Henry - Mãe? Lia!

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Essex - 1547

- Henry! - Ouvi uma voz ofegante me chamando.

- Me espera! - Parei e a vi se aproximar rapidamente vestindo um longo vestido azul claro.

- Você anda muito rápido! - Disse recuperando o fôlego.

- Você está bem? - Perguntei segurando a risada e recebi um olhar de aborrecimento em retorno.

- Seria incrível se você parasse quando ouvisse alguém chamando pelo seu nome.

- Ajeitou a postura me olhando. - Tem noção de como é difícil correr com esse vestido? Choramingou.

- Tudo bem, Lia. - Suspirei.

- Mas porque tanta pressa? E por que você está vestida dessa maneira? - Perguntei em dúvida, ela odiava aquele tipo de vestido, só usava quando nossa mãe a obrigava.

- A mamãe me pediu para te chamar, parece que têm algumas visitas chegando e ela quer você presente. E essa coisa aqui deve ter alguma relação com isso. - Disse apontando para o próprio vestido extremamente extravagante.

- De acordo com a mamãe, todas as garotas devem se vestir como a nossa abençoada rainha. - Revirou os olhos imitando a voz de nossa mãe.

- Mas essas roupas enormes... eu não consigo fazer nada com elas! Nem sequer sentar em uma cadeira de maneira confortável é possível! - Ela me encarava com os olhos arregalados parecendo amedrontada. Não duvido que ela tivesse pesadelos com esses vestidos a perseguindo.

- Claro, irmã. Disse a fazendo parar de falar. - Eu com certeza adoraria passar o resto da tarde ouvindo as suas infinitas reclamações sobre esses vestidos tenebrosos que tanto te assombram. Percebi uma expressão de aborrecimento tomar conta de sua face.

- No entanto, nós temos deveres a cumprir. Vamos. - Estiquei o meu braço para que ela enrolasse o seu e caminhamos juntos até a casa.

- Mãe? - Chamei quando chegamos em casa. Tem alguma coisa errada. Está tudo muito silencioso. Nada vindo de dentro da casa. Nada vindo de fora. Nada.

Pedi para Lia não fazer nenhum barulho e me esperar do lado de fora da casa. Fui entrando silenciosamente enquanto prestava atenção em cada canto. Estava tudo escuro. Minha mãe nunca deixava a casa assim. Desde a morte do papai ela tem deixado pelo menos uma vela acesa em cada cômodo. Cada passo que eu dava, sentia a minha respiração ficar mais pesada e o meu coração parecia prestes a sair do peito.

Cada cômodo novo era algo de estranho. Na sala a porta parecia ter sido arrombada. Tinham arranhões por todo o corredor. Os quartos estavam uma bagunça, mas em um... o quarto da minha mãe... tinha um rastro de sangue nos cacos do espelho quebrado espalhado pelo chão.

Segui o rastro que saia do quarto indo em direção à cozinha. Respirei fundo me preparando para o pior.

Abri a porta lentamente me deparando com algo que eu sei que não irá sair da minha mente pelo resto da minha vida.

O corpo da minha mãe caído na frente da pia com a cabeça jogada do lado em uma expressão de puro pavor.

A minha mãe morreu... e eu nem sequer estava aqui... de novo... primeiro meu pai e agora a minha mãe...

Um grito vindo do lado de fora da casa me tirou do choque.

Lia. Não. Eu não posso deixar nada acontecer com ela também!

Corri o mais rápido que eu pude até onde havia a deixado.

Cheguei a tempo de ver um homem tirando a boca do pescoço dela. Sangue escorria pela sua boca. Sangue da minha irmãzinha. Virei rapidamente o olhar para ver o pequeno corpo sem vida caído no chão. Os seus cabelos castanhos tampavam a sua face, mas eu tinha certeza de que a sua expressão era a mesma da nossa mãe. Sem pensar muito, pulei em cima do homem tentando acertar um golpe em seu rosto, mas fui rapidamente imobilizado.

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⏰ Última atualização: Aug 10 ⏰

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