tv olimpo 02

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Monte Olimpo, Empire State Building - NY


— Bom dia, boa tarde e boa noite! — Hermes pisca de forma charmosa para a câmera. A audiência ama você, Hermes. — Os Jogos Olímpicos praticamente acabaram de começar, mas já foram tantas emoções, que sinto como se já tivessem passado dias. Hoje estou na presença de Atena, que dipensa maiores apresentações. — Som de palmas no estúdio, apesar de não ter um público presente. — E Ártemis, deusa da caça e da vida selvagem, que tem grande ligação com a lua...

— Eu não dispenso apresentação? — Ártemis indaga, seus olhos indo de Hermes para Atena. — Sou tão famosa quanto qualquer um de vocês.

— Não é isso que eu quis dizer — Hermes se justifica. — É que você não costuma aparecer tanto quanto Atena, que é um pouquinho mais presente.

— Eu sou presente! — Cruza os braços. — Eu só não faço questão de ficar falando sobre mim e os meus feitos cada vez que estou na presensa dos outros.

— Ei! — Atena devolve o olhar irritado. — Não falei nada para você me insultar!

— Nem eu falei nada! — Hermes se defende. — Mas como eu falava antes, já aconteceram muitos momentos emocionantes nos jogos. Vocês gostariam de destacar algum?

— Tenho alguns filhos competindo nessa edição...

— Como em todas as outras — Ártemis fala em um tom reprimido.

— Disse algo, querida? — Atena usa um tom passivo-agressivo. — Não te ouvi.

— Nada. — A deusa da lua se faz de desinteressada. — Apenas concordei.

— Retomando — Atena fala em um tom solene. — Tenho alguns filhos competindo nessa edição, e tenho estado muito orgulhosa do desempenho de cada um suas funções. Passaram muito tempo treinando e dando tudo de si para, enfim, chegar às Olimpíadas e nos presentar com performances realmente extraordinárias.

— E quanto a você, Ártemis? Algum momento memorável?

— Flávia Saraiva humilhando todo mundo com o supercílio aberto. — Sorri para a câmera. Ela me mataria se ouvisse isso, mas está muito parecida com seu irmão, Apolo; e como continuo a digitar esse relato, ela ainda não descobriu as minhas palavras.

— Sério isso? — Atena a repreende com um olhar debochado. — A única coisa que te interessa é alguém ferido durante uma competição?

— Alguém ferido que continuou entregando tudo. No pain, no gain.

— Barbárie.

— Não entendi o que te incomoda. — Ártemis levanta as sobrancelhas e esconde um sorrisinho sacana. — Me lembro de você comemorar muito enquanto um gladiador era dilacerado por um leão dentro do Colisseu.

Atena engole a seco.

— Não existiam direitos trabalhistas naquela época — ela explica.

— Acabei de receber aqui no ponto — Hermes se intromete — que um dos nossos correspondentes de Paris está pronto para nos trazer algumas informações em tempo real. Vamos para Paris!

— A capital do mal-humor — murmurou Ártemis.

Annabeth entra na transmissão com a Torre Eiffel logo atrás de si, o símbolo dos jogos com os cinco arcos está pendurado na base da construção.

— É com muita alegria que saudo todos os nossos telespectadores, direto de um dos maiores símbolos da Cidade Luz. — Ela inicia. — Para os curiosos, a torre que hoje tem mais de cem anos, na verdade, era para ser algo temporário. Ela foi construída para comemorar os cem anos da Revolução Francesa, um momento tão importar para a França e o mundo. A ideia era que fosse desmontada vinte anos depois, mas acabou sofrendo alterações para que perdurasse como um símbolo da cidade. Além disso, também é interessante notar que, assim como a nossa altura, a Torre Eiffel também sofre alterações, com variações que podem chegar até quize centímetros. E isso acontece, porque o ferro sofre alterações de acordo com a temperatura; então no verão ela pode aumentar de tamanho, assim como no inverno ela tende a diminuir...

Voltamos ao estúdio, com Hermes no centro, Ártemis a sua esquerda e Atena à direita.

— Ei! — a deusa da sabedoria protesta. — Por que está cortando a minha filha?

— Porque ela está a cinco minutos falando de uma maldita torre? — Ártemis rebate. — Cha-to.

— Como ousa zombar dessa forma?

— Ela deveria falar sobre os Jogos, não essa torre rídicula, que além de tudo, reforça os jogos de poderes ao se apresentar na forma fálica. Coincidência? Acho que que não!

— Já que o nosso objetivo aqui são os jogos — Hermes intervém mais uma vez —, são patronas de quais modalidades nessa edição?

— Arco e flecha — Ártemis assume com orgulho.

— Ah, sério? — Atena ridiculariza. — Eu nem esperava por essa.

— Não é culpa minha que a minha arma seja uma modalidade. — Na verdade, é culpa de Ártemis sim. Ela praticamente montou um lobby séculos atrás para que isso fosse uma forma de avaliação da performance humana. — Talvez um dia você tenha alguma chance caso xadrez ou velocidade de leitura se tornem esportes olímpicos.

— Não é porque você é incapaz de executar os dois, que eles não sejam esportes dignos.

— Está me chamando de burra?

— Saberia interpretar o que digno se lesse um pouco mais.

Ártemis se coloca em pé.

— Eu e você, no mano a mano, agora.

— Não, obrigada. Preferia não te humilhar em uma transmissão para toda a nossa família. Não seria uma imagem boa para as suas arqueiras.

— Sem essa, gente. — Hermes ri nervoso. — Não temos necessidade de sair na mão. Daqui a pouco o pessoal do judô tá subindo no tatame para isso.

— Tá com medo, Atena?

— Rárá... — Hermes ri nervoso. — Eu estou, um pouco.

Atena também fica em pé.

— Como eu disse, meu único medo é a sua humilhação. Você não é a única que sabe lutar.

— Mas sou melhor.

— Isso é discutível.

Ártemis está mais próxima de uma adolescente de quatorze anos, ainda sem ter passado pelas mudanças do crescimento. Atena é praticamente uma das deusas do vôlei: pernas longas, braços torneados e um olhar mais dolorido do que uma bola de corte.

— Discute com o meu punho então! — Ártemis passa por cima de Hermes para alcançar a outra deusa.

— Volta a transmissão pra Paris! — o deus da sorte grita para a câmera. — Agora!

O som de algo se quebrando é ouvido antes que Annabeth e a Torre Eiffel apareçam na tela.

— E por isso Hitler tinha a intenção de destruir a torre, além de ser uma forma de abalar as tropas francesas. — Annabeth dá uma pausa para respirar fundo. — E não tem como falar da Torre Eiffel sem lembrar que ela já foi a torre mais alta do mundo, com mais de dezoito mil peças compondo toda a sua construção.

O FILHO DOS MARES (Gabriel Medina/Olimpíadas/Percy Jackson)Onde histórias criam vida. Descubra agora