Por que logo você?

〰️ Capitulo 3 〰️

Pov's Vincenzo Cassano~

Sabe o que dizem sobre a máfia? Que eles são pessoas horríveis, dispostas a matar todos que entram em seu caminho ou que interferem em seus negócios. Mas sabe o que a máfia é de verdade? Muito, muito pior que isso. Eu posso dizer isso com muita virtude e convicção, sendo consigliere da máfia italiana, aprendi muito disso ao longo dos anos.

O hotel em que eu estava hospedado era de longe um dos melhores hotéis próximos ao aeroporto. Mas nada disso importava, em algumas horas eu estaria na Coreia para tratar de assuntos pendentes. Que assuntos? Uma grande quantia de ouro enterrada debaixo de um prédio onde eu mesmo ajudei a esconder. Meus obstáculos? Não sei, talvez os inquilinos do prédio e problemas com a empresa que deseja compra-lo , nada que eu não resolva com um toque simples da minha conversa.

O voo foi rápido, a primeira classe faz tudo parecer mais fácil. A comida estava boa, mas nada que eu pudesse apreciar como delicioso. Dava para sentir o avião pousando, o que indicava que eu já havia chegado ao meu destino e que isso tudo acabaria em breve. Eu não sou fã da Coreia, apesar de ter nascido aqui, fui adotado quando tinha oito anos e fui morar na Itália. Mas agora que estou de volta, consegui entender por que eu nunca havia voltado, eu odiava este lugar.

Acabei de descer do avião e logo vi de canto de olho um homem familiar. Não demorei muito para pegar minha mala e me aproximar.

- Sr. Choi, como vai? - Eu disse me aproximando e o cumprimentando. O homem mais velho de cabelos negros e óculos sorriu ao me ver se virando em minha direção.

- Vincenzo, estou ótimo. Vejo que também está muito bem, agora que está aqui podemos tratar dos assuntos - Ele disse devolvendo o cumprimento e abrindo a porta de um carro preto.

Eu o encarei por alguns segundos e entrei no carro em silêncio, enquanto ele guardava a minha mala. Não demorou muito para ele estar dentro do carro dirigindo para o nosso destino.

- Estou realmente curioso, Sr. Choi, por que me ligou com urgência? É sobre o ouro? - Eu o questionei sem tirar os olhos das ruas da Coreia.

- Sim, é sobre o ouro. Eu.. - ele fez uma pausa dramática - Eu estou precisando da minha parte do ouro agora.

- Se era sobre dinheiro, por que não me disse? Creio que demoraremos um pouco até conseguirmos tirar de lá devido aos inquilinos. De quanto precisa? - Eu questionei abrindo a minha carteira, sabendo que dinheiro físico não seria suficiente, então pensei em usar o cartão.

- 30 bilhões de ienes - Ele disse preocupado.

- O quê!? - O grito que eu dei foi suficiente para ele frear o carro de uma vez.

- Quer dizer - Eu tossi para limpar a garganta - Tudo bem então, podemos falar com o senhor Hong Yu Chan e ver o que podemos fazer.

- Esse é o problema, o senhor Hong morreu há alguns dias. A responsável por seu nome agora é a filha dele, Hong Cha Young - Ele engoliu seco após suas falas e eu senti que teríamos um problema com essa tal de Cha Young.

- Hong Cha Young.. Eu gostaria de tentar falar com ela - Eu o encarei e vi ele dar uma risada nasal, como se estivesse zombando.

- Não, você não entendeu, Hong Cha Young é difícil de lidar, e devido a morte recente de seu pai acho que vai ser mais difícil ainda lidar com seu temperamento.

- Conhece ela? - Questionei voltando a olhar para rua através da janela.

- Conheci o Sr. Hong Yu Chan quando comprei o prédio, e digamos que eu presenciava algumas vezes em que Cha Young e ele brigavam - Ele disse batendo a mão no volante.

- Certo então, precisamos conhecer-la melhor então - Eu respondi pegando meu celular.

- Temos que ser estratégicos - continuei, digitando rapidamente no meu celular. - Vou tentar marcar uma reunião com ela, mas temos que estar preparados para qualquer coisa.

- Concordo. Ela pode ser teimosa, mas também é esperta. Precisamos de um plano sólido - disse Sr. Choi, retomando a direção.

Enquanto ele dirigia, comecei a pesquisar sobre Hong Cha Young. As informações disponíveis online mostravam que ela tinha uma reputação formidável como advogada. Isso significava que não seria fácil convencê-la a abrir mão do prédio ou facilitar nosso acesso ao ouro.

- Ela é advogada, Sr. Choi. Isso complica as coisas, mas também pode ser uma vantagem. Advogados gostam de acordos - comentei, tentando encontrar um ponto de vantagem.

- Sim, mas o ouro está bem guardado e qualquer movimento em falso pode alertar os inquilinos ou as autoridades - ele respondeu, preocupado.

- Precisamos de um motivo convincente para ela nos ouvir. Talvez tenhamos que oferecer algo que ela não possa recusar - pensei em voz alta.

- E o que poderia ser isso? - perguntou Choi, levantando uma sobrancelha.

- Vamos descobrir - respondi, já tramando um plano. - Enquanto isso, vamos nos concentrar nos detalhes do ouro e em como podemos acessá-lo sem levantar suspeitas.

À medida que nos aproximávamos do centro de Seul, o trânsito começava a engarrafar. Era um lembrete de que estávamos num território onde precisávamos nos mover com cuidado. Esta não seria uma tarefa simples, mas eu sempre gostei de desafios. Afinal, é para isso que um consigliere vive: resolver problemas que parecem impossíveis.

O carro de repente parou diante a um prédio simples, velho e sujo. Qualquer um que olhasse de longe saberia que o prédio está em péssimas condições tanto por dentro tanto por fora. Não vejo motivo pra ela não querer negociar com esse prédio velho. Pensei com expectativas.

Sr. Choi me guiou pelo prédio apresentando alguns lugares em que passávamos e ao subirmos as escadas ele nos direcionou ao final do corredor, onde possuía uma porta velha e suja entreberta para os lados, Sr. Choi foi entrando analisando o local e assim que eu o segui acompanhando seus passos, ouvi uma voz ao fundo da sala.

- Sr. Nam, já trouxe oque eu te pedi? O senhor foi rápi- Uma mulher de cabelos castanhos e lisos, vestindo uma roupa casual se levantou de baixo da mesa, ela primeiro encarou o Sr. Choi, e depois seu olhar se direcionou a mim.

- Sr. Choi, é um prazer ve-lo - Ela sorriu para ele e desmanchou o sorriso ao olhar para mim de novo - E quem é você?

- Vincenzo Cassano - Eu a respondi.

- Vinchenzo Quassano? - Ela questionou e eu a encarei indignado pela pronúncia errada.

Essa mulher vai ser o meu problema nesse prédio.