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''Se você se convencesse de que você é diferente, acreditaria ou estranharia se dissessem que o que você sente é normal?''
Observando as crianças brincando com os amigos no parquinho, sentada sozinha na casa na árvore havia uma menina de treze anos, que adoraria ir brincar com as outras crianças, mas ela não tem confiança nenhuma para pedir para brincar com elas.
Ela apenas os observa, imaginando estar brincando com eles. Dizia a si mesma para deixar de drama e só ir logo lá, mas sempre, ao mesmo tempo, vinha a lembrança chata de crianças rindo dela da primeira e única vez que ela pediu pra brincar. Nunca mais desde então.
Não havia muito o que se fazer naquela pequena cidade, apenas passear por aí. "Mas e os pais dela? Não ficam preocupados?" Talvez perguntem. Mas é mais capaz das crianças do orfanato sentirem mais falta dela do que as cuidadoras. Ela não sabe o que aconteceu com seus pais, uma psicóloga que ela se consultou por um tempo disse que poderia ser resposta a um trauma de infância, e que para se proteger, o cérebro bloqueou essas lembranças.
Isso não a incomodava muito, exceto nas apresentações na escola, quando algum professor perguntava com o que os pais das crianças trabalhavam, e na vez de Kamuy era sempre "Eu não sei." Ou uma resposta mais direta como "Não tenho pais, senhora." Dependia muito do humor dela.
Kamuy não sabe por que as crianças não chegavam puxando assunto com ela como faziam uns com os outros, mas ela se acostumou a observar. Ela se tornou muito boa em ler as pessoas como livros, nada era uma novidade pra ela quando se tratava de pessoas, a menos falar com elas.
Mas ela não tinha esse problema com crianças. As crianças a amavam, e ela as amava. Kamuy não precisava se esforçar para conversar com elas, se fizesse apenas uma palhaçada já conseguia fazê-las rir. Era tranquilo. Elas não se incomodavam com seu cabelo volumoso, e diziam que a pele dela devia ter gosto de chocolate. Elas adoravam fazer penteados no cabelo dela e colocar pequenas flores pelo cabelo dela, de qualquer cor e tamanho. Não era sempre que conseguiam deixar o cabelo dela bonito, na verdade na visão de Kamuy, era muito difícil deixar aquele cabelo bonito, mas as crianças não se importam.
Mas haviam coisas sobre Kamuy que ela não deixava ninguém ver, ou diriam que:
1- Ela é um extraterrestre.
2- Ela tá fingindo só pra se aparecer.
3- Não existe uma terceira opção.
Como por exemplo, quando Kamuy tem certeza que deu um curto-circuito na geladeira absolutamente do nada, ou quando ela precisava lavar o chão, e ela tinha certeza de que a água se esquivava da mão dela. Não havia explicação lógica para isso, e se existia, alguém por favor atualize essa menina porque ela tá muito desinformada.
Mas ela nunca poderia contar isso para alguém, na verdade não tinha nem pra quem contar.
Foi na mesma época que essas coisas estranhas começaram a acontecer, que pela primeira vez, alguém havia dado o primeiro passo de ir conversar com Kamuy. Geralmente ela ficava longe de idosos, mas esse homem não parecia ser um idoso, apenas tinha cabelos brancos espetados, como se tivesse levado um choque, e estava sempre com o rosto coberto, não importa se estava fazendo calor ou frio, o rosto estava sempre coberto.
O homem puxou conversa com ela dizendo que era um turista, e que ficaria pela cidade por alguns dias. Se apresentou como Kakashi, o que deixou Kamuy muito feliz, porque ela quase não conhecia pessoas com nomes tão diferentes assim, e a grande maioria dos nomes exóticos com certeza não começava com K. Kamuy apresentou o centro comercial da cidade para Kakashi, algumas pessoas acenavam alegremente para Kamuy, enquanto outras simplesmente fingiam que ela não estava lá. Normal.
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A Lenda De Burakkurei - O Início
FanficEla era diferente. Sentia que não importasse o que fizessse, ela nunca seria realmente vista por quem ela é, mas também não dá pra fazer milagres se você não tenta conversar com ninguém. O nome dela é Kamuy, lembrem-se disso. Acontece que, se você n...