SWEET SECRET ✶ lee hee-seung

02. the one with the hockey players.

Fevereiro, 1998

— Muito obrigada, Park Minju! — Wonhee sorriu agradecida, seus olhos se tornando luas crescentes enquanto pegava um pedaço do bife escaldante que estava cozinhando no centro da mesa de grelha.

— Sim, coma bem. — Minju comentou enquanto cortava mais carne, fazendo Nari rir antes de enfiar uma colherada de arroz na boca. — Esta é uma oportunidade única na vida.

Park Minju: uma das duas melhores amigas de Kim Nari. As duas garotas não se tornaram amigas até o segundo mês de Nari na Insul High. Ela e Wonhee estavam sentadas nas arquibancadas comendo seu almoço até que Minju acidentalmente chutou uma bola de futebol no rosto de Nari, fazendo com que seu almoço caísse no chão. A garota Park imediatamente se desculpou e convidou as duas para uma refeição, antes que Wonhee exigisse que ela se juntasse à amizade delas e formassem um trio, e Minju simplesmente concordou (sendo uma garota solitária antes).

— Certifiquem-se de que vocês duas capturem meu melhor ângulo quando tirarem as fotos. — Minju ordenou, apontando seus hashis de metal para as duas garotas sentadas à sua frente. — Eu preciso parecer fabulous. — Ela sorriu de forma brincalhona, a última palavra da frase sendo em inglês quebrado.

— Isso só funcionaria se você tivesse um bom lado, Minju. — Nari comentou, risadinhas escapando de sua boca enquanto Wonhee explodia em gargalhadas, batendo em seu braço enquanto quase engasgava com o jantar.

— Ei, Kim Nari, — os olhos de Minju brilharam enquanto se estreitavam sobre a garota à sua frente. — Não fale tão mal de suas veteranas. — Ela advertiu, o que só fez com que Nari e Wonhee se virassem uma para a outra; ambas tentando desesperadamente conter as risadas.

— Você é setenta e duas horas mais velha que eu–

— Eu não ligo, — Minju interrompeu a amiga, balançando a cabeça enquanto mastigava sua comida. — Três dias ainda tem um–

Antes que Park Minju conseguisse terminar sua frase, o som abrupto e caótico de gritos e risadas desagradáveis encheu o restaurante quando a porta se abriu de repente. Um grupo de alunos da Insul High invadiu o local, se acomodando em um dos bancos antes de gritar seus pedidos.

As ações deles apenas fizeram Nari revirar os olhos e desviar o olhar, o comportamento deles só a lembrando dos alunos da Heechul High.

— Eles são tão mal-educados. — Minju resmungou com desgosto, fazendo uma careta ao ver o grupo barulhento reunido no canto do restaurante. — Malditos do time de hóquei. — Ela rosnou. — Ei, certifique-se de que as fotos deles fiquem de baixa qualidade.

Tudo o que a garota Kim conseguiu fazer foi soltar uma risadinha, seu humor antes alegre desaparecendo à medida que uma onda de ansiedade a consumia.

Ela já tinha estado perto de pessoas como o time de hóquei muitas vezes antes, em sua escola anterior. Todos achavam que eram melhores do que os outros e não se importavam nem um pouco com ninguém além de si mesmos. Era seguro — embora com hesitação — dizer que eles eram assustadores. Eles vagavam pela Insul High como se fosse seu próprio território.

No entanto, o capitão deles era de longe o mais intimidante e o mais cruel.

Lee Heeseung: um aluno do terceiro ano conhecido não apenas por ser o capitão e o jogador número '01' no gelo, mas também por não se importar com as regras estabelecidas e quebrá-las sempre que quisesse. Era chocante, para dizer o mínimo, que ele ainda estivesse no time de hóquei, embora os rumores dissessem que seu pai paga muito dinheiro à escola para mantê-lo lá. Ele sempre tem uma garota sob o braço ─ às vezes duas ─ e não se importa com ninguém além de si mesmo. Ele era cruel, frio e, no geral, uma pessoa nada agradável.

