segundo encontro - segunda parte (poe's version)

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eu sinceramente não consegui conter a quase arritmia ao ler a mensagem da paige. um alvoroço de sentimentos me tomaram e eu só consegui sentir uma vontade absurda de abraçá-la logo, de revisitar o sentimento de tê-la na minha frente.
peguei meu casaco jeans preto, as chaves e retoquei meu perfume. saí rapidamente de casa e entrei no carro para dirigir até o aeroporto. minhas mãos tremiam ao tocar o volante. eu estava tensa e assustada.
dirigir até o aeroporto era pra ser breve mas pareceu uma eternidade. quando cheguei ao estacionamento daquele lugar exagerado e enorme, já senti todas as veias do meu corpo pulsando.
tranquei o carro, e saí rapidamente, quase marchando, pra chegar até o local onde paige disse estar.
o sentimento de mais cedo tomou uma proporção que eu não imaginava, estava freneticamente olhando todos os rostos possíveis presentes naquele lugar, todas as pessoas de costas com suas malas pareciam ser ela.
estava quase me tomando pelo receio de ela ter me enganado até que avistei uma garota sentada na frente do café do aeroporto, com uma mala branca de rodinhas, um moletom verde musgo apoiada na mesa, quase deitando de sono.
eu não soube o que fazer a partir dali. eu fiquei parada. eu fui incapaz de dar um passo sequer. meus músculos pareciam ter travado e meu cérebro já não dava mais nenhum comando. o mundo parecia ter parado naquele momento.
paige continuou na posição que estava por mais alguns segundos, até que ela se levantou lentamente e, para o meu desespero, seus olhos se voltaram pra onde eu estava. ela olhou por mais alguns segundos, acredito eu que pra ter certeza de que seria eu, plantada no chão do aeroporto como se tivesse tido alguma paralisia.
ela logo se levantou de como estava e deu um sorriso. o sorriso mais brilhante e sincero que eu já vi alguém dar. a partir dali senti que poderia desmaiar. minha resposta imediata foi ir até onde ela estava, correndo um pouco pra não tornar nada estranho até que eu chegasse (a minha cabeça funciona assim mesmo).
_ poe, que linda! você veio. - ela logo se levantou e me deu um abraço tão íntimo que parecia que nos conhecíamos há anos. eu retribui aquele abraço da forma mais carinhosa que consegui.
_ por que eu perderia a oportunidade de ver a maior do skate no Arizona inteiro? - eu disse quando o abraço se afrouxou um tanto, e percebi o quão entregue o olhar dela estava. ela me fitava diretamente, com um meio sorriso no rosto.
tudo estava tão sereno e calmo e eu relembrei o quão em paz ela me deixava. o quanto aquele ar de tempe que vinha dela tranquilizava toda a caótica energia da flórida de mim.
_você é maravilhosa, poe. quer sentar aqui? - ela apontou para a mesa no café em que ela estava.
_ paige, eu tô de carro. preciso te levar pra um lugar e é muito melhor do que essa cafeteria e essas pessoas suadas cheias de bolsas e malas.
_ eu tô sentindo que esse momento é tipo aquela cena das séries criminais antes dos meus órgãos serem vendidos. - nós duas rimos e ajudei ela a pegar as bolsas que estavam em cima da mesa, e logo fomos pro estacionamento.
durante todo o caminho, ela olhava pro céu e dizia que estava da mesma cor da minha camiseta. eu só conseguia rir e pensar o quão absurda ela estava naquele vento forte típico do aeroporto, com aqueles cabelos queimados esvoaçando no rosto cheio de sardas que ela tinha.
chegamos no carro em pouco tempo e coloquei as malas dela no banco.
sentamos e logo a minha playlist do the clash começou a tocar. dei a primeira marcha e estávamos saindo do aeroporto. ela me disse o que eu senti que era como 100 fogos de artifícios explodindo ao mesmo tempo dentro de mim.
_ nossa, poe. e eu que não vi nenhum hotel? nada. estou que nem andarilha em jacksonville. - ela riu e cruzou as pernas no banco.
_ de skatista pra boêmia em jacksonville? eu esperava mais de você, tão jovem. - e nós rimos enquanto london calling tocava baixo, ao fundo - relaxa, lá em casa tem espaço pra você. aqui as coisas são caras.
_ dormindo no sofá de poe pinson, não esperei que esse dia chegaria.
eu fiquei levemente nervosa e sem graça com o quão próximas estávamos novamente, com ela tão a vontade no banco do passageiro e a cabeça apoiada no banco observando o céu.
_ você combina com toda a paisagem. - e quando isso saiu da boca dela, eu soube que teria muita dificuldade em esquecê-la algum dia.

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⏰ Última atualização: Aug 04 ⏰

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