas substâncias que um dia tiveram formas completamente diferentes. Tudo isso, obra da garota descabelada que olhava neuroticamente para um grande quadro branco com algumas informações fundamentais de um exemplar sobre a dinâmica dos fluidos que carregava desajeitadamente em mãos. É claro, ele teria mais tarde o mesmo destino que todos os outros livros que estavam presentes na bagunça do local: o chão.
Se ela folheasse o exemplar em mãos e fosse mais à frente nos conteúdos, encontraria um que se aplicava exatamente àquele momento, a entropia¹, caso o laboratório da Academia de Heróis - U.A fosse considerado um sistema, seria dado naturalmente como o de maior estado de desordem. Mais tarde, com excessivo desgosto e broncas do inspetor do local, que saiu há muito tempo para tomar um café na sala dos professores, teria de forma nada espontânea muito o que arrumar.
- Não adianta! Eu preciso-AAAH. - Antes mesmo que a garota terminasse seus devaneios psicóticos, surta. Embaraçando ainda mais os cabelos, puxando as mangas no jaleco amarrotado para baixo com os punhos cerrados, e, para completar o estado de decadência, ajoelhando-se no chão dramaticamente ao lado dos inúmeros livros jogados ali. Com a cabeça baixa, para por fim murmurar "Por que, Deus?" várias e várias vezes. - Eu só preciso aplicar isso em combate, mas como? - Pergunta a ninguém.
Ainda em murmúrios desconexos e caminhadas desengonçadas, Ruby continuava sua cena neurótica e escandalosa. Quem analisasse de fora, ativaria os alarmes e chamaria os seguranças, com certeza a garota maluca parecia mais uma vândala tentada a atos terroristas que uma simples aluna novata que buscava aprimorar seus conhecimentos acerca da sua própria individualidade em batalhas que, aliás, sobre esse último assunto já havia feito grande avanço - por mais que ela negasse.
YOU ARE READING
ATOMIC - Katsuki Bakugou
Ficção GeralÁtomo substantivo masculino 1. partícula fundamental que compõe a matéria. 2. GREGO "algo que não pode ser cortado" "indivisível" Bakugou x oc!fem