As Crianças do Bosque

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É uma segunda feira, as 06:25 AM, parecia que iria ser apenas mais uma segunda feira como todas as outras, pacata, e sem graça, levanto-me de minha cama, olho para a janela com grades de ferro e um vidro um tanto quanto velho que dava direito para um terreno florestal, vez ou outra eu encontrava pássaros cantando nos galhos, mas hoje em especifico o dia parecia morto, ando ate minha escrivaninha velha feita com restos de moveis que meu pai achou em um brechó da cidade, remendada nos lados com pregos e fitas e com os pés que claramente não pertence a parte superior do móvel. Em cima da escrivaninha, meu caderno, uma lanterna feita de cano PVC e uns rascunhos de desenhos e poemas, meus amigos dizem que meus poemas são incríveis, discordo, são menos que mediano em minha opinião, estendida na cadeira que tbm estava velha e desgastada, estava minha toalha, pego-a e vou em direção ao velho corredor cuja as tintas da parede já estavam bem desgastadas, não posso dizer que a condição financeira de nossa família é das melhores, mas a gente se vira, meus pais depositam todas suas esperanças em minha irmã mais velha, oque meio que faz eles me negligenciarem em grande parte do tempo, alguns reclamam disso, pra mim isso é algo ótimo, assim ganho mais liberdade para ir e vir quando quiser. Continuo indo em direção ao banheiro, ate que sou interrompido por uma voz, doce, mas que tbm soava irritante, Nancy, minha irmã mais velha, bom... a gêmea mais velha, isso ja foi o suficiente pros meus pais definirem um filho favorito, embora, eles frequentemente repitam "nos não temos um filho favorito" Nancy chega perto de mim com um um rosto fervorosamente incomodada.

-MATEW!!!

viro lentamente e ainda com uma cara de sono.

- Não precisa gritar,... o linda, to do teu lado

Nancy coloca suas mãos em meu obro e abre um sorriso como "cumpra oque eu te disser ou eu te mato" aqueles olhos simpáticos e sorrisos fofo engana quase qualquer um. 

- Olha maninho, eu preciso me arrumar para a escola, e como este é o nosso único banheiro funcionando, eu vou tomar banho primeiro, ta ok bebe chorão? 

"Bebe chorão" sempre detestei esse apelido, ela faz questão de me chamar assim em todo lugar, e meus pais já estão pegando essa mania dela.

- Olha só garota exemplo, mesmo que esse seja o nosso único banheiro, meu banho é mais rápido que o seu, e eu tenho compromisso antes da escola hj, preciso passar no meu trabalho pra pegar umas caixas que o Alexander pediu, então com toda a licença do mundo, sai da minha frente. 

Andei em disparada para dentro do banheiro deixando ela falando sozinha com seus mil e um argumentos, tirei minhas roupas e tomei meu banho, após sair do banho vou arrumar meus quebradiços cabelos castanhos, e escovar meus dentes, saio de volta para o corredor que era mil vezes mais espaçoso que o banheiro, e olha que o corredor é pequeno, ao sair, minha irmã estava esperando com uma cara irritada e claramente incomodada com alguém não ter cedido o lugar para a bela garota loira de olhos verdes, mesmo sendo minha irmã gêmea, ela puxou mais os traços da mamãe, já eu? fiquei com o lado mais ferrado do pai

-Sai da frente garoto, ai, me atrasou toda sua praga, sai sai sai!!! Ela correu para dentro do banheiro como alguém que estava prestes a perder o ônibus , a ignorei e caminhei em direção ao meu quarto, n era nada de especial, era um deposito colado na casa que meu pai transformou no meu quarto após minha irmã dizer que "estava grande e precisava de um espaço próprio" engraçado foi que ela disse isso aos 6 anos, o quarto não e lá essas espetacularidades todas, paredes mal pintadas em um tom de azul seco, muitas partes estavam descascando, outras já n tinham nem resquícios da tinta, um guarda roupa velho e caindo aos pedaços que meu pai ganhou da sua avó antes dela morrer, acho que ele deve ter passado por uma guerra pra se encontrar nesse estado, sem duas portas, faltando gavetas, a esquerda da porta se encontra minha cama, acho que é o objeto mais bem cuidado deste quarto, sei que preciso arrumar ela, mas minha gata Chloe está dormindo e eu n vou tirar ela de lá, me direciono ate o guarda roupas pego uma calça jeans, uma camisa com estampa de um urso lutando com um alien, me direciono para abrir a janela para ao menos tentar refrescar o quarto, quando abro a janela..., vejo um vulto pequeno, diria que é de uma criança, ela parecia correr bosque a dentro, ignorei isso e terminei de abrir a janela, olho as horas do no meu celular, 7:15, tenho cinco minutos para tomar café e ir para a escola, saio correndo do quarto, passando pelo velho corredor novamente e entrando na primeira porta a esquerda, lá estava todos almoçando, e novamente, ao entrar na cozinha ouço de minha mãe

- Matew, já ia esquecendo de vc filho, acho que sobrou algo, seu pai e sua irmã devoraram tudo, não se importa de comer pouco e completar com lanche na escola não ne? 

"Claro que não mamãe, não como se todos os dias vocês esquecessem de mim, pra tudo, sair, comer, tomar banho, viajar, já perdi a conta de quantas vezes vc me esqueceram em casa, durante semanas, meses, e eu tinha que sobreviver com oque eu achava no armário, mas nunca comendo muito pra vocês não  darem falta" pensei eu enquanto colocava um falso sorriso no rosto e respondia 

- Claro que não mamãe, porque me importaria, o pai cansa muito no trabalho braçal na academia que ele trabalha, e a maninha sempre se esforça muito nos esportes que ela pratica, eu posso comer na escola se quiser. Antes que minha mãe tivesse a oportunidade de dizer algo, minha irmã de prontificou

- Obrigado maninho, que bom que vc entende o seu lugar, e que vc não precisa se alimentar tanto assim né. Disse ela enquanto dava um sorriso irritante e que me incomodava muito, virei as costas, e me retirei pela porta da frente, e novamente vi a silhueta, dessa vez parecia me encarar, algo manda eu a seguir, soltei minha bicicleta no chão e decidir ir atras dela, quando me aproximei vi que era uma criança, tinha em torno da minha idade, uns 15/16 usava uma mascara de coelho no rosto e roupas feitas a partir de animais , ela me guiou ate uma parte do bosque a qual eu jurei que não existia, era uma clareira, estar lá me contagiou de felicidade e alegria que eu nunca havia sentido antes a minha vida inteira, era como se eu fosse feito para aquele lugar, era magico, único, mesmo que em minha boca não se encontrasse palavras ou vozes, eu sentia que aquele era meu lar, passei a tarde brincando com as crianças, a coelho me ensinou a pescar, o lobo, a pegar insetos, o panda a brincar com espadas, e o corvo, ele me ofereceu uma mascara, uma de raposa, uma que parecia me chamar, e num movimento sem hesitar, eu me transformei em mais um filho da floresta, e minha missão? guiar outras crianças que sofrem de solidão.

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Contos de Lugar NenhumOnde histórias criam vida. Descubra agora