LÁGRIMAS DE ÓDIO

28 5 25
                                    

 Dexter, o menino excluído da família e dos amigos, caminhava pelo casarão da sua família, os Schneider. Eles sempre o trataram com indiferença e frieza era como se fosse um legados de sua geração, isso sempre o deixou muito chateado, ainda quando criança, ele não se importava muito, mas quando cresceu, este sentimento de culpa e de falta de pertencimento foi aumentando junto com sua vida...

No aniversario de 9 anos de Dexter Schneider, caminhava pela mansão em que morava, procurando pela família, especificamente pela sua irmã, enquanto andava sobre o piso escuro e frio, observava os quadros pendurados nas paredes, de sua família, na maioria, ele estava ausente.

O garoto vestia um pijama verde claro com listras brancas , seus cabelos estavam bagunçados e seus pés estavam descalços, ele continuava caminhando pelo corredor longo e comprido, quando finalmente chegou a uma porta alta de madeira, observando pela abertura da porta,  seus pais estavam ali, ele ficou escutando a conversa, na espera em que falassem sobre seu aniversario, mas acabou escutando outra coisa:

- Você sabe que isso é perigoso e errado, Thomas! - A voz de uma mulher soou irritada e preocupada

- Eu sei, mas se não fazermos isso, o Dexter vai transformar esta casa em uma guerra, é você quer isso, Eliane!?

- Não... - Ela respondeu com um suspiro indeciso. - Mas não acho que a solução seja essa...podemos coloca-lo em um colégio interno!

- Não sei se isso resolveria a situação... - Parecia preocupado

Dexter tirou o rosto de perto da porta, sua expressão estava assustada, ele se voltou para o corredor longo e frio, seus passos, agora mais lentos, o coração ainda estava acelerado, quando chegou ao quarto, se deixou cair na cama, com ódio respondia para si mesmo:

- Porque tenho de ser tão odiado, o que eu fiz de errado!? - Algumas lágrimas caiam de seu rosto

- Eu acho que nada... - Uma voz suave surgiu a suas costas - são eles que implicam...

Era uma jovem que aparentava ter uns 15 anos, seus olhos eram verdes, usava um vestido branco longo, tinha os cabelos ruivos presos a um coque, encostada na parede com os braços cruzados e um sorriso doce no rosto, se aproximou, seu nome era Clara, a irmã mais velha da casa, a única que se importava.

Dexter se voltou surpreso para a garota, sentando-se na cama, ele olhou para ela ainda com os olhos tristes e cansados, e respondeu:

- Porque... ninguém gosta de mim? - Ele se volta para o chão, terminando - Será que nunca vou ser feliz?

A jovem, com tristeza, se aproximou do garoto, ela se abaixou, tentando alcançar seu tamanho, depois, com uma voz doce respondeu com cautela:

- E eu sou "ninguém" para você? Quando pensar em desistir, lembre-se dos motivos que fizeram você aguentar até agora!- ela dá um pequeno sorriso para ele - agora vá brincar lá fora...vou fazer alguma coisa para você comer.

Ele se levanta da cama, com sua expressão de sempre, séria, caminha para fora do quarto enquanto sua irmã ia à cozinha. Seu rosto ainda estava triste, andando lentamente pelo corredor observando os quadros da parede, acabou vendo uma coisa diferente, em uma prateleira, havia um objeto diferente guardado, curioso, tentou pegar mas não alcançou, com as pontas dos pés, esforçou-se para ficar o mais alto possível.

Alcançando a prateleira, pegou aquele objeto diferente, em que nunca havia visto antes, observou com um pouco mais de atenção, aquele material era escuro com uns detalhes de galhos, já estava bem gasto, tinha um gatilho preso abaixo.

- Dex!? - Sua irmã chegou de repente chamando-o pelo apelido que só ela usava e parou por uns segundos - Oque você esta fazendo, Dex? 

O garoto olhou desnorteado para a menina e depois para o objeto, assustado, levou as mãos para sua frente, querendo devolver, mas apenas recebeu um sorriso pequeno acompanhado de um leve suspiro. 

