𝐈𝐦𝐚𝐠𝐢𝐧𝐞𝐬 𝐒𝐚́𝐟𝐢𝐜𝐨𝐬.| ⚢

𝐀𝐧𝐠𝐞𝐥.

Vitória estava sentada na cama, o quarto iluminado apenas pela luz fraca do abajur. As paredes, cobertas com pôsteres de bandas e pequenos quadros, pareciam abafadas pelo peso da conversa que acabara de acontecer. Seus dedos inquietos brincavam com a borda do lençol, enquanto ela tentava controlar a respiração acelerada. Luiza estava de pé perto da janela, os braços cruzados, a testa franzida em um misto de frustração e dor.

━━ Eu não sei por que você não entende, Vitória.━━ disse Luiza, a voz tingida de uma melancolia que ela raramente deixava transparecer. ━━ Eu só... não estou pronta. Não é simples assim pra mim.

Vitória sentiu o peito apertar. Ela queria ser compreensiva, sabia o quanto era difícil para Luiza. Mas, ao mesmo tempo, era doloroso continuar escondida, vivendo na sombra do medo que a outra carregava.

━━ Não é questão de não entender, Luiza. ━━ Vitória olhou para ela, os olhos escuros brilhando de lágrimas contidas. ━━ É que dói. Dói pra caramba. Eu não posso ser só um segredo pra você.

Luiza respirou fundo, seus olhos azuis se desviando para a noite lá fora. As luzes da cidade pareciam distantes, como se pertencessem a um mundo diferente, um onde as coisas eram mais fáceis, mais claras. Ela sabia que Vitória estava certa, mas o pânico de ser julgada, de ser rejeitada por sua família e amigos, a mantinha presa no silêncio.

━━ Eu tenho medo... ━━ confessou, em um sussurro que quase se perdeu na escuridão do quarto. ━━ Tenho medo de perder tudo.

Vitória se levantou, aproximando-se lentamente da namorada. Quando estava perto o suficiente, estendeu a mão, hesitante, tocando o braço dela com delicadeza. O toque, suave e reconfortante, parecia quebrar uma barreira invisível entre elas.

━━ E você acha que eu não tenho medo? ━━ perguntou Vitória, sua voz baixa, quase inaudível. ━━ Eu tenho, todos os dias. Mas eu não posso mais fingir que isso aqui... ━━ Ela apontou para o espaço entre elas. ━━ Que isso aqui não é real. Eu te amo, Luiza. E eu preciso que você queira ser parte da minha vida, não só nas sombras.

As palavras de Vitória pairaram no ar, pesadas e cheias de significado. Luiza sentiu uma onda de emoções a dominar: medo, culpa, mas também um amor profundo, que ela nunca havia experimentado dessa forma antes. Ela olhou para Vitória, e por um momento, as defesas que havia construído ao longo dos anos começaram a ruir.

━━ Eu também te amo, Vitória. ━━ disse Luiza, com a voz quebrada. ━━ Mas eu não sei como fazer isso...

Vitória sorriu, um sorriso triste e compreensivo. Ela se aproximou ainda mais, até que seus rostos estavam a poucos centímetros de distância.

━━ A gente aprende juntas. ━━ Vitória murmurou, seus olhos fixos nos de Luiza. ━━ A gente pode errar, cair, mas eu não vou soltar sua mão.

E então, no meio daquele momento carregado de emoções, Vitória tomou a iniciativa. Seus lábios se encontraram em um beijo suave, mas cheio de uma intensidade que palavras não podiam expressar. Luiza hesitou por um segundo, mas logo se entregou, sentindo o calor e a segurança que sempre encontrava nos braços de Vitória.

O beijo, inicialmente tímido, se aprofundou. As mãos de Vitória deslizaram pela cintura de Luiza, enquanto a loira entrelaçava os dedos nos cabelos curtos da namorada. Ali, naquele espaço íntimo, o mundo lá fora parecia desaparecer, junto com os medos e inseguranças que haviam alimentado a discussão.