Orgulho | Capitão Nascimento

Capítulo 2

Já horas após, o peso do trabalho já esquecido em prol das preocupações do restando do dia e das diversas aulas que tiveram durante a manhã, ambas as amigas caminhavam em direção a saída. Haviam feito como de costume e almoçado em um dos Restaurantes Universitários, dessa vez naquele logo ao lado do curso de Paula. A conversa ia bem, até que Paula deu em breve olhada em seu relógio, e logo se virou para Carolina, confusa.

"Ei, já não tá quase na hora do seu ônibus?" Uma breve olhada em seu telefone foi o que precisou Carolina para confirmar seus temores. E lá estava, nos pequenos números no topo da tela, a prova de seu atraso. Já passavam de 11:55, nem mesmo se corresse poderia chegar ao ponto antes de 12:00 - só de onde estavam seria quase 10 minutos de caminhada.

"Mas que m- Aaa!" A frustração era tanta, que nem mesmo conseguiu expelir o chingamento na ponta da língua. Em questão de segundos, a garota já se estressava com o ocorrido: o ônibus só passaria novamente em uma hora, e para sua grande sorte, era o único que a deixava logo a porta de seu trabalho. Agora só lhe restava a opção de fazer uma baldeação, e ainda sim chegaria atrasada ao menos meia hora.

O dia tinha começado bem demais, sinceramente...

"As vezes eu penso que devo tentar sei lá, tropeçar no caminho, só pra diminuir a chance de ter o azar de perder o horário do ônibus, Paula." Sua expressão era uma mistura de tristeza e aceitação, afinal, nada podia fazer agora se não seguir em direção ao ponto.

A despedida entre as duas foi breve, Carolina não querendo arriscar a perder novamente o horário, e enquanto Paula seguiu seu caminho tentando não rir do desespero de sua amiga, a jovem foi logo em direção ao seu ponto.

No meio do caminho, Carolina decidiu cortar caminho passando pelo estacionamento, e tentar poupar alguns preciosos minutos. Ainda reclamando de seu atraso, foi quando esbarrou logo de cara com um estranho. Na realidade, esbarrar é um elogio, Carolina quase atropelou o homem a sua frente, por pouco não derrubando seus materiais. O que não fazia uma mulher na pressa.

"Leva embora, pô. Tu não olha por onde anda, garo- Carolina...?" Antes mesmo que a jovem pudesse raciocinar completamente o ocorrido e se desculpar, a voz de Matias a surpreendeu. Confie em sua sorte para, de todas as pessoas da faculdade, atropelar logo seu colega de grupo.

"Matias? Ai, meu Deus, me desculpa! Eu tô na pressa aqui, acabei de perder um ônibus já..." Riu de nervoso a menina, enquanto olhava pelo chão a procura de algo. "Você não se machucou né? Derrubou algo?"

Sua voz saiu em um turbilhão, as palavras quase que jorrando de sua boca. A união do atraso com o acidente tornando a garota ainda mais ansiosa. E com a expressão de confusão de Matias a sua frente, era óbvio que não tinha sido muito coesa ao falar.

"Ein..? Tô bem sim, Carolina, não esquenta. E nada caiu. Vamos se acalmar. Não tem porquê se estressar assim por um ônibus." Talvez tenha sido o tom calmo de Matias, mas assim que o outro terminou a frase, Carolina se viu liberando toda sua angustia momentânea em cima do colega.

"Não tem porquê? Claro que tem, pô! Eu vou ter que fazer baldeação agora lá longe, e ainda sim vou chegar atrasada, fi." Inevitavelmente, suas mão seguiram para seu rosto e cabelo, passava as mãos nos cabelos desarrumando ainda mais os cachos escuros. "Mas já que tu tá bem, eu vou indo, beleza? Depois eu te pago um café pra compensar o empurrão. Desculpa de verdade, ai."

Antes mesmo de terminar completamente sua frase, já ia seguindo seu caminho, ajeitando a mochila nas costas - como se isso fosse a fazer ir mais rápido. Matias ainda a olhava de maneira confusa, e logo estava atrás da jovem, a alcançando em breves passos.