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Sem pensar muito, acabo batendo na porta, com todas as minhas forças, esperando que alguém abra. Em alguns minutos, vejo Elle surgir após abrir a porta.

— Ficou louca de vez?– ela pergunta me encarando e com os braços cruzados.

— Eu preciso sair daqui...– falo fungando, evitando o contato visual com Elle.

— Ah, você precisa?– ela diz dando uma pequena gargalhada no final da frase.
— Engraçado, todos dizem o mesmo, mas não esperava que você iria demorar tanto.– ela diz revirando os olhos.

— Minha mãe Elle... Ela vai morrer...– falo, ou melhor, tento falar enquanto as lágrimas molham meu rosto.

— Um dia todos se vão. Afinal, você não pertence ao mundo lá fora. Você acha que vai ser aceita assim que sair daqui? Você sempre, sempre será uma louca para todos.– ela diz e estala os dedos.
— Acorda, Sara. Você jamais será uma pessoa normal. Agora, por favor, para de bater na porta e dorme.– ela diz por fim e sai.

Eu estava prestes a surtar. Eu não podia ficar ali, não mesmo, aceitar minha mãe morta por causa daquele monstro seria horrível. Fugir desse lugar é a única forma que me vem a mente, mas ao mesmo tempo, parece uma loucura estúpida. Câmeras e seguranças por todo lado, parecia não ter brechas.

Passei a noite em claro e, já de manhã,  Elle me levou ao jardim, novamente. Beatrice surge repentinamente.

— Oi Sara.– ela diz alegremente e senta ao meu lado.
— Você estava bem ontem? Eu ouvi você esmurrar a porta.– Pergunta me encarando e colocando as mãos no bolso da calça.

— Achei que fosse normal por aqui...– Falo um pouco irritada.

— Ok, está certa.– ela diz respirando fundo.
— Vou fugir daqui, quer ir comigo?– após sua pergunta a olho interessada.

— E tem como?– pergunto curiosa.

— Tudo se dá um jeito. Eu e mais uns três amigos, estamos montando um plano.– Ela diz agora me olhando enquanto eu fazia o mesmo, prestando atenção ao assunto.

— Eu gostaria de fazer parte.– Falo quebrando o contato visual e olho para o derredor.

— Certo, você está dentro.– diz sorridente.
— Quando tudo estiver esquematizado eu aviso, mas por favor, não diz nada ou faça alguma coisa que prejudique o plano.– ela acrescenta.

— Como se eu tivesse amigos por aqui.– falo lhe olhando de relance e Beatrice muda de expressão, agora estava simulando um choro.
—  O que foi?– pergunto despreocupada.

— Achei que fosse sua amiga...– ela diz baixando o olhar e fungando.

Deixo uma pequena risada escapar, mas me recomponho rapidamente.

— Que estranho, nunca vi você rir, normalmente você é fria e rude.– ela diz  me olhando curiosa.

— Sou um ser humano como todos; tenho emoções como todos, mas não tenho motivos especiais para rir aqui.– falo e respiro fundo.

— Então eu fui especial?– Ela diz alegre, seu sorriso ia de orelha a orelha.

— Ah por favor...– digo me levantando e caminhando um pouco, mas de cabeça baixa.

E restantes das horas, antes do almoço, Beatrice me seguiu por onde eu ia, faltava apenas dar estrelinhas. Ela ria e falava de mais, seus movimentos eram sempre escandalosos, posso dizer. Me pergunto, como alguém, pode viver com alegria em um lugar como este. Aqui a frieza e tristeza são predominantes e ela é como um girassol em um campo vazio.

Após o almoço, fui levada novamente para o quarto. Pensei bastante sobre essa tal fuga, mas não achei possibilidades, era quase impossível.

Contém erros ortográficos.

Sara.Onde histórias criam vida. Descubra agora