II - EXOESQUELETO (2023)

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SAUDADE

Eu me senti feliz

Quando teus olhos

Acolheram minha essência

Fadigada.

Nos meus sonhos difusos

O caminho se desfez

E sozinho,

Despertei.

Ainda que eu não tenha nascido

Para ser amado,

Carrego memórias;

Minha única posse.

Não deve lembrar de mim,

Os olhos estão fechados.

Minha essência perdida,

No passado.


POÇO DE PARANÓIA

Um poço de paranóia,

Repleto de depravações;

Morto-vivo, sufocando

Num salão abandonado.

Sem traços de beleza,

Nem curvas esculpidas.

Manchas na minha alma,

Peçonhento é o recomeço.

A calmaria exibe os dentes

Quando a podridão agarra o solo.

Ao amanhecer, emergem brotos de maldade;

É disso que minha espécie se nutre.

Cavo até a raiz

E destruo tudo

Com minhas mãos.

Mas não existe

Para onde

Fugir de mim.

O morto que está vivo

Acorda os traumas.

Ademais, ele foi enterrado

Para que eu pudesse semear

A minha paz.


PÂNICO

Meu estômago,

Minhas entranhas,

Poderiam estar fora do corpo.

Talvez em minhas próprias mãos.

Este desejo macabro aflora em mim;

Para me aliviar dessa agonia doentia.

Agonia, derivada da doença;

Da mente em ruínas.

Estou apodrecendo.

Visto de fora,

Um louco.

Os gritos não saem,

As lágrimas não caem,

A raiva enjaulada.

Quando é assim,

O desespero ultrapassa a medida.

Eu sinto medo.

É como se eu fosse controlado

A Respiração FantasmaOnde histórias criam vida. Descubra agora