socializar

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  Revisado
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  Em um novo dia de trabalho, Jeongin sabia que teria que seguir com as demandas de Hyunjin. Aprendeu que nunca se deve questionar pessoas que sejam do nível de seu chefe.

— “Hoje teremos uma entrevista importante sobre nosso novo lançamento.” – Hyunjin andava na sua sala de forma despreocupada.

— “Teremos?” – O mais novo perguntou.

— “Quem seria a outra pessoa?”

— “Quem mais seria? Você.” – Ele respondeu em um tom de obviedade.

— “Sei que não devo questionar, mas não sou bom nessas coisas.”

Jeongin estava tentando evitar, odiava falar com pessoas desconhecidas, odiava muita gente aglomerada e acima de tudo, não conseguia ao menos socializar.

— “Você não vai falar nada, ficará apenas do meu lado me dando assistência quando necessário.”

Como havia pesquisado mais sobre o autismo, sabia que para Jeongin seria difícil ter algum tipo de interação daquele nível.

— “Uma pergunta pessoal, quando teve seu diagnóstico?”

—”Com 15 anos.” – Vendo que agora tinha 22, não era como se tivesse passado tanto tempo.

— “Entendo, teve um diagnóstico tardio.” – Ele murmurou para si mesmo, como se estivesse pensando alto demais.

— “Por acaso já teve algum acompanhamento desde que teve o diagnóstico?”

— “Não, as consultas e os remédios são muito caros para que eu possa pagar.” – Mas logo notou que hyunjin parecia muito focado nisso.

— “Por que a dúvida?” – O mais novo questionou.

— “Nada não, apenas pensando.”

Hyunjin havia nascido em ótimas condições e sabia que tratamentos com profissionais bons eram caros, uma consulta poderia variar de preço, que para quem não podia pagar, era muito. Jeongin havia se mostrado muito controlado e até agora não teve crises ou coisa do tipo, o que para ele era até então estranho.

 

— “Você poderia nos dar uma dica de quem será o colaborador para essa nova coleção?” – Uma das repórteres ali perguntava. Entre inúmeros microfones e pessoas tentando falar ao mesmo tempo, já estava acostumado.

— “Até então será uma surpresa, tenho certeza que estarão bem satisfeitos com a pessoa que fará parte disso.” – Hyunjin respondeu confiante, percebendo que Jeongin ao seu lado parecia inquieto, mexendo as mãos naquela pasta de forma ansiosa.

De forma discreta uma de suas mãos foram para baixo e foram de encontro com as de Jeongin, acariciando o local com um de seus dedos para que Jeongin pudesse se acalmar um pouco de todo burburinho.

Os repórteres continuavam com suas perguntas, parecendo animados e eufóricos. Tudo aquilo deixava Jeongin agitado, mas não poderia ter uma crise ali. Não poderia. Não na frente de tantas pessoas.

— “Certo, uma pausa de todas as perguntas.” – Chan anunciou no pequeno microfone. Estava no canto observando tudo. — “Voltamos em meia hora para esclarecer todas as suas dúvidas.”

Jeongin suspirou aliviado, rapidamente indo até a sala onde estavam antes da entrevista. Indo até uma cadeira em um canto da sala, ele movia seu corpo para frente e para trás repetidas vezes, suas mãos agarrando o tecido de suas roupas.

Quando se deu conta, Jeongin já estava em uma crise. Não uma crise explosiva, uma a qual tudo ali parecia lhe incomodar, cada ruído, cheiro e até mesmo a luz forte do ambiente. Em crises como aquela, igual a maioria dos autistas, ele chorava.
 
— “Jeongin, ei, o que houve?” – Chan tentava ao máximo falar com o mais novo, não obtendo resposta, apenas seus movimentos repetidos e o silêncio.

Um amor puro -Hyunin Onde histórias criam vida. Descubra agora