Capítulo 7

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SKYLAR

Era o terceiro round, o cronômetro já estava na metade do tempo, quando o time oposto empatou o placar. Eu estava sentada, observando o número 29 dar o melhor de si. E finalmente entendi o motivo do técnico da Exeter não querer perder Bryan. Ele é um patinador rápido, se movimentando muito bem no gelo, sem grandes problemas, protegendo bem a zona defensiva, sempre em sincronia com o goleiro, deixando que o companheiro visualize o puck com clareza. Além disso, não vi errar nenhum passe. Na zona ofensiva, arriscou alguns chutes ao gol, pancadas bem fortes e não desistiu. White recebeu pontos por assistência nos dois gols feitos. Mas foi quando o time adversário tomou o puck na zona ofensiva e o número 16 furou a marcação deslizando em direção ao gol que tudo ficou mais intenso. O jogo estava bem físico, com muitas penalidades e insultos, e praticamente todos os jogadores já haviam passado um tempo na caixa. White estava no banco, quando o rival arriscou o lance para gol, o goalie da Exeter segurou sem problemas e o jogador não gostou, escorregando em direção ao nosso camisa 1 e parando na sua frente, provavelmente falando algumas besteiras. No mesmo instante Bryan pulou no gelo, patinando em direção a zona defensiva para tomar seu lugar, o número 16 se afastou. O puck foi para a zona ofensiva, mas Carlo acabou perdendo-o antes de finalizar a jogada e em um rápido contra ataque o número 34 rival estava indo em direção ao nosso gol. White patinou até o adversário focado em tirar o puck dele, o encontrão firme entre os dois fez com que o 34 batesse na borda e no mesmo momento empurrou Bryan, gritando algo em sua direção. O juiz apitou, indo em direção aos dois jogadores, que estavam a ponto de brigar, mesmo sendo proibido na liga colegial. Um dos juízes encostou a mão no peito Bryan, empurrando para longe do rival, ele se esticando, gritava algo para o outro jogador, que ainda apoiado no vidro parecia gritar de volta.

Bryan se livrou das mãos do juiz, visivelmente irritado, encarou o telão e viu seu body checking em câmera lenta. Ele desliza pelo gelo de forma inquieta, e assim que indicado pelo juiz seguiu em direção a caixa. Me levantei para poder ver melhor, quando o juiz caminhou até o centro do gelo e sua voz reverberou no ginásio.

"Número 29, cinco minutos por misconduct"

White riu, sem acreditar na penalidade que tomou e gritou algumas coisas para os colegas, em seguida virou para a torcida, agitando os braços. O ginásio explodiu novamente em gritos e me peguei sorrindo. Ele era incontrolável, e olhando para cima sorriu na minha direção. Senti minha bochecha ferver e balancei a cabeça levemente, voltando meu olhar para o jogo. O número 34 do outro time também foi punido com cinco minutos por retaliação. O jogo seguia com 4 contra 4, quando o número 16 do time adversário cometeu um tripping em um de nossos center, fazendo-o cair no gelo. Com a vantagem para Exeter, era o momento perfeito para acabar com o jogo de vez. Eu estava mais perto de acabar em um dos treinos de hockey, quando o camisa 16 deslizava para cumprir sua penalidade.

O time adversário se fechou, conseguiram segurar o 4x4, mas agora estavam com um jogador a menos no gelo. Suspirei frustrada, e voltei meu olhar para White, que parecia estar perdendo a cabeça dentro da caixa. Ele e o camisa 34 trocavam olhares um com o outro, fazendo-me rir.

Faltava apenas um minuto para que Bry saísse da caixa, quando o número 16 cortou o gelo saindo penalty box e disparou para o gol de Exeter. A sirene disparou e o ginásio gritou frustrado. Estávamos perdendo.


BRYAN

Joguei o capacete na parede do vestiário, frustrado e irritado. O time estava em silêncio, cada um provavelmente repassando todos os erros cometidos na partida. A derrota é um sentimento horrível, mas perder para seu maior rival era enfurecedor. O técnico entrou no vestiário, acompanhado de seu assistente.

- Sei que o resultado não foi o esperado, merecemos aquela vitória. - ele suspirou - Infelizmente cometemos erros, e isso nos custou a vitória. Mas, agora isso é passado, temos que manter a cabeça erguida, e focar no próximo jogo. Não temos tempo para chorar e ficarmos frustrados. Temos que olhar em frente, temos três jogos fora de casa e vai ser horrível, não tenho espaço aqui para fracotes. Tomem um banho, vão pra casa e descansem, amanhã quero todos as dez aqui, vamos repassar todos os nossos erros, e aprender com eles. - ele colocou as mãos no moletom. - E Bryan... - levantei meu olhar para o técnico esperando uma bronca. - Foi bom vê-lo defender nosso time, mas sem misconduct novamente! - ele piscou e saiu.

- O técnico está certo. Não temos tempo para chorar, no próximo jogo acabamos com eles, vamos guardar esse sentimento de merda como gás para o jogo de volta em ! - Carlo gritou - Vamos acabar com aqueles idiotas dentro da casa deles! - o time gritou em resposta. - Além disso, temos nosso trator de volta! - Carlo riu olhando na minha direção - Não te via fora de si daquela maneira há algum tempo, o que o 34 falou que te deixou tão transtornado assim? - balancei a cabeça negando.

- Nada que valha a pena repetir! - resmunguei - Só estava tentando entrar na minha mente. - suspirei levantando, me virei para o armário, tirando a jersey e jogando-a no cesto de roupas sujas.

- Seja o que for, ele vai se lembrar de você hoje quando respirar. - Carlo riu. Balancei a cabeça, jogando a toalha no ombro e segui até o chuveiro, tentando não pensar muito no que havia ouvido dentro do gelo.

"Vou mostrar para sua namoradinha patinadora como é um jogador de hockey de verdade."

Balancei a cabeça, entrando embaixo da água quente, meu corpo tomou um choque, relaxando logo em seguida. Carlo parou do meu lado, ligando o chuveiro e fazendo o mesmo. Peguei o shampoo, despejando uma boa quantidade na palma da mão e levei até meu cabelo.

- Ele falou da Skylar, não foi? - Carlo disse tranquilo. - A última vez que te vi tão transtornado daquela forma foi quando falaram da Zoe.

- Ele é um babaca. - respondi, dando de ombros - Além disso, ele seria destroçado por ela se tentasse algo.

- Que merda termos perdido bem quando ela estava na arquibancada. Foi mal cara, devia ter visto o 24 vindo atrás de mim... - Foi quando a memória me atingiu, como um relâmpago acertando o chão. A aposta.

- Meu amigo... - interrompi Carlo- Tenho uma coisa para te informar. - me virei para o capitão, com um sorriso amarelo nos lábios. - Por favor, tente ficar calmo, tá?

Coração de GeloOnde histórias criam vida. Descubra agora