quarto mês

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“Eu não sei mais o que fazer!

Achei que, a essa altura, esse sentimento já teria ido embora e que eu não sentiria tanto a sua falta. Mas, porra, ele só cresce a cada dia, como se fosse uma planta que, em vez de murchar, floresce a cada lembrança sua.

Hoje estou um pouco saudosista. Já fui ao parque onde costumávamos ir aos finais de semana para comer aquele churros delicioso, lembrando de como você sempre sujava a ponta do nariz com açúcar e ria de si mesmo. Passei pela nossa livraria, aquela que tinha o cheirinho de café e papel novo, onde passávamos horas folheando livros e sonhando acordados. E agora estou na nossa cafeteria, sentado no mesmo lugar onde nos conhecemos, aquele cantinho perto da janela onde o sol bate suavemente pela manhã... Queria poder voltar no tempo e fazer as coisas de forma diferente.

Será que estaríamos juntos? Como um casal? Como seria? Será que brigaríamos por coisas bobas ou teríamos aquelas discussões sérias sobre o futuro? Como seriam os nossos beijos, cheios de carinho e desejo? Quais seriam as nossas manias compartilhadas, como o seu hábito de organizar os livros por cor ou o meu de deixar bilhetes carinhosos espalhados pela casa? Como seria acordar ao seu lado, ver seu rosto sereno de manhã e perceber que tudo o que eu sempre quis estava bem diante de mim? Seria incrível compartilhar um café da manhã preguiçoso, enquanto discutimos os planos para o fim de semana, como se o mundo fosse só nosso.

Enfim, talvez eu esteja me apaixonando de novo por você, e isso é meio perturbador porque você não está aqui. A única coisa que tenho são as lembranças e a saudade. Mas essas memórias, por mais doces que sejam, não substituem o calor do seu toque, o som da sua risada ou a segurança do seu abraço.

Vou terminar de comer o bolo de fubá, aquele que você sempre dizia ser o melhor da cidade. Até a próxima.

Para sempre seu,  

Jinnie!”

Hyunjin ficou naquela cafeteria por algum tempo, perdido em pensamentos e memórias. Sentiu o celular vibrar e era seu namorado, chamando-o para passar a noite em sua casa.

Hyunjin sorriu com a mensagem e logo terminou de comer para ir até a casa do amado. Pouco tempo depois, chegou e entrou, usando a chave que eles haviam trocado no início da semana.

O curioso é que Hyunjin não sentia mais aquela excitação de sempre ao encontrar o namorado. Os beijos não lhe faziam sentir borboletas no estômago, os toques não o arrepiavam, e as juras de amor não faziam seus olhos se encherem de lágrimas. Então, quando chegou e foi recebido por um abraço e um selinho nos lábios, nada aconteceu, nenhuma fagulha se acendeu.

— Oi, meu amor, que saudade! — Félix disse rente à boca do namorado.

Hyunjin não disse nada, apenas o abraçou mais forte e deixou um beijo em seu ombro.

— Me ajuda a terminar o jantar? — pediu sorrindo, logo segurando a mão do namorado e o levando até a cozinha.

— O que você precisa? — Hyunjin perguntou com a voz calma. Amarrou o cabelo num rabo de cavalo, colocou um avental e esperou que o outro falasse alguma coisa.

— Pode ir cortando esses legumes? Quero terminar de cortar a carne para poder cozinhar logo — Félix também estava de cabelo preso e usando avental. Estava preparando um ensopado de carne e legumes. Foi até o armário para pegar um vinho, já que iria utilizar um pouco na receita. Pegou duas taças e ofereceu uma para o namorado — quer um pouco?

Hyunjin aceitou, deu a primeira golada e começou a cortar os legumes.Ficaram conversando sobre o dia e o que tinham feito. Na verdade, Hyunjin ouvia mais do que falava, não estava com vontade de compartilhar sobre sua vida.

Todas as cartas são para você! - Hyunchan Onde histórias criam vida. Descubra agora