- Dex, isto anda não é para sua idade, ainda - ela da uma piscadela - posso te ensinar a usar amanhã - ela pega o objeto de suas mãos e encara com um pequeno sorriso- mas não ontem pra ninem tudo bem?

                                                                          Dois Anos Depois 

 Dexter sempre pensava em ter uma vida diferente, em que poderia se sentir pertencente em algum lugar... Mas aquilo mudou, naquela tarde... Enquanto andava pela casa, virou-se em uma porta muito rapidamente e acabou esbarrando em seu pai, que se irritou:

- Garoto estupido! - O homem falou com desdém - Se não fosse por sua irmã, já estaria bem longe de nossas vidas!

- Se você tivesse um pouco mais de empatia, talvez você perceberia que por trás de alguns sorrisos, vários gritam por socorro! 

- Isso já não seria um problema meu! Você não serve para nada nesta casa, poderia desaparecer de nossas vidas, que ninguém sentiria falta - Respondeu com frieza, dando as costas

Dexter se deixando levar pelo raiva e exclusão que lhe davam, puxou uma arma de seu bolso e saiu para fora de casa com ódio, começou a puxar o gatilho para todos os lados em que apontava acertando tudo mirando perfeitamente em seus alvos, dava para se escutar gritos e berros de todos os lados e por conta disso, um grupo de ladrões parou para entender a confusão.

As mãos de Dexter eram ágeis coordenando aquela arma, mesmo para um garoto de 12 anos, seus pensamentos estavam quase explodindo, o menino disparava todos os sentimentos que já tivera guardado por todos aqueles anos, pela peça. Acertava tudo o que mirava, nunca esteve assim antes.

Aquele barulho todo chamou a atenção de vários vizinhos e principalmente dos Schneider, que quando foram ver o que acontecia, perceberam quem e oque a ocorria. O menino se voltou para a família, com lágrimas de ódio no rosto, mirou-os, mas conseguiram se abaixar e desviar da bala enquanto corriam para dentro.

Dexter se voltou para trás e viu apenas um grupo de pessoas um pouco feridas abaixadas e apenas um homem de pé observando a cena, impressionado, o menino jogou o objeto no chão enquanto fechava os olhos com força, deixando as lágrimas tomarem conta de seu rosto e de sua alma.

O homem se aproximou, ele usava roupas pretas, aparentava ter uns 35 anos, dexter mirava em seu rosto, seus olhos eram castanhos e enquanto se abaixava para alcançar o tamanho do menino, disse:

- Você também não se sente pertencente, não é mesmo? - Ele disse enquanto mostrava suas mãos e apontava para os outros a suas costas - Nós também nunca nos sentimos, mas encontramos um jeito de ignorar este sentimento.

Dexter, ficou em silencio por alguns segundos, depois, ainda com o sentimento de culpa, disse:

- Eu sou excluído de minha vida, família, amigos...só queria que isso passasse! - ele segura a arma ainda mais forte 

- Dexter, não! - Um grito de Clara pedindo para ele parar.  

Dexter parou por uns instantes colocando a arma no chão, seus olhos cinzas estavam arregalados com o que acabara de acontecer, o menino voltou os olhos para a irmã que por algum motivo ele sentiu algo meio " falso" na expressão dela. 

- Clara? - Dexter estava confuso 

- Dexter... - Ela se aproximou com uma expressão assustada - O que pensa em fazer?

- Eu... Não me sinto pertencente aqui... - O menino se levantou sem tirar os olhos do chão - Mas também não posso decidir assim, de um dia para noite!

A irmã arregalou um pouco os olhos, enquanto o homem concordava com a cabeça compreendendo a escolha do menino.

- Vou decidir o que fazer... - O menino responde olhando para o chão, mas depois se volta para o homem com uma expressão calma 

- Na hora certa, saberá o certo a se fazer... - O homem olhou para a menina que tinha uma cara séria - vir conosco! E você sabe aonde nos encontrar! - Ele se levantou inclinando um pouco a cabeça para um beco estranho e escuro, mesmo em plena luz do dia. Depois, saiu sem deixar mais rastros.











TUDO OU NADAOnde histórias criam vida. Descubra agora