Uma semana se passou, depois de minha conversa com Beatrice. Até o momento, nem um comentário sobre a tal fuga. Hoje era uma quinta-feira chuvosa, parecia um dia triste, é o que me transmite.
— Quando eu vou sair daqui?– Sussurro pra mim mesma, sentada no chão e coloco as mãos na cabeça.
Minha mente dava nós, não sabia o que pensar, em estratégias de fuga, em como minha família estava no momento. Eu estava prestes a enlouquecer realmente.
Ouço batidas na porta, que me tiram da distração mental. Sigo até a porta e ouço a voz de Beatrice me chamando em sussurros.
— Sara, você tá aí?– Ela diz .
— Beatrice? Sim, eu estou...– respondo me encostando mais na porta de ferro e fria.
Ela abre a porta devagar e me puxa pela pequena brecha. Sem entender nada apenas a sigo. Chegamos a uma sala escura, eu podia ver silhuetas um pouco longe, mas nos aproximamos devagar e em silêncio. Após nos juntarmos, a um grupo pequeno, seguimos para o espaço de lazer, onde ficamos em baixo de uma árvore. A chuva estava forte, os trovões e relâmpagos eram constantes.
— Ok, ok gente. Aqui, por favor.– Beatrice diz em tom baixo reunindo todos ali.
— Conseguimos passar, pela maioria, das câmeras de segurança. Ainda precisamos passar pelo muro e enfim livres. Por favor, a partir de agora, fiquem perto um dos outros, não temos tempo pra volta e buscar quem não conseguiu.– Ela dia e todos concordam.E dps de um curto período para recuperar o ar, seguimos em direção ao muro. O silêncio era a pressão do momento, como se a qualquer momento seríamos pegos, se fizéssemos qualquer ruído. Ao chegar no muro, haviam equipamentos escondidos, escadas e alicates para cortar os arames.
Sigo apenas observando todos. Duas pessoas subiram para cortar os fios de arame, para passarmos, logo um por um foi subindo. Faltava apenas três para subir, contando comigo, mas ao colocar meu pé no primeiro degrau da escada um som de buzina altíssimo nos assustou. A agonia do momento quase me paralisou, subi rapidamente as escadas e, praticamente, me atirei ao outro lado do muro. Caí no chão duro, e molhado pela chuva, em seguida os dois que faltavam desceram e foi ai que as coisas pioraram. Estavamos em um lugar deserto, sem praticamente nada, nossa única opção era correr, ao mais longe que pudéssemos, e assim o fizemos.
Chegamos a uma estrada asfaltada, com sentindo único, ninguém conhecia o lugar, mas seguimos, desta vez caminhando. A apreensão de que a qualquer momento seríamos perseguidos era grande, em todo momento olhavam para trás. A madrugada fria, pós chuva, fazia os ossos doerem e a estrada parecia quase infinita.Oras se passaram, o dia já raiava, logo podia avistar uma cidade ao longe e placas anunciando a proximidade. O fio de esperança era novamente emendado, achava que nós iríamos morrer naquela estrada. Chegamos a cidade que era grande e por algum motivo eu me recordava de alguma coisa daqui.
— Por aqui gente...– Beatrice nos chama até um beco.
— Chegamos até aqui vivos, mas temos que sair daqui rápido. Esse será o primeiro lugar que vão nos procurar.– Ela diz.Agora, da luz do dia, observo as pessoas molhadas, sujas de lama e até de sangue.
Beatrice diz que ela tinha um lugar para onde nos levaria e apenas a seguimos. Fomos em um galpão, posso dizer que abandonado, havia colchões, água e comida. Ficaríamos ali por uma noite, então precisaríamos descansar um pouco.
— Aqui, você está precisando.– Beatrice se aproxima me entregando um kit de primeiros socorros.
Eu nem havia reparado, que em toda essa adrenalina, eu estava com cortes e arranhões pelas pernas, braços e em algumas áreas da cabeça.
— Nem sei como me machuquei assim...– Falo pegando o kit.
— Também, não é pra menos, você se jogou daquele muro. Você realmente queria sair dali.– Ela diz rindo. — Tem roupas limpas para trocar, ali.– ela acrescenta e eu concordo.
Ela saí caminhando para ver como as outras pessoas estavam.
Depois de um banho e de poder trocar de roupa, deito em um dos colchonetes, relaxando meu corpo e sentido as dores dos ferimentos. Eu havia tomado analgésicos para dor, o que deu um certo alívio.Agora com um pouco de tempo pra pensar, tento decidir o que fazer. Eu não poderia voltar como se nada tivesse acontecido.
Ainda pensativa, sou tomada pelo sono e cansaço.
— Sara...– Ouço a voz distante de Beatrice.
Fico sentada no colchonete e esfrego os olhos.
— O que aconteceu?– Pergunto ainda com os olhos fechados.
— A gente precisa sair daqui.– Posso ouvir um risinho discreto.
— Vamos, levanta.– Beatrice ergue a mão para que eu segure.— Ah, claro...– Digo me levantando.
Depois de me vestir adequadamente seguimos caminhos diferentes. Em sua maioria, voltariam pra suas cidades natal e o restante para outro lugar, com a oportunidade de tentar novamente. Segui caminho com Beatrice e mais umas duas pessoas que iriam para mesmo ligar que eu.
— Prontinho.– Ela diz entregando passagens pra cada um de nós.
Me pergunto a quanto tempo ela estava se preparando, tudo estava perfeitamente organizado e com a ajuda de quem.
— Sara!– Beatrice torna a me chamar e a olho sobressaltada, eu estava entretida com a paisagem presa em meus próprios pensamentos.
— O que foi?– Pergunto me recompondo e ela ri.
— Vai fazer o que quando chegar? Você morava lá, certo?– ela me olha curiosa.
— Tenho contas a acertar...– digo soltando o ar pela boca e retomando minha atenção a paisagem.
Na verdade, após tu Antos anos naquele lugar eu quase não me acostumo com a realidade aqui fora. O que eu realmente precisava fazer, eu não posso simplesmente fazer burrada e comprometer essa "liberdade".
Contém erros ortográficos.
Bjs 💖