No dia seguinte, o relógio marcava 06:12 da manhã, Riki apenas encarava a luz do despertador, tudo que podia sentir era vazio, apenas vazio.
Só se passava em sua mente o que iria acontecer depois da casa de Sunoo.
Ele queria tanto que o contato não fosse cortado, mas não pensou que sua mãe fosse tão rígida quanto aquilo.Se sentou na cama, olhou ao redor do quarto, era como se o mundo estivesse se tornando cinza. Sunoo era apenas seu ídolo, por que ele estava sentindo tudo aquilo?
Se levantou, colocou seu uniforme, escovou os dentes, se perfumou e foi em direção a cozinha para ver sua mãe.
- Oi, mãe. Bom dia. - Seu rosto era pálido como neve
- Bom dia, meu bem! - Sua mãe percebeu a palidez no rosto, e o vazio em seus olhos - Filho, tá tudo bem?
- Tá, mãe. Eu tô bem.
Apenas deu um sorriso sem humor e saiu sem tomar café antes. O clima estava nublado, confirmando a teoria de Riki que o mundo realmente estava diferente depois daquilo. Caminhou pelas ruas que ainda estavam molhadas, o cheiro de grama molhada percorria suas narinas, ao mesmo tempo que a situação era frustrante, o vazio era bom, viver uma vida em paz, sem sentimentos algum. Riki se sentia estranho por gostar da tristeza, mas ainda sim queria que tudo voltasse a dar certo.
Quando chegou no portão da escola, avistou Jungwon e um outro amigo ao seu lado, tentou encobertar sua face e passar reto, mas parecia que Jungwon tinha um faro ótimo em reconhecer as pessoas.
- Riki!! - O mesmo viu em sua visão periférica, que o outro estava acenando repetidamente - Vem aqui!!
Nishimura era dominado pelo vazio, e tudo que podia fazer era encarar Yang, e caminhar lentamente sem dizer uma palavra sequer.
- Olha, cara. Foi mal pelo que aconteceu, realmente as coisas não 'tão legais, mas vamos tentar espremer até a última gota, né?
- Não vamos ... - Riki suspirou fundo e encarou os olhos de Yang, ignorando o outro ao lado - Eu não quero incomodar o Sunoo e nem você. Eu não conheço vocês, e já tem tudo isso de problemas.
- Aí, garoto. Para de frescura, você não 'tá incomodando ninguém, não.
"Imagine se eu estivesse, então."
Riki pensou rapidamente, e antes que pudesse falar algo, o sinal tocou para a aula, dando-se graças a Deus por poder sair dali.
- Só esquece isso, Jungwon.
Nishimura começou a caminhar até sua sala, que ficava no segundo andar, as memórias da casa de Sunoo percorriam sua mente, o constrangimento continuava o mesmo, mas nada podia fazer parar.
Em um momento que estava pensando longe, sentiu um dedo cutucar a parte de trás do seu ombro esquerdo. Quando se virou, era um homem alguns centímetros mais alto, se parecia como um vampiro, era bonito de morrer.
- Oi! Eu sou novo aqui, você pode me ajudar? - Ele sorriu gentilmente, sua voz era grave, mas confortável.
- Ah? Claro.. - Riki olhava os detalhes do homem.
- Eu me chamo Park Sunghoon, e você? - Conversavam enquanto andavam sob as escadas.
- Nishimura Riki.
- Legal! Japonês, sim?
- Isso.. - Riki mantinha um tom de voz baixo, como alguém que não dormiu direito.
Sunghoon sorriu
- Enfim.. Sou do terceiro ano, você sabe onde fica o andar?
- Fica depois desse.
- Você não gosta muito de conversar?
- Não é isso.. Bem.. A gente conversa sobre isso no intervalo, está bem?
- Yay! Tudo bem, irei para minha sala, então. - Ambos já estavam no segundo andar - Até mais, Riki!
Nishimura acenou com a mão, e andou em direção a sua sala, pensando sobre aquele homem que acabara de falar. Ele parecia tão jovem para alguém do terceiro ano. Quase se deixou levar pelos pensamentos de que vampiros ou criaturas existiam, mas deu um toque em sua testa, se chamando de tolo.
