5. Almoço

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Finalizo se me arrumar e espero dar 14:00 para ir ao escritório, não faltava muito para isso então resolvi agilizar as coisas em casa.

Minha mãe havia saído antes de eu chegar e até agora não tinha voltado. Como de costume. Desde que meu pai nos abandonou ela não quer nada com nada e eu compreendo, pelo menos agora.

Quando era adolescente eu e ela garramos boas brigas, não gosto nem de lembrar. Meu pai sumiu durante minha infância e minha adolescência inteira, sinais ele só dava de que não nos queria por perto, e agora ele voltou a querer contato conosco, não me surpreende já que ele não tem mais nenhuma re$pon$abilidade com a gente.

Quando mais nova eu costumava manter um pontinho de esperança da ideia que ele pudesse me amar, que ele só estivesse confuso. Mas enfim, amadureci.

Arrumei e perguntei a casa, não havia muitas para arrumar, é como se morasse sozinha naquela casa.

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Cheguei em frente ao escritório, vestida formalmente e ao mesmo tempo na frente do batalhão. Roberto não está á vista, então sem delonga entro no prédio oposto.

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-- Olá, boa tarde, me chamo Thaísa sou candidata á vaga de estágio. -- Digo simpática e prática. --

-- Claro, pode aguardar na sala em frente, em alguns instantes o Nunes irá começar a chamar. -- Ela me entregou um adesivo para colar no meu blazer. --

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Outras mulheres foram chegando de mim, assim como a recepcionista tinha dito, Nunes começou a chamar e eu fui a primeira.

-- Bom tarde, Sr. Nunes. É um prazer.

-- Senhorita... -- Ele para e lê meu adesivo. -- Thaís Cavalcante, sente-se. Podemos começar? -- É simpático quebrando meu nervosismo.--

-- Claro!

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A entrevista foi calma e precisa, senti que consegui mostrar meu potencial. Mas do meio para o final quando comentei que o Capitão Nascimento que havia me indicado senti que ganhei vantagens.

A resposta da entrevista saía a qualquer momento.

-- Almoçar agora não seria má ideia. -- Assim que boto meus pés para fora do prédio espremo meus olhos por conta do Sol. --

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Escolhi um restaurante por perto e me sentei em uma mesa próxima á janela. Com o cardápio em minha frente , já havia feito meu pedido. Sinto um arrepio em meus ombros.

-- Boa tarde Thaísa, posso me sentar? -- Nascimento se revela, está com semblante leve. --

-- Claro Nascimento, inclusive tenho novidades.--

-- Hm? -- Ele diz chamando o garçom com um gesto. --

-- Acabei de sair do escritório, da entrevista que disse que você me indicou. Tenho bons pressentimentos. -- Falo simpática levemente animada olhando-o. --

-- O mesmo de sempre, obrigado. -- Disse prático ao garçom que logo saiu em concordância.-- Só me diga se conseguir. Pra não se decepcionar.

-- Tudo bem. Por um acaso... Estava me seguindo? -- Pergunto ao mesmo. --

-- Costumo vir aqui quase sempre, fica na esquina do batalhão. -- Ele sorri e olha para fora.--

-- O que? -- Questiono -

-- Também te vi da janela. Na verdade, te vi chegando no escritório, saindo e vindo até aqui. --

-- Estava me espionando? -- Indago incrédula. --

-- Não de propósito, foi só, coincidência.

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Nossos pratos chegam e comemos em silêncio, as vezes o sentia me observando com a visão periférica e isso me arrancava risos de vergonha. Aquele clima, era muito estranho, uma tensão agora que parecia boa, talvez por não estarmos na presença de Analie e eu não me sentisse culpada pelo fato.

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Já havíamos terminado e ele insistiu para que o deixasse pagar a conta.

-- Obrigada pela companhia Beto, preciso ir. -- Digo simplista e educada.-- Digo me levantando. --

-- Por nada, boa sorte com a vaga. -- Ele me acompanhou até a porta. --

Ele me deu um abraço e um leve cheiro no pescoço despedindo-se. Será que foi proposital? Não quero criar esperanças com o pai da minha melhor amiga, me sinto culpada e arrependida pelo que aconteceu.

-- Obrigada Roberto. -- Sorrio leve. --

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Já fazia tempo que tinha chegado em casa, descansava a mente e o corpo no banho quente. A intenção era descansar e não pensar na entrevista, mas isso não pareceu um obstáculo ao tanto que pensava em Roberto.

Por que penso tanto nele? Foi só uma... Quase transa. Não aconteceu nada além de nos beijarmos, dele me carregar em seu colo, balbuciar aquelas coisas no meu ouvido.

Me subia uma quentura só de lembrar, fazia um bom tempo que não me envolvia com homem nenhum. Desligo o chuveiro encerrando esses pensamentos me dando por vencida a esquecer esse, "quase erro". Erro "quase" cometido, que não devo me culpar já que "quase" aconteceu.

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Escuto a porta abrir.

-- Querida, cheguei. Passei na sua tia e acabei sentando pra conversar. Tudo bem? -- Ela dizia me procurando pela casa. --

-- Tô aqui mãe, tudo bem. Cheguei a pouco da rua. Acho que vou levar a Nina pro pet shop, essa cachorra tá com cheiro de murrinha. --

-- Até esqueci de perguntar hoje de manhã, foi tudo bem na casa da Analie ontem? -- Perguntou sentando-se ao meu lado e meu deu um abraço. --

- Foi sim. -- Engulo seco com um leve riso. --

-- O que foi Thaísa? O que que aconteceu bebê? -- Pergunta sorridente ao ver meu riso tímido. --

Amo minha mãe mas depois de um tempo não vejo mais necessidade de contar tudo a ela. No final o que desabafava sempre voltava como um julgamento hora ou outra. Minha individualidade era o que me mantinha mais segura.

-- Nada mamãe, estou só animada com uma vaga do estágio que disse que estava procurando lembra?

Ela se convenceu e alonguei a conversa.

A rotina seguiu normalmente, e eu não poderia deixar de agradecer por estar em um momento tão calmo em minha vida. Tenho pavor de turbulências, insegurança, e quando as situações não estão no meu controle. Mais uma noite indo dormir calma.

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⏰ Última atualização: Aug 10 ⏰

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