Maria Cristina, ou Macris Fernanda.

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Roberta passava os dedos pelo aplicativo de namoro com uma mescla de tédio e desânimo. Seu olhar, crítico e agudo, pousava sobre cada perfil que surgia na tela, mas nenhum conseguia prender sua atenção por mais de um instante. Mulheres bonitas não faltavam, mas havia sempre algo que a fazia revirar os olhos e bufar, cansada das conversas superficiais e das apresentações vazias. Sentia-se presa em um ciclo interminável de desinteresse. Já decidida a deletar o aplicativo, moveu o dedo para o ícone de exclusão, convencida de que aquele não era seu caminho.

Foi então que uma notificação surgiu na tela, interrompendo seu gesto. "Qual a sua teoria sobre o amor?" Roberta franziu a testa, intrigada. A mensagem inesperada fez com que recuasse, arqueara a sobrancelha e abriu o perfil da remetente. A foto era cativante, o sorriso genuíno. Leu a biografia com atenção, absorvendo cada palavra como se fossem pistas de um mistério a ser desvendado.

 Leu a biografia com atenção, absorvendo cada palavra como se fossem pistas de um mistério a ser desvendado

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Decidiu responder. "O amor é uma dança das almas, uma força que nos une de formas profundas e diversas. Ele se manifesta como o amor Eros, intenso e apaixonado, que queima com desejo e intimidade. Depois, encontramos o amor Philos, a amizade genuína, onde a confiança e o companheirismo florescem. Por fim, há o amor Ágape, puro e altruísta, que se doa sem esperar nada em troca. Juntos, esses três amores tecem a tapeçaria da nossa existência, iluminando nossos dias com suas diferentes nuances."

Roberta enviou a mensagem, seus dedos tremendo levemente, ansiosa pela resposta da desconhecida. Não demorou muito para que a notificação ecoasse em seu celular. "Você é boa nisso," veio a resposta de Maria Cristina, acompanhada de um emoji de sorriso.

Roberta, com um sorriso sutil iluminando seu rosto, digitou a resposta. "Talvez eu seja," respondeu, deixando transparecer um riso contido atrás do celular. Sua curiosidade, entretanto, foi aguçada pela profundidade da troca inicial. "Te jogando a pergunta agora, Maria Cristina: o que é amor para você?"

A resposta de Maria Cristina veio rápida, quase como se estivesse esperando por essa pergunta. "Uma inconstância," digitou, com uma eloquência que parecia cuidadosamente ponderada. "Minha teoria é que o amor é o que sobra. Independentemente de qualquer coisa, o amor é o que permanece. Infelizmente, não estamos imunes ao sofrimento, e é por isso que passamos por tantas experiências, mesmo quando parece injusto. Na verdade, a vida não é injusta. Nada acontece por acaso. Não somos acidentes. E se formos, talvez seja o acaso mais lindo de nossas vidas."

Roberta leu a mensagem várias vezes, cada leitura trazendo uma nova camada de compreensão e admiração. As palavras de Maria Cristina ressoavam como uma melodia, evocando sentimentos profundos e pensamentos intrincados. Ela sentiu um ímpeto de continuar a conversa, mesmo que a madrugada já estivesse avançada.

"Você é boa nisso também, me fez querer ficar e te conhecer melhor," respondeu Roberta, a sinceridade transbordando em cada palavra.

A conversa, que inicialmente parecia ser apenas mais uma troca casual, evoluiu para algo mais significativo. Maria Cristina, com sua capacidade de tocar as fibras mais sensíveis do coração de Roberta, tornou-se uma presença constante em seus pensamentos. Elas continuaram a dialogar, explorando filosofias pessoais e teorias sobre a vida e o amor.

One shot | RocrisOnde histórias criam vida. Descubra agora