Early morning - MinSung

cap.1

Eu amava as manhãs.

Amava acordar bem cedo, sentir o sol esquentar a minha pele e meus pensamentos estarem se organizando enquanto eu acabo de despertar.
 
De manhã eu sentia que podia fazer tudo, eu não tinha medo de nada quando o sol estava ali aparecendo, sentia-me livre e protegido, pode ser estranho esse tipo de sensação só por que o mundo está mais claro, mas esse sentimento de que não há perigo nenhum me fEu amavaaz amar todas as manhãs

Amava ver o sol se pôr, mas aí que surgiam as preocupações, estava ficando de noite, e a noite tudo é mais perigoso, escuro e sombrio. Aí que as minhas preocupações, sentimentos ruins, inseguranças surgiam, e de repente, eu sentia medo de tudo nesse momento, me tornava frágil.

Por isso, saia de madrugada todos os dias (ou quase todos os dias) para clarear a minha mente e ficar mais em paz, sei que meu sono não está muito regulado, mas eu prefiro o silêncio instalado que as ruas me proporcionam do que dormir e ter vários pesadelos.

Quando saia de madrugada, sempre era escondido, por sorte nunca fui pego pelos meus pais. Amava as manhãs mas a única coisa ruim é que havia muito barulho e muita movimentação. Não gosto da noite, pq me dá um ar invasivo de que tudo vai acabar horrivelmente naquele segundo, mas amo a paz e o ar solitário que a chegada do final do dia traz.

E agora eram por volta de 01:15 da manhã, eu estava vestindo o meu moletom cinza (o que quase estava criando vida própria por eu usar ele todo santo dia) uma calça confortável e meu tênis all star falso, lá fora está fazendo um pouco de frio mas por sorte não está chovendo. Pego minha bolsa e coloco dentro dela o meu fone, celular, bala de café (sou viciado nelas), dinheiro e um guarda-chuvas, pra caso possa chover.

Saio fazendo o mínimo de barulho para que meus responsáveis não acordem, minha sorte é que meus pais tem um sono pesado, muito pesado mesmo, da até pra ouvir os roncos deles daqui. Pego as chaves e abro a porta, já sentindo o frio na barriga daquela adrenalina de estar fazendo algo escondido.

Sinto um frescor gostoso quando finalmente consigo sair, fecho a porta e caminho em uma direção já bastante conhecida pra mim. Perto da minha casa tem um estabelecimento bastante confortável que está funcionando  24h, eu amo tanto essas lojas. Ela não é muito grande mas tem uma vibe confortável, lá vende de tudo, tendo vários petiscos gostosos, sorvetes, cosméticos e produtos de higiene.

Depois de caminhar por uns 6 minutos, entro na loja bonita e com o ar condicionado ligado, sempre quando vou lá dou boa noite ao caixa que tem uma cara um pouco cansada e cheia de olheiras mas com um jeito simpático e sento em uma cadeira próxima já colocando meus fones de ouvidos e pegando meu celular para selecionar uma música confortável pro momento. O que eu mais gostava é que a rua geralmente nessas horas não eram muito movimentada por carros ou motos, assim tendo uma paz imensa.

Na maioria das vezes quando eu vou nessa loja está toda vazia, sem nenhum cliente, o que é aceitável sabendo que horas eram aquelas. Estou ouvindo minha música em um volume não tão alto, estou descansando um pouco e pensando em que comida devo pegar para ser o meu lanchinho da madrugada, quando eu me decido levanto e vou para o freezer, pego um sorvete de flocos e um iogurte de morango, depois, fecho a máquina e vou para o corredor da esquerda, onde está a parte de biscoitos e cereais, pego um pacote médio de um biscoito de marca não muito conhecida que tem sabor titulado de doce de leite, pego mais para apenas experimentar, já que esse produto era novidade na loja.

Verifico se peguei tudo que eu queria e volto para minha mesinha que estava sentado antes. Porém, quando estou caminhando pra perto, avisto uma outra pessoa sentada no mesmo lugar que eu estava.

Tinha uma aparência jovial, talvez da minha idade, cabelos curtos e uma postura meio curvada, estava lendo um livro, não identifiquei qual era por causa da distância que estava dele. Fiquei meio relutante de me aproximar por conta da minha timidez, fiquei alguns segundos parado, decidindo se eu me juntava a ele na mesa ou se comia no corredor mesmo.

Mas como ele estava bastante concentrado na leitura, ignorei minha vergonha e caminhei em direção a mesa.