Capítulo 04 - Por Trás de Sua Mente

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Ao fim da tarde, Davina terminava seus afazeres do âmbito do trabalho, hoje não se era necessário fazer hora Extra.
Após organizar todos os papéis em seu devido lugar ela se retira de sua sala, enquanto andava sua silhueta era charmosa, mesmo que seu rosto estivesse cansado.

— Como foram as coisas hoje, cansativas? — Kátia que também já estava indo embora, perguntou ao encontrar Davina no corredor.

— Como de costume.— Davina só queria andar o mais rápido possível, pegar seu carro e ir embora, então tentava não manter uma conversa muito longa com Kátia.

— Eu e as meninas do Rh vamos a um rodízio de sushis daqui a pouco, deseja ir conosco? É bom para dar uma sacudida no ânimo depois de um dia tão cansativo.

— Muito obrigada, mas hoje não.— Davina dispensou o convite e se apressou mais ainda.—  Até amanhã Kátia, e que tenha uma boa ida no rodízio de sushi.

Kátia em seus passos lentos viu Davina ir embora como se fosse um guepardo prestes a sair para uma caça, passos rápidos e elegantes, postura firme e relaxada, cabelos negros longos e esvoaçantes.

— Vadia!— Kátia xinga consigo mesma.

A postura indiferente de Davina a irritava muito, ela não chegava a sentir ódio, mas uma irritação terrível principalmente quando era ignorada ou tratada com superficialidade.

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O trânsito em horário de pico é horrível, suportar isso após um longo e cansativo dia de trabalho parecia Karma, cada semáforo em vermelho parecia levar uma eternidade para tornar-se verde novamente, é um verdadeiro teste de paciência moderno que foi implantado na sociedade ao longo dos anos.

Ela deveria chegar na casa de seus pais logo, pegar suas coisas e voltar para sua casa, a dedetização já havia sido feita com sucesso.

Pensou bem na conversa que teve com a sua mãe mais cedo e resolveu que irá falar com o seu irmão para entender melhor o que se passa com ele.
Não via normalidade num jovem de 20 anos querer ficar trancado no quarto o tempo todo jogando, sem ao menos almejar sua independência financeira ou começar algum estudo.

Ou talvez, sim fosse algo da personalidade dele...

Davina desde muito nova sempre foi uma jovem esforçada e independente, então não entendia pessoas que não eram assim.

Cada pessoa tem sua individualidade, não é tão simples entender de maneira completa cada ser humano, mas hoje ela buscaria ao máximo tentar entender o irmão mais novo.

Chegando am casa, seu irmão estava trancado no quarto como de costume, ela bate na porta e espera ele abrir.
Há uma demora pra ele abrir a porta, então ela bate novamente.

— Mãe, eu já disse pra me deixar em paz! — Leo abre a porta, pensando ser sua mãe do outro lado da porta.

Ele se assusta e quase pula pra trás ao ver Davina na sua frente, sua irmã não era de invadir o espaço pessoal dos outros, porque estava lá? Algo grave havia acontecido? Já faziam uns três meses que não via o rosto da irmã, mesmo com ela tendo passado alguns dias na mesma casa.

— Podemos ter um diálogo bem rápido?— Davina pergunta, já entrando no seu quarto. — Vamos conversar no seu habitat natural para que se sinta mais confortável.

Tinham várias latas de energéticos espalhadas pelo chão, a colcha de cama estava completamente desarrumada, algumas roupas também jogadas pelo chão ou por cima da cadeira, o pc estava ligado...
... A luz vinda do pc era a única luz emitida naquele quarto, era de fato uma situação lamentável.

— Você gosta de viver assim?

— Veio aqui só pra encher minha paciência, igual os nossos pais fazem?— O garoto lhe da uma resposta.

— Foi uma pergunta qualquer, não tem porque ficar chateado.

