Prologo:

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No silêncio de uma noite sem lua, onde até as estrelas pareciam temer revelar os seus brilhos, o destino de um reino foi selado. Nas profundezas de uma floresta sombria, onde as árvores antigas guardam segredos há muito esquecidos, uma vida estava prestes a começar enquanto outras, em algum lugar distante, estavam sendo arrancadas à força.

A rainha Isabel, enfraquecida pelo cativeiro, segurava nos seus braços a última esperança do reino: uma filha recém-nascida, cuja vida seria marcada pela perda e pelo mistério. Os seus olhos, antes cheios de força e determinação, agora refletiam a dor de saber que o futuro da criança estava fora do seu alcance. Ela sabia que o amor que sentia pela sua filha seria a sua última dádiva, e talvez a única coisa que poderia protegê-la de um mundo cruel e sem coração.

Os raptores, homens sem alma, tramaram para que essa pequena vida fosse deixada à deriva, condenada a um destino incerto. Na calada da madrugada, eles a colocaram numa cesta velha, empurrando-a suavemente pelo rio, como se quisessem lavar as mãos do pecado que estavam a cometer. A correnteza, serena e traiçoeira, levou a criança para longe, enquanto o eco dos últimos suspiros da rainha perdiam-se na escuridão.

Mas o destino, na sua infinita teia de possibilidades, já havia tecido outros planos. Naquela mesma manhã, uma mulher de coração generoso, parte de uma família tão humilde quanto amorosa, foi despertada por uma inquietação inexplicável. Algo dentro dela, uma força maior do que qualquer entendimento, a impeliu a seguir o curso do rio. E ali, entre as pedras e os galhos, ela encontrou o que seu coração já sabia que estava à procura: uma bebê, a chorar pela primeira vez num mundo que parecia ter esquecido da sua existência.

A Ana, com as mãos trêmulas e os olhos marejados, resgatou a criança da cesta suja e húmida. Ao olhar para aqueles pequenos olhos, sentiu uma conexão imediata, um laço que transcendia o sangue e a origem. Sem hesitar, decidiu que aquela menina, embora nascida em circunstâncias tão sombrias, seria a sua filha, amada e protegida como se fosse da sua própria carne.

Enquanto o sol nascia e as sombras da noite dissipavam-se, o reino recebia a notícia devastadora: a família real estava morta. O trono ficava vazio, sem herdeiros, sem esperança. O luto tomou conta das terras, mas numa pequena casa de camponeses, uma nova vida florescia, cercada por amor e simplicidade, alheia ao peso do sangue que corria nas suas veias.

E assim começou a jornada da Catarina, a princesa perdida, cujo destino estava escrito não nos salões dourados do palácio, mas nas mãos ásperas de uma família humilde que lhe ofereceu o que nenhum trono poderia dar: um lar. O reino, sem saber, aguardava o retorno da sua verdadeira herdeira, enquanto o tempo tecia a sua trama cheia de segredos, de dores e de redenções.

Neste prologar silencioso, o destino foi traçado, e a história de "A princesa perdida" começou a ser contada, não em proclamações ou vitórias, mas nos pequenos gestos de amor que, sem alarde, mudam o curso da história.

A princesa perdida.Onde histórias criam vida. Descubra agora