— Totalmente, — Wonhee falou sarcasticamente, balançando a cabeça enquanto apoiava a cabeça na mão, começando a se sentir satisfeita com a deliciosa refeição. — E lidar com Lee Heeseung só porque deixamos as fotos dele borradas? Não, obrigada.

Tudo o que Minju fez foi suspirar profundamente antes de desviar os olhos para Nari, que havia ficado em silêncio nos poucos minutos desde a chegada do time de hóquei.

— O que há com você? — Minju perguntou, acenando com a cabeça em direção à garota.

No entanto, Nari rapidamente balançou a cabeça, ignorando a pergunta da garota enquanto se endireitava. — Nada, — ela negou, esfregando inconscientemente as cicatrizes de queimaduras em seu antebraço, que estavam cobertas pela manga do blazer, enquanto memórias dos que a intimidavam surgiam em sua mente.

— Estou cheia, e a Bitna quer que eu seja goleira para ela esta noite, para que ela possa praticar seus chutes. —Ela anunciou (informação falsa) enquanto juntava suas coisas, colocando a mochila nos dois ombros e se levantando. — Obrigada pela refeição, Minju. — Nari agradeceu, antes de acenar para suas duas melhores amigas ─ que trocaram um olhar de confusão ─ e se afastar da mesa.

Assim que Kim Nari chegou à porta do restaurante, prestes a abri-la e sair, sentiu sua respiração falhar na garganta enquanto uma onda de nervosismo a atingia no peito; sufocando-a de certa forma quando seus olhos suaves e gentis encontraram os olhos escuros e maldosos de Lee Heeseung.

Ela observou enquanto um sorriso malicioso se formava nos cantos de seus lábios e como ele não fazia nenhum esforço para quebrar o contato visual, o que apenas fez suas bochechas queimarem de vergonha.

Então, ela desviou o olhar de forma desajeitada, abaixando a cabeça antes de sair apressadamente do restaurante, com o coração batendo forte contra o peito.

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Assim que Kim Nari chegou em casa e atravessou a porta, o barulho instantâneo da guitarra elétrica de sua irmã ecoou pelas paredes, enviando vibrações pela casa.

Era uma ocorrência normal para Nari voltar para casa e encontrar sua irmã, Bitna, tocando guitarra em um volume ensurdecedor, e também era comum ver seu pai com a cabeça entre as mãos, gemendo sobre a dor de cabeça que tinha por causa disso.

— Nari, — seu pai chamou, e ela foi em direção à sala, sorrindo amplamente para o homem. — Diga à sua irmã para baixar isso, pode? Ela está fazendo de novo... — Ele pediu, com um tom suplicante na voz, o que só fez a jovem rir e acenar com a cabeça, antes de subir as escadas rapidamente (perdendo alguns degraus enquanto fazia isso).

— Bitna, — Nari começou, abrindo a porta do quarto da irmã, seus olhos pousando imediatamente na garota de cabelo curto que estava com sua guitarra vermelha e brilhante em seu colo. — Papai disse para baixar o volume.

Bitna acenou com a cabeça em reconhecimento, encostando sua guitarra na parede. — Ok, desculpe. —Ela se desculpou, caminhando até seu rádio para diminuir o volume, e Nari apenas lhe enviou um sorriso doce antes de sair do quarto e entrar no seu.

Um suspiro profundo escapou de seus lábios enquanto ela caminhava em direção à sua escrivaninha, decidindo trocar de uniforme assim que terminasse as próximas quatro horas de estudos.

Era uma distração para o trauma em sua vida.

E assim, a garota Kim apontou seu lápis e logo começou a revisar suas anotações, ignorando as risadas que vinham do quarto onde sua irmã estava com as amigas (que decidiram aparecer de repente às sete da noite).