Um Pai para Athanasia

Fonte

•••~ Claude ~•••

Andei com Marie até ficar bem distante da sala de jantar.
   Ela parecia um tanto tensa enquanto caminhava em direção ao quarto, então decidir ir por um caminho mais longo.

—Por onde estamos indo? — ela perguntou, percebendo que eu estava desviando do caminho original.

—Creio que precisamos conversar. Que tal ir pelo jardim?

—hum.

  Andamos um pouco pelo jardim do palácio Safira, as flores aqui são todas azuis, combina com o lugar.

   No centro do jardim tem uma fonte,dizem que ela realiza desejos, a imperatriz Cristalina I,ficou hospedada aqui e depois de jogar uma jóia na fonte, pedindo para conhecer o verdadeiro amor, ela se casou com Aelito III, eles entraram para a história como casal imperial mais apaixonado que já existiu.

—É um lugar lindo. — Marie falou olhando ao redor.

—Devo concordar,mas em comparação as cidades de Siodoma, nem se compara.

—Hummm,não sei te dizer. — ela falou rindo e se sentou,e a olhei sem entender.

—Nega a beleza de seu próprio país?

—Não é isso, é que...— ela se calou durante alguns segundos e voltou a falar — não tenho permissão para sair do palácio de Siodoma, então nunca conheci as cidades.

—Não tem permissão para conhecer o próprio país? — questionei um tanto surpreso e me sentei ao seu lado.

—Temos culturas diferentes, até esse vestido é diferente para mim, só estou o usando porque o imperador nós deu como presente quando chegamos. — ela falou olhando para o próprio vestido. Realmente, como não percebi? As roupas de Siodoma são como as roupas dos gregos antigos.

—Mas mesmo assim, até sair de casa?

—Casa?puff. Passo a maior parte do tempo na academia real. Sem falar que é contra a etiqueta real de Siodoma.

—E o que essa etiqueta real fala? — perguntei sendo sarcástico. Já não gostei dessas regras mesquinhas,mas não é como eu seguisse as do meu país.

—Dizem que nenhuma garota que não atingiu a maior idade,pode sair de casa e vier a sair,tem que ser com um véu bem longo que alcance o chão. — ela falou sendo mais séria.  Ok, toda a beleza de Siodoma foi para o ralo agora.

—E quando é a maior idade?

—Aos 15.

—15?! Aqui a maior idade é aos 21 e você ainda é visto como jovem.

—Isso deve ser muito bom,queria que fosse assim em meu país — Ela falou encarando a fonte, uma leve brisa soprou sobre nós e as mechas soltas do cabelo dela voaram levemente.
  Mas então, uma pergunta veio na minha cabeça.

—Espera, você tem quantos anos?

—Tenho treze.

—Então... porque não está usando o véu?

—bem...,meu pai espera que eu ou a minha Irma,seja a sua noiva, então recebemos permissão para andar sem o véu,em Obelia.

—Sabe que se acabar noivando comigo, não irá se casar de imediato.

—Sei disso,mas creio ser difícil.

— Difícil o que?

— noivar com você.

—Por que diz isso?

—Meu pai já veio para Obelia,com a intenção de Arabela ser a sua noiva. — ela falou e a olhei atônito.

—Como é que é?

—Arabela foi criada por minha madrasta desde pequena para se casar com um príncipe e ser a mãe de uma nação. — ela parou um pouco e suspirou,olhou para o céu coberta de estrelas — Ela é a princesa perfeita.

—Perfeita? Puff — tive que rir — está mais uma menininha mimada que não aceita quando algo não sai como quer. E outra, foi criada muito ruim, pra não ter lido nenhum livro de política, finanças ou gestão.

— Não é comum que consortes ajudam os governantes, em meu país, nós mulheres, mantamos somente a reputação, se nossos maridos fizeram algo de errado,a culpa recai sobre nós.

—Não gosto de seu país, eu hein,covardia.

—Sabe como é, alguém tem leva a culpa, então que seja o vaso mais frágil.

  Ela se levantou, ajeitou o seu vestido e começou a andar pelo caminho que fizemos.

—Por onde está indo? — perguntei me levantando, segurando levemente a sua mão.

—Tenho que ir, estou com problemas.

—Problemas? Eu te acompanho.

—Melhor não. — ela fez um sinal para uma das janelas do jardim e olhei na direção,vendo Arabela olhando pela janela do quarto. Provavelmente estão hospedadas naquele quarto.

—Preciso ir. — ela apressou o passo,sem me dar tempo de me despedir. Marie acabou deixando cair seu lenço, o peguei e o guardei no bolso.

   Suspirei profundamente, e olhei para as estrelas e depois para a fonte. Peguei uma moeda de ouro e joguei na fonte,fiz um desejo.

—Realize meu desejo. — falei e fiquei parado por um tempo.
   Acabei rindo. — o que estou fazendo? Puff.

   

Continua...