ASSINADO: DEXTER...

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Dexter voltou para a sua casa mais triste e traumatizado do que já era, enquanto observava os corredores amplos e frios uma empregada passou com passos rápidos enquanto segurava um copo de água, ela olhou para ele e arregalou os olhos com melindre.

Novamente ele se via sozinho no corredor, como se já não bastasse todos odiarem ele, agora sentiam medo. O menino queria achar a irmã que tinha sido chamada as pressas para dentro de casa. A casa era fria e grande e quieta, mas não naquele dia. Serventes e empregados andavam apressadamente para todos os lados, alguns com remédios, outros com comidas e alimentos. Saiam e entravam de uma porta grande madeira clara e brilhante:

- Senhora Eliane... - Uma empregada disse enquanto saia da grande porta de madeira - Já liguei para o médico da família, ele já está vindo.

A mulher concordou com uma cara séria mas preocupada e se virou para continuar seu caminho pelo corredor, mas parou quando viu Dexter no centro dele parado com uma cara assustada e culpada:

- Dexter... - A mãe começou puxando um leque e suspirando com uma cara odiável - Você ainda tem a ousadia de pisar nesta casa!

O menino ficou mudo, não sabia oque falar diante daquelas palavras amarguradas e expressões de desgosto para sua vida. Era muito sentimento para uma só criança, porque odiavam tanto ele? Onde estava Clara neste momento?

Antes que Eliane pudesse continuar com as palavras desgostantes, Clara abriu a porta grande com força, quando fechou-a, limpou seu vestido vermelho e se deparou com a mãe e o irmão no meio do corredor em silencio olhando-a, ela percebeu o clima tenso e tentou melhora-lo:

- Dex! - Clara disse indo até ele e abraçando-o - Está tudo bem! Vamos para seu quarto, vou te contar oque aconteceu.

Ele não diz mais nada e sai com a menina caminhando pelo corredor cinza e escuro, enquanto a mãe volta para o quarto do outro lado da porta. Enquanto caminham em direção a uma porta são interrompidos por uma voz conhecida e em um tom preocupado:

- Ei, Clara! - Ele diz enquanto a menina vira a cabeça nervosa - Aonde seu pai está?

- Ah! Doutor Eduard. - Ela diz com um tom aliviado, apontando para a porta grande de madeira -  Logo ali.

- Obrigado! - Ele agradece sorrindo e indo apressadamente ao local junto a duas malas médicas.

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- Pode falar, Dex... - Ela se abaixa para ficar do seu tamanho, chamando-o pelo apelido carinhoso desde sua infância dolorosa e triste.

- Papai se machucou muito? 

A menina sorri com pena, afinal, o menino sofria com a família mas não guardava rancor, se preocupava com todos mesmo que eles não fizessem o mesmo com ele:

- O que posso lhe afirmar, é que ele não irá morrer. - Ela sorri enquanto ele olha para o chão, triste.

- Acho que vou com eles... - Dexter sussurra, mas Clara escuta em um tom muito bom e fica com uma cara triste mas ao mesmo tempo assustada

- Porque, Dex? 

- Eu só estou cansado...

- De que? De viver ao meu lado? - Ela diz chacoalhando seus ombros em busca de uma resposta agradável, mas, recebe um fecho amargurado que estava preso no coração do menino fazia anos

- Não é isso e você sabe muito bem... - Ele se afasta suspirando com tristeza e solidão - Estou tão cansado de viver, de ter esse desprezo, de ser eu, que a minha maior vontade seria sentar no chão chorar até conseguir tirar toda essa angustia de mim...

- Você seria mais feliz, lá? - A ultima palavra da menina soou estranha, fazendo o menino responder rapidamente um "sim" com a cabeça, ainda de costas.

Clara se aproximou dele de volta com uma cara compreensiva, olhou ao fundo dos olhos dele para responder, mas foi interrompida pela irmã mais nova chamada Emily:

- Clara e Dexter... - Ela chamou ele olhando com desdém - Venham jantar!

A irmã mais velha olha para o menino com uma cara adorável fazendo ele se convencer de ir, mas seus pensamentos foram apenas um só durante todo o jantar: Ir ou não ir? 

O pai não tirava os olhos do prato com uma cara séria, tinha um braço enfaixado e um curativo no outro, sua mãe, permanecia com a cara irritada, igual a da ultima conversa, enquanto Clara e seus irmãos olhavam para o menino com julgamento ou surpresa, mas o clima mudou quando Emily abriu a boca:

- Mãe...Dexter deveria estar aqui?

- Não! - Ela responde sem tirar os olhos do prato, enquanto o pai odiava com os olhos. - Inclusive ele deveria se...

Antes de completar a frase sutil, o menino apenas se levantou deixando a família toda surpresa, andou até a porta e parou virando-se e olhando pela ultima vez para a família, afinal, depois de tudo isso, ele iria escrever seu futuro, só que de uma forma diferente.  

Caminhando pelos corredores amplos, iluminados e frios ele começou a apressar os passos até chegar a um ponto em que estaria correndo, seus olhos fechavam e se abriam cada vez mais lentos até serem dominados pelas lágrimas, aquela foi a ultima vez em que viu sua irmã, na mesa de jantar mais fria e silenciosa de todas, aquele dia seria o ultimo de todos os abraços e demonstrações de afeto em que qualquer um teria lhe dado o contrario: ódio, solidão, raiva e angustia.

O menino chegou a porta do quarto e abriu-a com força, todas as folhas, papeis e fotos dele mesmo voaram com a brutalidade do vento, ele quase não enxergava nada, de tantas lágrimas sobre os olhos, correndo, pegou apenas um papel e começou escrevendo rapidamente, seus dedos ágeis e seus pensamentos inquietantes gritavam em sua mente, mas ele precisava ir.

- Dexter! Está tudo bem? - Uma voz doce e bondosa chamava-o do lado de fora.

Ela abriu a porta com tudo e encontrou folhas e fotos espalhadas no chão, a janela se encontrava aberta e uma brisa forte e fria cobria o quarto, ela se aproximou da cama com os olhos arregalados e quase cheios d'água. Ali, um papel em branco um pouco sujo e húmido das lágrimas  de Dexter enquanto escrevia:

                " Você foi a única que me ajudou e acolheu mesmo sobre a minha amargura, não chore, eu decidi ir! Mas se ame, por mim."    Dexter Schneider, mesmo querendo não ser.

TUDO OU NADAOnde histórias criam vida. Descubra agora