New Life

Você pensa demais.

— O que está acontecendo? – Seonghwa perguntou para um colega, chegando no trabalho.

Estava uma comoção perto da mesa de Seonghwa. Algumas pessoas fingindo trabalhar apenas para não sair de perto e outras nem disfarçando, olhando diretamente para a sala do Yunho.

— Seu chefe está pedindo demissão. — O colega falou para Seonghwa.

— O quê?

— Pois é, nem sabia que herdeiro podia se demitir. Não tenho noção se ele também está se demitindo de ser herdeiro.

Yunho abriu a porta, assustando algumas pessoas que fugiram da sua vista para não ser pegos. Ele estava saindo com uma caixa na mão até ver Seonghwa.

— Oh, Park. Venha até min– até a sala, por favor.

— Senhor Jung, o que está acontecendo?

— Bem, eu pedi demissão. — Disse com um grande sorriso. — Sim, eu cansei do meu pai.

— Desculpa a intromissão, mas... aconteceu alguma coisa?

— Eu cheguei no meu limite. Ele machucou alguém que gosto muito e foi o final para mim. — Ele deu uma pausa. — Minha irmã. Ela está voltando para a China. Quer montar uma carreira lá. Eu... eu ainda não sei o que quero, mas com certeza, não quero mais ficar aqui. Enfim, aqui está. — Yunho entrega uma carta para Seonghwa. — É só uma carta de recomendação para a gerência sobre você e seu trabalho, mas Siyeon já está sabendo também, é sobre sua efetivação na empresa. Espero que você aproveite melhor do que eu por aqui. Você é um ótimo funcionário e com certeza vai muito longe.

— Obrigado. Eu realmente estou muito feliz. E também estou feliz por você seguir o que você gosta, Senhor Jung.

— Sim, estou muito feliz mesmo não sabendo o que fazer da vida agora. — Ele ri de nervoso. — Me ajuda com minhas caixas até meu carro, por favor?

Seonghwa concordou levando as caixas de cima da mesa. Yunho passou por alguns lugares despedindo das pessoas. Siyeon agarrou o pescoço dele chorando e dizendo que ela não vai ter mais outro chato na empresa que ela goste. Yunho levou isso como um elogio. Chegando até o seu carro em frente a empresa, Seonghwa colocou as caixas no porta malas e se despede pela última vez do seu antigo chefe.

— Desculpa a intromissão... — Yunho disse copiando a frase do seu antigo funcionário. — Eu vou te dar um conselho que você pode usar em qualquer setor da sua vida. Não espere que as coisas cheguem até você ou não deixe de arriscar por medo, Seonghwa. Eu sei que é muito clichê, mas a vida é muito curta para você deixar seus desejos e sonhos para depois. Ok?

— Ok, Senh— Yunho.

Yunho sorriu e foi embora acenando para Seonghwa. A caminho de volta para seu setor, Seonghwa pensou no que Yunho disse. Ele sabia como ninguém como é essa ideia de achar que a vida é muito curta. Será que ele tinha que passar por outro susto de novo para começar a viver de verdade?

O elevador parou e talvez, o sinal que Seonghwa precisava entrou. Hongjoong abriu a porta e perdeu as palavras quando viu seu ex. Ele só assentiu e virou de costas, esperando o elevador chegar para ambos.

Seonghwa pensou em criar coragem e falar "Vamos deixar tudo para trás e começar de novo?" ou "Ok, quero te beijar agora". Mas antes de falar algo, o elevador chegou e Hongjoong saiu. Seonghwa saiu logo após se martirizando por ser tão lento. "O que realmente você quer para si, Seonghwa?" pensou.

— ★ —

Pode ser mais uma obra do destino ou apenas horários de emprego, mas Seonghwa encontrou Hongjoong no elevador na hora de ir embora. Eles acenaram um para o outro e Seonghwa, que passou a tarde toda refletindo em como começar essa conversa, criou coragem para falar, mas Hongjoong chegou antes.

— Queria te avisar que não vão renovar meu contrato.

— O quê? Por quê?

— Bem, eu falei para Siyeon que queria tentar outras coisas. Gosto daqui e é um emprego interessante, mas acho que algumas coisas me chamavam mais atenção que a vaga em si. — Hongjoong queria dizer abertamente que Seonghwa era o motivo de acordar de manhã e chegar nessa empresa, mas se segurou. — Então depois que acabarem os dias de contrato eu vou procurar outras vagas.

— Mas eu...