[QT]
Estava dormindo sob a mesa, até que sentiu uma mão extremamente fria percorrer seus fios de cabelo.
- Riki?
Era aquela voz grave novamente. Abriu os olhos lentamente e avistou Sunghoon com uma expressão preocupada.
- Ah, que susto. Você só tem sono profundo.
Riki grunhiu, ainda cansado, quando olhou ao seu lado, havia Jungwon. Então se recordou da pessoa que estava do lado dele no portão mais cedo.
- Que má sorte, sério... - Pensou alto
- Ei! Eu ouvi isso! - Disse Jungwon em tom indignado.
Riki ergueu a palma da mão pedindo para que ele se calasse.
- Sério? Ah, não vou descer pra comer, vou dormir de novo, saiam.
- Que dormir, o quê. Você 'tá parecendo um defunto, já viu como 'cê 'tá branquelo? - Yang encostou um dedo nas bochechas de Riki - Tão frio quanto o próprio polo norte.
Nishimura deu um tapa no dedo do outro, apontando em direção a porta sinalizando para se retirarem, enquanto ajeitava sua cabeça na sua jaqueta em cima da mesa, pronto para dormir novamente.
O mesmo cobria os ouvidos com as mãos, não querendo ouvir nenhum dos dois ali. Mas sentia a vibração de cochichos vindo dos mesmos, não podia entender o que era, mas era algo breve, e então Yang e Park se retiraram dali.
Riki colocara uma música para poder dormir, nada menos que "Attention" de Charlie Puth, estava pensando em como estava Sunoo, pensando nas piores coisas, Riki era o tipo de pessoa que era sempre pessimista, mesmo que 90% das coisas estejam bem.
Sentiu uma onda de vento percorrer suas costas, era como se alguém estivesse por ali, mas seu desânimo era maior que ele mesmo, sequer abriu a boca ao menos para perguntar quem era. Então apenas ignorou aquilo e tentou voltar a dormir.
Mas em uma questão de segundos, sentiu uma mão morna e macia acariciar seus fios de cabelo, para Riki, aquilo era tudo alucinação de sua insônia, então apenas resolveu se confortar com aquilo, mesmo que em sua cabeça fosse mentira.
- Ruka... - Uma voz dócil o chamou por um apelido tão único quanto qualquer outra coisa - Me desculpe, isso tudo é minha culpa, eu queria estar perto de você, mas não importa o quanto eu tente, nesse momento, estamos destinados a viver como desconhecidos.
A música atrapalhava um pouco a compreensão do diálogo que aquela voz estava recitando, então Riki apenas continuou em um estado vegetativo na mesa.
- Eu quero que você me esqueça, mas no fundo, eu quero que sinta essa mesma admiração no futuro. - Começou a lacrimejar, dificultando ainda mais para Nishimura entender. - Prometo que vou tentar fazer algo para nós dois quando acabarmos os estudos, eu vou tentar.. - Acariciou mais uma vez os fios de Riki, se levantando, e correndo para fora da sala.
Em alguns minutos, Riki olhou para a porta, vendo a luz percorrer toda sua vista, mas ainda com embaço nos olhos. Parou um pouco para tentar entender o que tinha acontecido, era como a voz de Sunoo, mas em sua mente, Sunoo nunca o admiraria de volta, ou sequer voltaria a ter contato com ele por conta de sua mãe.
Mas algumas frases que ouviu, foram reconfortantes para se sentir um pouco melhor, não achava justo ele estar em um estado depressivo por um garoto qualquer, mas o fato que sua admiração era persistente, Kim não era mais qualquer garoto.
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Atrás Da Vigia - Sunki
FanfictionKim Sunoo era o menino mais popular do colégio, seu irmão da mesma idade, Yang Jungwon, conhece um menino chamado Nishimura Riki, que por acaso admirava Kim. Com o tempo em que o trio se aproxima, Riki desenvolve uma paixão um quanto possesiva por S...