Satoru Gojo (não) tem responsabilidade.

47 6 0
                                    


O som estridente da campainha ecoou por todo o apartamento de Satoru, que estava ajudando a pequena Tsumiki a trançar os cabelos. A garota tinha um sorriso no rosto e os olhinhos com sombra rosa, fechados, por não alcançar os pés no chão, balançava os pezinhos para a frente e para trás.

Não negava o quanto estava sendo um desafio ajudar aquela criança a fazer um penteado típico de festa junina, nem sabia como tinha se deixado convencer a levar aquelas crianças para um lugar tão lotado e que exigia tanta responsabilidade dele, mas a pequena Fushiguro queria dançar quadrilha com as outras crianças e quem era Gojo para negar um desejo de qualquer um de seus filhos adotivos?

Definitivamente a parte mais complicada de assumir a paternidade de alguém aos 17, era ter que amadurecer tão cedo e abrir mão de muitas coisas para o bem estar daquelas crianças.

— Tsumiki, coloque o laço na primeira trança enquanto eu vou atender a porta, eu já volto para fazer a segunda — explicou à criança, entregando a mecha de cabelo trançado para ela.

— O Megumi ainda nem se vestiu... — Ela inflou as bochechas, passando o elástico do lanchinho pela ponta dos fios — Como vamos sair com ele todo desarrumado?

— Não vou ficar parecendo um palhaço que nem você, minha condição para ir é me vestir como eu quiser. Se não fico em casa! — o garotinho de 7 anos olhou feio para a irmã.

Megumi era o mais novo e estava deitado no tapete do quarto, várias caixas de giz e estojos o rodeavam, enquanto ele desenhava em um caderno, dois cães, um preto e o outro branco e vários coelhinhos de olhos vermelhos. Gojo achava isso adorável, mas estava exausto. Muito exausto.

Antes que Kaori — sua vizinha — tocasse a campainha do prédio mais uma vez, Gojo murmurou alguns "já vai!" até que destrancasse a porta e a abrisse, não ficando tão surpreso ao ver a mulher de chanel preto, segurando a mão de Choso; o mais velho das três crianças e do seu lado, Yuuji e Ryomen se empurrando, enquanto Yuuji tentava ficar apresentável diante de Satoru, embora sua vontade fosse dar um socão no irmão gêmeo.

Gojo teve uma vontade imensa de se jogar no chão e fingir que é uma minhoca por alguns segundos. Já tinha duas crianças para ficar de olho — não consideraria Yuuta um problema porque o garoto estaria todo tempo em seus braços, era um bebê de meses — e de brinde, porque Kaori quer foder com o marido em paz, ainda teria que lidar com dois pestinhas com dez demônios no corpo. Pelo menos o irmão mais velho estava ali para dar um auxílio, Choso tinha 14 e não dava trabalho algum, assim como Tsumiki não dava.

— Que horas você chega? — meio a contragosto, Gojo perguntou, se encostando no batente da porta com os braços cruzados, encarando a mulher.

— Assim que a festinha acabar, no fim da tarde, eu venho buscar eles — Kaori abriu um sorriso, tentando tranquilizar Satoru de alguma forma — deixei um pouco de dinheiro com Choso e pedi para ele cuidar dos irmãos, então tente relaxar, Satoru. Sei que os gêmeos parecem dar trabalho, mas eles são uns anjinhos.

— É. Com certeza — Revirou os olhos, segurando para não comparar Ryomen com a própria reencarnação do anticristo. Não era só ele que achava isso, o próprio síndico reclamava daquele pestinha e como ele badernava por todo o prédio.

— Não me dê essa cara, Satoru. Se não fosse pela vontade de Yuuji de ir para essa festa, eles ficariam em casa, mas o pequeno Yuuji está tão animado que eu como uma boa mãe, não poderia negar o desejo de uma criança — Kaori pousou a mão sobre os cabelos do filho, acariciando-os.

Yuuji apenas baixou a cabeça e reprimiu os lábios. Gojo sabia muito bem que não era por isso, Kaori claramente estava tentando se livrar dos filhos para fazer outra coisa, com Ryomen em casa, era impossível, como não tinha outra pessoa pra ela alugar, claro que sobraria para Gojo, às vezes se questionava como ela poderia ter tanta confiança em um adolescente de dezessete anos, que ainda estava se adaptando a cuidar de suas próprias crianças.

Arraiá do caos - SatosuguOnde histórias criam vida. Descubra agora