Capítulo 12 - Conversas reveladoras

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Olá lindes,

na mídia a música: Oi Sermuksnio, da banda: Ugniavijas

enjoy

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Capítulo 12 – Conversas reveladoras

Marcus viajara em sua forma shifter o dia inteiro e a noite, sem descanso, mal parando tempo suficiente para descansar nos postos de guarda ao longo da estrada. Por fim, ao amanhecer do novo dia, avistou a grande sombra da cidade-Estado de Moldovan à frente dele na planície, ainda a quilômetros de distância. Redobrou seus esforços e afastou a exaustão que ameaçava o derrubar.

Elazar voltou... Essa notícia era ainda mais importante do que o pescoço de Filipe Touret ou o seu próprio. Marcus prosseguiu numa velocidade impiedosa para os portões da cidade, o barulho de suas patas era ensurdecedor aos próprios ouvidos e competia com o estrondo das batidas do seu coração e finalmente estava aos pés de Moldovan, quase atropelando o guarda de serviço do posto logo abaixo da cidade.

O guarda de plantão no posto pediu permissão para baixar a ponte de entrada até o chão. Antes mesmo do metal tocar o solo o Capitão da Guarda, em sua forma de lobo corria pelas ruas, sem parar, e ele dirigiu-se para a passagem escavada que dava acesso privado a mansão do Bispo.

Elazar estava de volta, buscando vingança e o único homem que tinha mais a temer dele do que ele mesmo era o Bispo de Moldovan.

– Socoorroo! Socoorroo! – Algumas pessoas gritavam ao serem quase atropeladas por um enorme lobo marrom.

Os grasnidos estridentes de um pavão ornamental ecoaram pelos decorados jardins da mansão atrás da Catedral de Moldovan, como os gritos de uma criança aterrorizada. Marcus irrompeu pelo pátio à parecendo com o próprio cão que guarda a entrada do inferno, afugentando ignominiosamente a ave para longe.

Pastores e obreiros ergueram os olhos de suas conversas em sussurradas quando o viram passar, indiferente à beleza daquele oásis de luxo, em meio ao deserto de pobreza que era a cidade-Estado e os campos abaixo.

O Alfa Marcus localizou a escolta e o secretário do Bispo no lado mais distante do pátio e encaminhou-se para lá. O Bispo estava debaixo de uma amoreira, em íntima conversa com um jovem estonteante, cujo vestido branco, enfeitado de penas, imitava a plumagem colorida do pavão.

Na boca aberta do rapaz, ele deixou cair um petisco apanhado sobre a bem-servida mesa, coberta de guloseimas ao lado deles, como se alimentasse um pássaro. O riso dele ecoou pelo jardim. Por trás dos dois, uma jovem freira tocava suave melodia em uma flauta, que interrompeu no momento em que viu Marcus aproximar-se, nu e sujo, sem diminuir a pressa de suas largas passadas.

Os outros homens da Igreja se viraram, observando com desprazer a besta encharcada de suor que destruía a serenidade do jardim de Sua Excelência Reverendíssima. O Bispo cessou a conversa e ergueu os olhos, para então ver seu Capitão da Guarda materializar-se de maneira totalmente imprópria diante dele. Seu rosto ficou rígido de desagrado, quando estendeu a mão. Marcus inclinou-se para beijar o anel de esmeralda e uma gota de suor sujo caiu sobre as vestes imaculadamente brancas do Bispo.

– Peço desculpas, Excelência Reverendíssima – disse o shifter, com uma careta.

O Bispo o encarou friamente. – Já encontrou o criminoso Touret?

– Ele... não está sob minha custódia no momento – murmurou Marcus.

O cenho do Bispo ficou mais franzido. – E você invade este jardim, barbado, sem se lavar... Nu...

– Elazar voltou – disse o Capitão asperamente.

O Bispo ficou tenso, tendo a sensação de que um raio o tocara. Olhou para o amante, com rosto tensamente composto. Assentiu polidamente para ele, desculpando-se, e ficou de pé. – Caminhe comigo – disse a Marcus.

A Madição da Colina (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora