Jardim

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•••Claude•••


Estou no enorme e exagerado gazebo no jardim, tudo pronto para a vinda do imperador.
    As borboletas voam pelo majestoso jardim, variadas flores, todas em fileiras.
   Algo muito bonito de ver.

—Vossa majestade,o imperador! — a empregada anunciou e logo se retirou.

—Olá, vossa majestade. — fiz uma reverência e logo voltei a minha postura.

—Filho, gostaria que me chamasse de pai. —o imperador falou e eu franzi a testa, mas resolvi relevar.

— Como quiser, pai. — o respondi, a palavra pai saia de uma tão estranha que nem sei explicar.

—Vamos nos sentar. —Assim nos sentamos nas cadeiras que tinham disponíveis, e começamos a desfrutar dos doces e bebidas que tinham ali.

—Vi que colocou o quadro de Amélia na escadaria principal.

—Sim, é uma mulher muito bonita.

—Sua mãe foi a mulher mais bela que eu conheci, a amava muito. — ri de sua fala, a hipocrisia era tão grande assim?

—Se a amava tanto, porque a deixou morrer sozinha. — não segurei a minha língua e tomei um gole do meu chá. Forte demais.

—Claude, eu nunca a deixei, sua mãe tinha uma doença transmissível e- — o interrompi, iria mesmo dar essa desculpa?

—Como assim transmissível? Vai dar mesmo essa desculpa?

—Do que está falando?

—Se minha realmente tivesse uma doença transmissível, eu já estaria morto a muito tempo. — o encarei e vi dúvida em seus olhos— eu passei o resto dos dias dela, ao lado dela! Posso não me lembrar do seu rosto, ou de sua voz, mas lembro claramente de estar ao lado dela.

   Ele ficou quieto por um tempo e percebi que seu rosto se endureceu e uma veia estava a mostra, meu pai olhou para mim e sua expressão se suavizou.

—Claude, eu cometi muitos erros, alguns que nunca poderei reparar, então me prometa uma coisa.

—E o que seria?

—Nunca comete os erros que eu cometi, o poder é bom filho, mas ele tem seu preço.

   Apenas concordei com a cabeça e desfrutarmos daquela tarde.
   Iniciamos uma conversa pacífica, ele fazia perguntas sobre as minhas aulas, sobre o que eu gostava e coisas do tipo.

—Claude, percebi que não tocou no amendoim, não é do seu agrado? Posso mandar as empregadas trazerem outra coisa. 

—Não será necessário vossa... Quero dizer, pai, sou alérgico a amendoim.

— Bom saber,irei providencia para que os próximos encontros não tenham amendoim.

—Ficarei bastante agradecido.

—Quer dá uma volta pelo jardim? — ele perguntou e o olhei — sei que pode não parecer,mas... Eu conheço cada canto desse jardim.

—Bem, farei o que o senhor pedir.

   Assim nos levantamos e começamos a andar pela grama, o cheiro das flores, era algo que me fazia respirar tão fundo, aos poucos estou esquecendo da poluição da cidade.

—Sabe, mandei construir esse jardim para sua mãe.

—Meio meloso. — soltei sem querer e meu pai riu.

—Claude, dar um jardim para alguém em nossa família, é sinal que você ama aquela pessoa.

—Tão brega assim?

Um Pai para AthanasiaOnde histórias criam vida. Descubra agora