— Anna? — meu pai me chamou, me fazendo voltar à realidade. Acho que eu estava babando... Nossa, que vergonha.
— Ah, é... Prazer em conhecer vocês. — disse, com um sorriso fraco. Por quanto tempo será que fiquei paralisada?
Cumprimentei os dois com um aperto de mão gentil; ambos sorriram para mim.
— É, podem me chamar só de Léo. Não sou muito fã do meu nome todo. — disse ele, coçando a cabeça. Ele era bem tímido, achei uma gracinha.
— Oi, meninos, me chamo Teresa, sou a chefe desta casa, eu que mando em tudo. — disse minha mãe, e eu consegui escutar meu pai pigarreando; acho que ele se ofendeu um pouquinho.
— Ela está só brincando, né, querida? — meu pai sorriu sem jeito, e eu ri daquilo. Os meninos pareceram achar graça também.
Quando toda a recepção terminou, sentamos à mesa para almoçar.
Enquanto todos se acomodavam, minha mãe começou a servir o almoço. O aroma delicioso me fez perceber que eu estava mais faminta do que imaginava. A variedade de opções que havia ali me deixou em dúvida sobre o que colocar no prato. Bom, para não ter dúvidas, coloquei um pouco de cada.
— Então, vocês se conhecem há quanto tempo? — perguntei, só para não ficar um clima de velório na mesa.
— A gente se conhece desde criança, moramos na mesma rua, não é? — disse o tal Caleb.
— É verdade, a gente sempre se deu muito bem. Começamos a jogar bola na rua só por diversão, depois percebemos que era aquilo que queríamos. — respondeu Léo.
Isso me impressionou, de verdade. Eu gosto de escutar essas histórias de sonhos e tal.
Soube que Caleb morava com os avós e Léo morava apenas com seu pai e sua madrasta. Ambos tinham perdido a mãe e o pai do Caleb não fazia muita questão dele.
O almoço foi rolando, conversa vem, conversa vai, até que todos já estávamos saboreando o delicioso pavê da minha mãe, quando meu pai soltou essa:
— Afinal, é pavê ou pacumê? — disse, soltando a maior risada.
— É sério, pai? — Quem é que aguenta? Ele ri toda vez como se fosse a primeira vez contando.
Os garotos ficaram apenas rindo daquilo.
— Ah, mas está uma delícia mesmo. — Léo falou.
Escutei um Uhmm do Caleb; ele estava comendo com tanta vontade que nem conseguia falar.
Não vou mentir, eu estava gostando daquele clima de domingo pós-almoço. Até imaginei que seria legal ter irmãos para dividir as risadas nesses momentos em família. Em algumas horinhas, a opinião de Anna Lívia acabou mudando, vamos dizer assim.
— Se quiserem mais, é só se servirem, tá bom? Deu para ver que gostaram bastante. — minha mãe disse.
Eu admito que já tinha comido duas vezes, eu sou viciada em doces e quando é os da minha mãe eu fico com água na boca querendo devorar tudo.
Aquele maravilhoso almoço tinha terminado. Meu pai deixou os garotos em casa, e agora eu sei que é bastante longe daqui. Agora eu entendo o motivo da "mudança".
Quando meu pai chegou, encontrou a mim e à mamãe no sofá, brincando com o Rony.
— Que bom que a família está reunida. É hora da verdade. O que acharam dos garotos? — ele perguntou em um tom bastante ansioso. Deixei que minha mãe respondesse primeiro.
— Eu os adorei. São meninos de ouro. Admito que fiquei um pouco receosa com a ideia de eles virem morar conosco, mas quando vi os olhinhos de cada um brilhando enquanto falavam da paixão e do sonho pelo futebol, eu me entreguei. — Mamãe falou com sua voz acolhedora.
— Então temos a aprovação de Dona Teresa? — Meu pai abriu um sorriso satisfeito, e minha mãe concordou. Logo ele olhou para mim.
— Ah, vocês sabem o que eu acho sobre isso tudo, né? — Os olhares mostraram que já esperavam ouvir aquilo de mim. — Mas esse almoço mudou a minha opinião. Não por completo ainda. Bom, a adaptação vai ser difícil, talvez eu surte até lá. A ideia de ter dois irmãos mais velhos soa um pouco legal na minha cabeça. — Disse, e vi sorrisos contentes surgirem no rosto de cada um.
— Que alívio ouvir isso de vocês duas. — Meu pai falou, e escutamos dois latidos do nosso cachorrinho. — Até o Rony aprovou a ideia, valeu, amigão! Vocês sabem que eu queria muito isso, e eu garanto que a experiência vai ser ótima.
Meu velho estava feliz, e eu gostava de vê-lo assim.
...
Hoje, os garotos finalmente estarão se mudando para cá. Sim, eu disse finalmente. É, eu acabei ficando um pouquinho ansiosa com a chegada deles. Às vezes, dava a louca e eu queria que isso não acontecesse, mas depois a opinião mudava de novo.
Eles vão dividir o quarto, que é bem grande, então tem espaço para os dois conviverem e poderem organizar do jeito que quiserem. Madre Teresa já estava ansiosa para decorar aquele quarto.
— Agora a senhorita vai decorar o quarto dos "seus filhos". — Debochei.
—Palhaçinha.
Escutei buzinas vindo lá de fora e saí correndo do meu quarto e fui descendo as escadas e quase tropecei no antepenúltimo degrau.
Eram eles que tinham chegado, meu pai já estava fazendo algazarra no meio da rua.
—Sejam bem vindos ao novo lar de vocês. —minha mãe disse e abraçou os meninos que pareciam estar nervosos.
—Agora terei vizinhos de porta. Vou curtir conviver com vocês. —disse com um sorriso e eles sorriram também.
É Anna Lívia, agora você foi promovida irmãzinha mais nova.
•••
Continua...
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No Jogo do Amor
Storie d'amoreAnna vê sua vida e sua rotina mudar completamente com a chegada de novos moradores em sua própria casa. Agora, ela tem que aprender a conviver com seus novos vizinhos de porta que viram seus "irmãos" mas isso muda quando ela entra em um triângulo a...