Early morning - MinSung

cap.5

00:55

Talvez eu estivesse saindo de casa mais cedo do que de costume, mas a minha ansiedade não me deixou esperar por muito tempo.

Fui para o meu guarda roupas e puxei de lá uma camisa sem estampa branca, que ficava um pouco grande demais em mim, mas eu gostava desse efeito, odiava roupas coladas ou pequenas em mim.

Pego uma calça preta também e qualquer tênis que vejo, fazendo quase nenhum barulho, para não incomodar os que dormiam.

Respirei fundo, também lembrei de pegar o meu boné e meu casaco, pra caso faça frio, e coloco na minha bolsa.

Vejo se não esqueci nada, fones estão aqui, meu celular, algumas balas, dinheiro e... Claro, o livro!

Pego ele junto com minhas chaves e saio na ponta do pé, tudo bem que minha mãe já sabia e não se importava que eu saísse, mas mesmo assim eu não conseguia fazer tanto barulho, pelo costume talvez?

Sai do quarto e passei pela cozinha, corredor, sala e finalmente a porta de saída. Peguei o molho de chaves e inseri na fechadura, tomando todo o cuidado do mundo e rezando para a porta não ranger tanto.

Abri a porta e já senti meus cabelos se movimentando por conta do vento, em falar neles, faz tempo que eu não corto, estão maiores do que eu esperava. Minhas roupas também balançam e está fazendo um friozinho bom, como de costume.

Fecho a porta e olho pelos arredores, meus vizinhos na maioria são idosos, ou seja, dormem por volta de 20:00 ou mais cedo, por isso não existe nenhum tipo de movimentação ou luzes acessas nas casas. Então começo a caminhar e fico imaginando uma cena onde eu entro no estabelecimento e ele está lendo um outro livro, com aquela postura errada e cabelos um pouco bagunçados. A cena é um pouco fofa... Um sorriso bobo surge automaticamente no meu rosto.

Mas tento parar de imaginar essas coisas, eu odeio me apegar às pessoas, e o meu objetivo principal de encontrar ele novamente (se é que eu vou) é só para entregar o livro. Pego ele e dou mais uma olhada na capa e no desenho que ele tem.

Eu ainda não terminei ele, estou no capítulo 268, é uma leitura fácil e rápida, mostra toda a relação entre os dois meninos que tem os nomes de pessoas famosas na filosofia e na história e o relacionamento deles em pleno anos 80.

Depois de virar mais uma esquina, chego na lojinha, cujo há uma placa escrita "24 horas" e com a tintura das paredes roxas, adentro e já sinto o ar condicionado. Coloco meu casaco e dou boa noite para o caixa (e provavelmente dono daqui, já que só vejo ele trabalhando) e vou para a minha mesa de costume, ela fica quase no canto da loja, tendo ao lado uma janela onde se pode ver os poucos carros passando.

Não tinha ninguém aqui, mas ainda vou esperar ele chegar. Pego meus fones de ouvido e coloco qualquer música na minha playlist no aleatório e levanto do meu lugar. Vou em direção a máquina de café que tem próximo onde eu estou sentado e tento fazer um americano, não tenho tanta habilidade em fazer café então mesmo se ficar ruim vou ter que tomar para não desperdiçar. Seleciono meia dose de café expresso e depois vou para a chaleira esquentar a água, eu espero a máquina fazer seu trabalho. Enquanto isso, vou para um dos quatro corredores que tem por ali e pego um saquinho de m&m's e depois vou ao corredor ao lado pegar uma barra de chocolate onde dentro dela há um recheio sabor morango.

Saio dos corredores de guloseimas e volto próximo a cafeteira, preparo o americano e tento experimentar. Faço uma careta desgostosa, ainda estou tentando tomar café sem colocar açúcar, vou tentar ajustar meu paladar infantil.

Olho ao redor, não há ninguém... Mexo na minha bolsa procurando meu celular para checar as horas. 01:24, ok talvez estivesse muito "cedo" para sua chegada. Respirei fundo novamente e coloquei tudo que peguei para comer na minha mesa, eu gosto de pagar antes pro dono do caixa da loja, por que não me preocupo depois com a conta.

Já é a minha 5° música tocada na playlist, gosto dela, então aumento mais o volume. Largo o celular e abro a embalagem da barra de chocolate com morango, dou uma primeira mordida e olho a janela, o gosto é muito bom, tem uma crocância e sabor não tão forte.

Encosto minha cabeça na janela e fecho os olhos, aproveitando a sensação na minha boca do gosto açucarado e as batidas da música lenta e melódica.

...

Exatamente 1 hora e 30 minutos que estou por aqui.

Ele não veio.

Não queria admitir, porém fiquei meio triste, por que coloquei muita expectativa, mas sei que parte disso é culpa minha.

Eu só tinha conhecido ele ontem e acabou, eu não era de ser uma pessoa muito emocionada, mas queria muito que ele viesse aqui, para podermos ouvir música r&b e Indie novamente como fizemos ontem, jisung parecia uma pessoas muito amigável e eu queria conhecer mais dele hoje, não diria que estou com saudades mas esperava que ele vinhesse hoje também.

Olhei para a minha frente, onde estava um outro banco do outro lado, e na mesa um milkshake que eu peguei antes, para caso jeongin fosse aparecer eu o oferecer.

Olhei para as horas, 2:41, desisti de esperar ele, eu poderia ficar mais aqui, mas o sono também está começando a chegar pra mim, mesmo que eu tenha tomado café, acho que esse efeito da cafeína de deixar você mais acordado não funciona muito pra mim, e também estou sentindo falta da minha cama confortável e do meu ursinho de pelúcia.

Agarrei o milkshake de baunilha com morango que eu havia pedido e peguei também o livro, talvez tenha virado meu, caso eu nunca mais visse o rosto adorável com aparência semelhante de um esquilinho.

Arrumo tudo e levanto da minha cadeira, passo pelo tio do caixa (cujo o nome eu me esqueci, me desculpe) e o vejo dormindo lá mesmo na cadeira de madeira apoiando a cabeça do balcão próximo ao contador. Dou uma risada nasal vendo essa cena.

E depois de ver que a minha vinda pra cá foi um desperdício, pois vim justamente para devolver o livro de capa azulada, sigo em direção a porta. Seguro a maçaneta e giro ela na direçao direita para abri-la, quando saio da loja não olho pra frente e sem querer acabo esbarrando em uma pessoa um pouco mais baixa que eu. Sinto o milkshake em minha mão chacoalhar e um pouco do líquido cair na camisa da outra pessoa.

Fiquei desesperado na mesma hora, estou ferrado.

- MEU DEUS DESCULPA, EU...- olhei para a frente e finalmente encontrei aqueles olhos redondos em um rostinho fofo e adorável.

- Minho!