— Eu gosto de ficar no meu quarto assim, sozinho e jogando, se eu não gostasse eu não estaria aqui, não é?

— E essa ignorância toda hein?? Vamos conversar civilizadamente. — Davina tenta se manter receptiva mesmo que sua vontade fosse dar uma bronca nesse moleque. — Tem algum motivo especial em gostar dessa solidão?

_ Assim, eu não preciso falar com ninguém, e ninguém...—Leo não termina a frase.

— Ninguém o que?

— Ninguém vai me magoar novamente.

— Alguém te magoou?— Davina estava ainda mais interessada na conversa agora.

— Após o ensino médio, o nome dela era Martinna.

— Martinna, você namorava essa garota um tempo atrás não era? Eu ouvi falar dela, apesar de nunca ter conhecido pessoalmente, vocês pareciam bem juntos.

— Foi após o ensino médio que eu comecei a namorar com ela, tinha conhecido ela curso de inglês. — O garoto se propõe a falar. — Eu era um cara de várias amizades, saia todo final de semana e outra coisa que eu amava era o processo de criar meus próprios hqs e evoluir no que eu gostava... Quando conheci Martinna, ela se incomodava com o fato de eu ter um ciclo de amizade totalmente abrangente, então eu passei a sair menos e quando saia sempre era com ela, eu amava ela de verdade... Deixei o meu projeto de lado, pois ela dizia que não me daria futuro, não afrontei ela, só fiz o que ela pediu... Tudo estava indo bem, até um dia ela sem mais nem menos e sem motivo aparente chegar e dizer "já deu o que tinha que dar entre nós, vamos.seguir caminhos separados, preciso terminar com você" no momento eu quis dar uma de durão e fingi não me importar com a situação, fui embora sem ao menos dar tchau, mas meu coração estava totalmente destruído por dentro... Naquele momento eu não tinha mais ela, não tinha mais contato com meus antigos amigos e não tinha mais o meus projetos de hqs...

— Hahhajajjahaj —  a reação de Davina foi inesperada, ela deu uma risada muito sincera. — Você vai ficar se remoendo o resto da vida por que essa mulher te largou, ela não te amava de verdade.

— Davina você realmente riu da minha situação? — Leo estava incrédulo.

— Leo, me escuta... Eu sou sua irmã eu com certeza tenho um carinho maior do que essa garota tinha por você, então escute as coisas que eu tenho a dizer.

— Não vem dar uma de coach não.

— Se ela saiu do seu caminho, significa que era o momento de você prosperar, quem tem azar no amor tem sorte nos negócios. Se tivesse continuado seu hq e lançado, com certeza estaria numa situação bem diferente, você estaria mais realizado.

— .... — Leo escutava com atenção.

— Pense no tanto de oportunidade de melhora que você perdeu estando isolado nesse quarto, e também quantas pessoas essenciais pra sua vida você deixou de conhecer por simplesmente decidir não tentar mais.

— Falar é fácil...

— Também já sofri a dor de um término na pele, mas eu sempre acreditei que se saiu da minha vida, foi livramento divino.

— Mesmo que eu tentasse, já estou tão perdido que nem sei por onde começar...

— Só de se levantar da frente do pc e traçar planos de qual será seu próximo passo, fará uma diferença enorme. — Davina continua. — Talvez não saiba mas há três meses foi inaugurada uma biblioteca de mangás e manhwas aqui perto.

— Eu não sabia, é sério...!?— Leo pareceu mais intusiasmado.

— Passa lá qualquer dia desses, se quiser que eu vá junto, eu não terei problemas.— Davina continua. — De qualquer forma, era só isso que eu queria falar com você, até mais.

— Até...— Leo ficou sozinho novamente no quarto e começou a refletir sobre toda a conversa que acabou de ter. — Realmente.... Talvez seja o momento de eu agir!

A Estagiária Bonitinha (Yuri, GL)Onde histórias criam vida. Descubra agora