Hongjoong olhou para Seonghwa esperando ele terminar a frase, mas o elevador chegou no térreo antes. Ele ainda esperou mais de Seonghwa, mas ele não continuou, então ele se despediu e saiu do elevador. Seonghwa só conseguiu se mexer para sair do elevador. Apenas observou Hongjoong ir à frente do prédio, esperando algo ou alguém o buscar, talvez porque chovia muito. Ele olhou uma última vez para trás para Seonghwa e atendeu seu celular, correndo em direção a um carro.

— Ah, foda-se! — Seonghwa gritou, largando sua mochila no chão e indo atrás de Hongjoong. — Hongjoong!

Seonghwa gritou na rua, se molhando da chuva forte que caía enquanto Hongjoong estava observando de dentro do carro de Wooyoung. Ele abaixou a janela incrédulo da cena que estava assistindo enquanto Wooyoung ria.

— Seonghwa... o que você está fazendo? Entra nessa empresa, você vai ficar doente.

— Não, eu não vou sair daqui enquanto você não vim aqui falar comigo.

— Por tudo que é mais sagrado, é só entrar na empresa e me ligar que eu voltava para falar com você. — Seonghwa odiava perceber que Hongjoong estava certo mesmo e que criou uma cena dramática desnecessária. Wooyoung falava para o amigo que era muito sexy ele ir atrás dele assim.

Hongjoong pegou um guarda-chuva no porta-malas e foi em direção de Seonghwa, enquanto Wooyoung assistia tudo de camarote com comentários e fotos para Yeosang mais tarde. Hongjoong abriu o guarda-chuva em cima dos dois, ficando com seu rosto próximo de Seonghwa.

— Você é maluco. As pessoas estão olhando um louco gritando e parecendo um pinto molhado abandonado no meio da rua. O que você quer? — Ele era ríspido pela preocupação de ver Seonghwa na chuva, podendo ficar doente ou voltar para a casa nessas condições.

— Eu... eu...

— Você não fez tudo isso para ficar gaguejando, né?

— É que... — Seonghwa tentava limpar seu rosto da água, ao qual movimento foi em vão porque tudo nele estava muito molhado. — Eu sei que nesse momento você deve estar me odiando. Lógico, eu também estaria no seu lugar. Eu sou um idiota, um imbecil que não sabe lidar com nada nessa vida além de trabalho. Às vezes nem isso. Eu não sei me relacionar com as pessoas e quando você apareceu na minha vida e retribuindo o que eu sentia por você, eu me perdi. Eu não achei que era possível, eu não estava preparado para isso, eu não soube lidar. Eu desistir de tentar antes mesmo de dar certo ou não, porque eu sou um bobo. Eu tive medo, muito medo de te perder ao mesmo tempo que afastei você. Não faz sentido nenhum, mas eu não faço muito sentido pelo jeito. Eu só... eu só quero dizer que eu quero muito você, Hongjoong. E tudo bem você não me querer, eu entendo, eu demorei demais para fazer esse movimento, mas eu vi o Yunho saindo hoje e fiquei pensando, ah não é tarde para as coisas, certo? Mas talvez seja, talvez você já tenha cansado de mim e eu sou um idiota mesmo, desculpa eu vou deixar você ir, eu não devia-

— Meu deus, cala a boca, Seonghwa. Você pensa demais.

Hongjoong derrubou o guarda-chuva e puxou Seonghwa pela cintura, beijando-o. Seonghwa amoleceu nos braços de Hongjoong, surpreso com o beijo e não mexeu os braços durante alguns segundos em que se beijavam até Hongjoong o empurrar para uma parede e Seonghwa colocar as mãos nos seus cabelos, intensificando o beijo. Naquele momento eles esqueceram da chuva que cobria o beijo dos dois, molhando seus cabelos e roupas. Eles pararam o beijo, olhando um nos olhos do outro, sorrindo. Hongjoong depositou mais alguns beijos curtos nos lábios de Seonghwa que se prolongavam e Wooyoung batia palmas e gritava da janela do carro, criando mais atenção para o beijo dos dois.

— Nunca mais me mande calar a boca. — Seonghwa afastava seus cabelos molhados do rosto, ainda nos braços de Hongjoong. — A menos que me cale com um beijo.

— Ok, prometo. — Hongjoong mordeu de leve o lábio inferior do Seonghwa querendo mais um beijo, mas precisavam sair daquela chuva.

— Se os bonitos estão pensando em entrar molhados desse jeito no MEU carro, estão muito enganados. — Wooyoung gritou da janela que não adiantou porque antes de dar a partida, ambos entraram no banco de trás, rindo.