A chegada

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— Eu só queria olhar pra você.

O encaro sério, minhas costas encostando na parede da cama, tentando ficar ao máximo distante dele. Dando uma última e boa olhada em mim ele sai fechando a grande porta de metal fazendo um "crac". Ele vem todos os dias, as vezes apenas me trás comida e me observa sem dizer absolutamente nada, Mas quando tento fugir eu me coloco em problemas, que nem foi naquele dia fatídico.

Foi a dois meses, eu tinha tentado fugir pela primeira vez, se eu não tivesse feito tanto barulho, talvez eu tivesse conseguido escapar, mas ele ouviu e desceu com tudo naquele dia ele não teve pressa comigo. Eu só não entendo o porque dele me manter aqui por tanto tempo.

Eu já estava perdendo minha personalidade, no primeiro dia já tentei fugir e tentei nos outros, mas hoje em dia eu só queria que ele descesse e me matasse logo.

Me sento na cama, olhando para a porta. Não havia mais nada que eu pudesse fazer, eu já tinha tentado de tudo nesse maldito inferno, escalar até a janela, empurrar aquela droga de freezer que fez ele descer da última vez, tentei sair pela porta, mas havia um cadeado com uma senha.

Absolutamente tudo, não tinha nada aqui além de um cama velha empoeirada, um vaso sanitário nojento, alguns tapetes e um telefone preto com o fio cortado.

No meu primeiro dia eu ouvi ele tocar uma vez, tentei atender e não emitiu nenhum som além de ruídos. O Grabber diz que não funciona, mas sinto algo estranho quanto a isso.

Ele tem um "alarme" que diz quando ele sai e volta, toda vez que ele sai o cachorro late e toda vez que ele volta o cachorro também late. Ele deve achar que não consigo ouvir daqui, mas eu consigo. O problema é saber quando o cachorro late se ele está ou não voltando.

Eu não tento mais fugir, isso me dá uma "vantagem" de ficar sozinho, pensar, chorar se eu tiver vontade.

Eu sempre fui bom de briga, acho que todo mundo da escola tinha medo de mim, mas quando você é sequestrado não importa como e nem quem você é, a lágrima sempre vai descer, mesmo se você for um cara de 60 anos vovôzinho.

E dói, dói muito.

Dói saber que foi por culpa minha de eu estar nessa situação, se eu não tivesse chutado o portão desse maluco ele nunca teria vindo atrás de mim.

Já teve outras vítimas, todos os garotos, com jornais sobre eles por toda a parte. Tem um sobre mim também, ele disse que era uma "bela foto", falou a mesma coisa quando me forçou a tirar a roupa e fotografar mais algumas fotos.

Era noite, todo o porão estava escuro e eu não tinha nada para manter minha mente ocupada, além dela própria.

Eu já passei pela brincadeira de menino levado tantas vezes que mal consigo me lembrar. Eu nem preciso fugir pra ele fazer aquilo.

Esse cara podia ser um velhote, em questão de força eu o superava. O problema era a merda da arma, quando eu lhe dei um belo soco no rosto ele certificou de comprar uma.

As horas passam tão lentas que tudo que eu faço é pensar e dormir, mais nada.

Se eu pudesse ter uma arma comigo. No primeiro dia já seria útil se eu tivesse com minha faca, mas aqueles policiais levaram.

Trancado nos meus pensamentos, ouço o cachorro latir, sinal que ele já havia chegado. Mas era diferente agora.

Me endireito na cama olhando para a porta fixamente, o que há de novo? Só consigo ouvir ele gritando, e parecia estar mais perto.

A porta abre a tranca e em seguida ele entra, com um corpo em seus braços.

— Machucou a porra do meu rosto, garota idiota. Eu deveria quebrar seu pescoço por isso.

Ele joga o corpo na cama como um saco de lixo. Eu estava em alerta quanto a ele, mas ele apenas deu meia volta e subiu as escadas, nenhuma palavra dirigida a mim.

Respiro fundo, me sinto relaxado a ouvir a porta sendo trancada dessa vez. Dou uma boa olhada no corpo ao meu lado.

— Não acredito.

Era uma garota, mas pensei que ele só pegasse garotos. Não faz sentido, ela deve ter o irritado bastante ou ele mudou seu gosto.

Ela estava adormecida, havia hematomas em seus braços e um corte em seu lábio.

Fico ali na cama, parado olhando para ela pensando de como vai ser quando ela acordar.

É uma nova vítima, estou aqui a mais de 10 meses e nunca teve uma nova vítima, eu me lembro de como foi quando acordei eu estava assustado e sozinho, ela vai sentir a mesma dor que eu senti.

Acho que sou a única pessoa agora que pode entender ela nesse momento.

É complicado, se eu tentar ajudar ela a fugir... aquilo vai acontecer e uma garota não precisa passar por isso assim como eu, não que isso o impeça.

Esfrego meus olhos, eu já estava me sentindo sonolento, me endireito na cama e adormeço ao lado.

Quando ela acordar, farei o possível para ajudar ela nessa situação. Isso se ele não me matar antes.

Olá! Eu só queria fazer algo do Vancer hopper a muito tempo, Espero que gostem :3

Basement of DespairOnde histórias criam vida. Descubra agora